A Revolução Eólica (15) – MAPA DOS VENTOS FOI PONTO DE PARTIDA 5w3xp

O Atlas Eólico do Rio Grande do Sul, produzido entre os anos de 2000 e 2002, mostra que os ventos sobre o Estado são suficientes para ajudar a suprir a demanda energética regional. Ao longo dos 630 km de extensão do litoral gaúcho, demarcado um “corredor” com 986 km2 com ventos intensos. Há condições favoráveis também nos Campos de Cima da Serra, na Fronteira Sudoeste e os municípios de Giruá, Santo Ângelo e Santa Rosa. O grupo espanhol Fortuny, que adquiriu os projetos da Gamesa no Estado, projeta investimentos nos municípios de Jaguarão, Santana do Livramento e Piratini. Os parques eólicos de Osório, no Litoral Norte, já têm licença prévia da Fepam para a instalação de mais 75 aerogeradores, o que vai duplicar sua capacidade de produção. É o maior conjunto da América Latina – desde janeiro de 2007 em operação comercial, é o único projeto de energia eólica em funcionamento no Rio Grande do Sul, segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Subdividido em três parques – Osório, Sangradouro e Índios –, com um total de 75 aerogeradores, e 150 MW de potência instalada, o empreendimento é capaz de produzir 425 milhões de kWh por ano de energia – o suficiente para abastecer anualmente o consumo residencial de cerca de 650 mil pessoas de um município como Porto Alegre. O projeto foi realizado no âmbito do Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia do Governo Federal – Proinfa, e foram investidos no projeto R$ 665 milhões, dos quais R$ 465 milhões financiados pelo BNDES e um consórcio de bancos. O contrato com a Eletobras é de 20 anos para que a Ventos do Sul Energia forneça os 150 MWh à CEEE, recebendo R$ 231 por MW/h. A Ventos do Sul é constituída pelos espanhóis da Elecnor/Enerfin Enervento e os alemães da Enercon/Wobben Windpower, e tem como presidente Telmo Magadan, sócio-proprietário da CIP Brasil, empresa gaúcha que participou da fundação do parque de Osório. A Enerfin inscreveu 392MW no leilão de energia eólica, entretanto teve comercializados 96MW. l4w1c

Geração de energia elétrica no RS – (MW/%) 6u6rt

Hidrelétrica – 74,9
Carvão mineral – 10,5
Gás natural – 13,0
Óleo – 0,0
Energia eólica – 0,4
Outras fontes – 1,6
 
Fonte: Atlas Eólico Brasileiro, produzido pelo Centro de Pesquisas da Energia Elétrica (CEPEL), da Eletrobras.

A Revolução Eólica (14)– FAMÍLIA D’ÁVILA VÊ VANTAGENS 605z1l

Por Cleber Dioni Tentardini
O casal João Alberto D’Ávila Fernandes e Leda Fernandes de Fernandes nunca imaginou que um dia participaria de um projeto de geração de energia, muito menos que teria suas terras ocupadas por imensas turbinas. Mas os tempos são outros, como diz seu João. O casal está muito feliz.
Dono do estabelecimento pecuário Minuano, na região do Cerro Chato, seu João está entre os 19 proprietários rurais que terão aerogeradores em suas terras, duas dentre as 15 programadas para a Fase 3, a primeira que começará a funcionar. Dona Leda confessa que estava temerosa pelos danos que as obras iriam causar, mas agora se diz bem mais tranquila. “Há muitas vantagens em ter as torres, acho até que deveriam colocar mais porque a área utilizada é muito grande”, argumenta a professora aposentada.
A família D’Ávila possui campos no Cerro Chato desde o século 19. Seu João é parente do João Carlos D’Ávila Paixão Côrtes – seu avô era irmão do avô do folclorista santanense – e tataraneto do general farroupilha David Canabarro.
Atividade de longo prazo
Ele conta que ouviu falar na energia eólica quando começaram a realizar as primeiras medições de vento na região da Campanha. “Mas nunca dei bola, aí me convidaram para participar do projeto no Cerro Chato. Conversamos sobre as vantagens e desvantagens e aceitei”, explica o pecuarista. Segundo ele, a pecuária virou uma atividade de resistência, um esporte para os pequenos proprietários porque a renda é mínima e a longo prazo, sendo preciso um investimento muito grande. “Além de contar com filhos trabalhando lá fora para poder sobreviver, é preciso diversificar a atividade pecuária e agregar outras”, ensina.
Inicialmente o casal teria três torres nos seus campos mas no traçado final ficou só com duas. O pecuarista diz que foi questão de sorte porque teve gente que queria ter as torres e ficou sem nenhuma, e outros se recusaram a participar do projeto.

Família D'Ávila | Cleber Dioni Tentardini
Família D’Ávila | Cleber Dioni Tentardini

Água e terra fértil
Uma das vantagens apontadas pelo ruralista é que em troca da brita retirada das jazidas para cobrir as estradas, estão colocando no lugar uma terra preta que, segundo o casal, é muito fértil. “Eles tiram o cascalho, que é permeável, para colocar nas estradas, fácil de secar depois das chuvas, e devolvem essa terra que não serve para eles”, explica. Outra vantagem é que estão abrindo açudes. “O que é muito bom para nossos animais porque a seca está danada. Com os anos, as águas estão sumindo, as vertentes estão secando”, ressalta. O que mantém o comércio pecuário da família D’Ávila é um arroio de pedra com vertentes.
A água proveniente do Aquífero Guarani está a 70 metros no seu campo. Seu João ressalta ainda que haverá seguranças circulando pelos campos para cuidar dos geradores, o que vai coibir o abigeato. “Agora, espero que esse investimento tire o nosso município da miséria porque tinha tudo, empresas, frigorífico, cooperativas, uma delas abatia ao dia 2,5 mil reses, e agora não tem mais nada. Inclusive mão de obra qualificada, no campo e na cidade, o último censo registrou 20 mil pessoas a menos em Livramento”, completa.

A Revolução Eólica (13): ELETROSUL PENSA EM PROJETO NO URUGUAI 2f3j4b

Por Cleber Dioni Tentardini
O presidente da Eletrosul, Eurídes Mescolotto, em sua visita à usina eólica do Cerro Chato, falou dos entendimentos para interligação com o Uruguai, cuja fronteira fica a poucos quilômetros do local.
“Já temos engenheiros lá, conversando com o pessoal da empresa de energia elétrica deles, e podemos desenvolver uma parceria, inclusive, não descartamos um futuro parque eólico no Uruguai porque eles também têm uma capacidade imensa de geração de energia nesta mesma região”, ressaltou.
Segundo o presidente, se a Eletrosul conseguir colocar os parques previstos, vai produzir em energia eólica o equivalente a uma nova usina de Itaipu.
O diretor comercial da Wobben, Eduardo Leonetti Lopes, destacou o crescimento da empresa após o leilão realizado pelo governo em dezembro de 2009 e a expectativa de viabilizar novos projetos.
“Temos mais de um gigawatt já contratados para instalar até 2013, e esperamos participar de novas concorrências  tendo como parceira a Eletrosul, que tem grandes chances de participar do próximo leilão, e outras empresas”, disse.
Entre as autoridades locais presentes, o prefeito de Livramento, Wainer Machado, a deputada federal Emília Fernandes (PT), e vereadores.
Também visitaram as obras o prefeito de Campos Borges, Daniel Vicente Morgan, e proprietários de terras do município, onde a Companhia Estadual de Energia Elétrica (CEEE) estuda implantar um parque eólico. “Viemos conhecer o projeto em funcionamento”, disse Morgan.

A Revolução Eólica (12) – Paixão Côrtes volta às origens u2i4

Sob um sol escaldante, mas rigorosamente pilchado, João Carlos D’Ávila Paixão Côrtes circulou pelas obras da primeira usina eólica do pampa rio-grandense, na região do Cerro Chato, em Santana do Livramento.
Rodeado por familiares e amigos, o folclorista se emocionou ao falar da localidade onde viveu sua infância.
“O Rincão dos D’Ávila estava aqui antes mesmo da chegada da imagem de Nossa Senhora do Livramento, portanto é um orgulho imenso poder voltar à minha terra e de meus ancestrais num momento de revitalização da cidade e espero que o zumbido do minuano, que é nosso, traga desenvolvimento e conforto social para toda a fronteira”, declarou.
A visita ocorreu nesta quarta-feira, 19. Paixão era o convidado especial dos diretores da Eletrosul e da Wobben Windpower, sócias no empreendimento energético.
O presidente da estatal, Eurídes Mescolotto, pela primeira vez no município, destacou os benefícios que o complexo eólico trará para a cidade e seus moradores.
“Além do aspecto econômico para o município, este empreendimento da Eletrosul vai gerar um turismo muito forte, porque isso aconteceu em todos os lugares onde foram implantados os parques eólicos”, afirmou.

A Revolução Eólica (11) – “É PRECISO FIXAR O PESSOAL NO CAMPO” 31325m

Por Cleber Dioni Tentardini
Engenheiro eletricista com mais de 30 anos de experiência, o portoalegrense Luiz Antônio Zank já havia trabalhado na Eletrosul entre os anos de 1977 e 1988 e até o início de 2011 atuava na Areva, uma fabricante de aerogeradores, quando recebeu o convite para assumir o comando da empresa responsável pelas obras do complexo eólico Cerro Chato.
Hoje, divide seu tempo entre Santana do Livramento e Florianópolis, onde está a matriz da Eletrosul, e Porto Alegre, onde vive com sua família.
Aos 59 anos, diz que aceitou o desafio de tocar o projeto por envolver um assunto que sempre lhe interessou e por levar desenvolvimento à região. “Eu sempre acreditei que a energia eólica era uma fonte interessante para somar e suprir a rede nos momentos de seca e de grande demandas de energia, além disso, um projeto desses gera trabalho à população. Isso é uma coisa que me dispus a fazer pelo Estado, que é fixar o pessoal no campo, neste caso, no Interior. É uma das maneiras de resolver os problemas sociais que temos hoje, principalmente, nas grandes cidades”, analisa.
Quanto às ações sociais, a Eólica Cerro Chato acertou diversos convênios com a Prefeitura Municipal, como a promoção de cursos em diferentes áreas e o fornecimento de mudas de árvores e lixeiras para a cidade. “Em troca, a Prefeitura permitiu que extraíssemos argila de uma jazida do município”, completa.
Dificuldades na Campanha
Frio ou calor intensos, distância dos recursos da cidade e, para piorar, falta de infra-estrutura e mão de obra qualificada.
“É bem diferente trabalhar nessa região da Campanha, diz o engenheiro. A questão do solo, por exemplo. Eu dizia que teríamos que construir as torres em locais onde não havia banhado mas me diziam que tinham alagadiços por toda parte e eu custava a entender isso”, conta.
“No contexto estadual, essa região do pampa ficou bastante abandonada, muita gente qualificada que eu conheço saiu. Fora isso, falta estrutura, se precisar guincho grande, tem que trazer de outro município. A atividade foi muito concentrada na pecuária e alguma agricultura. Lá fora, falta energia, água, tivemos que abrir poços de 150 metros para alcançar o aquífero”, lembra.
A meta da empresa entrar em operação completa em setembro de 2011, ao invés de junho de 2012, como está no contrato. “Há os empecilhos técnicos, alguns burocráticos, de documentações, mas temos de cumprir as regras de mercado para conseguirmos entrar no sistema”, ressalta.

A Revolução Eólica (10) – ENERGIA VAI RENDER ROYALTIES A RURALISTAS 5n5x60

Por Cleber Dioni Tentardini
Os campos onde estão sendo instalados os cataventos, a subestação de energia e as linhas de transmissão somam cinco mil hectares e são utilizados principalmente para a atividade pecuária. Apenas uma das 27 propriedades atingidas pelas obras da Usina Eólica Cerro Chato cultiva arroz.
São 19 proprietários rurais que receberão royalties sob o que será produzido por cada torre instalada em suas terras. A maioria terá entre um e três aerogeradores, com exceção de dois ruralistas, que terão até dez torres.
Os royalties vão representar 1% da energia gerada, conforme foi acertado com a Eólica Cerro Chato. O diretor da empresa, Luiz Zank, calcula que o rendimento gire em torno de 700 reais por catavento. Esse valor representa quase a metade do que rende cada gerador no complexo eólico de Osório.
“O valor ficará abaixo porque lá existia o Proinfa, um programa de incentivo ao uso de fontes alternativas, que garantiu o valor do megawatt-hora mais alto, 280 reais em média e, consequentemente, uma remuneração mais alta aos proprietários daquelas terras. Aqui na Cerro Chato o valor do MW foi vendido a 131 reais”, explica o diretor.
Mas nessa região da fronteira, onde o vento sopra de todos os lados, pode ser que os cataventos girem muito mais do que se imagina. Há pelo menos três rotas de ventos na região: o Minuano, o Aragano e do Norte. Isso explica a disposição desordenada dos aerogeradores no Cerro Chato.
Negociação complicada
Luiz Zank assumiu a diretoria técnica da Eólica Cerro Chato no dia 9 de março do ano ado e uma das tarefas era negociar com os proprietários rurais os royalties e outras indenizações decorrentes de obras.
Tarefa complicada, segundo ele. “Eu já conhecia um pouco a cultura do pessoal daqui, descendentes dos defensores da fronteira, e tenho muitos amigos da região do pampa, então eu sabia que teria de istrar alguns possíveis conflitos.”
Zank conta que, além do valor das indenizações, uma dúvida recorrente dos ruralistas eram os prejuízos que as obras iriam causar em suas terras. “Explicamos que o maior impacto nos campos seria a abertura das estradas, que envolve a retirada de grande volume de terra, o local onde despejá-lo e a colocação de balastro para que as vias não virassem um lodaçal”, explica. Para compensar outros impactos ambientais, foram negociadas contrapartidas como a construção de açudes para garantir água aos animais e a reposição de terra fértil no lugar das pedras.
Ao mesmo tempo em que os engenheiros acertavam os locais mais apropriados para colocação dos aerogeradores e das linhas de transmissão, também se reuniam com os pecuaristas. Qualquer mudança de posição dos equipamentos, dentro ou em outras propriedades, novos encontros eram feitos. “Depois de tudo pronto, era só torcer para ventar cada vez mais, mas, mesmo assim, alguns não quiseram participar do projeto”, lamenta.

A Revolução Eólica (9) – CONCRETADAS PRIMEIRAS BASES DA USINA q4f26

As primeiras bases dos aerogeradores que irão formar a Usina Eólica Cerro Chato, já estão concluídas. As obras das fundações iniciaram em dezembro e até o momento foram concretadas três bases, de um total de 45, que formam os três parques da usina.
Será realizada uma visita técnica ao empreendimento na quarta-feira, 19 de janeiro, com a presença de diretores das empresas Eletrosul e Wobben, autoridades locais, imprensa e do folclorista gaúcho Paixão Côrtes, nascido em Cerro Chato.
Esta é a primeira usina eólica da Eletrosul, cuja concessão foi conquistada em leilão da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em dezembro de 2009. Os trabalhos iniciaram pelo parque III – o primeiro a ser construído – sendo que em cada base foram utilizadas cerca de 50 toneladas de ferro para a armadura e lançados 50m metros cúbicos de concreto.
De acordo com o engenheiro da Eletrosul, Franklim Fabrício Lago, coordenador da implantação do complexo eólico, a previsão é de até o final do mês de janeiro outras cinco bases estejam concluídas. Finalizada esta etapa iniciam os trabalhos de montagem dos aerogeradores, prevista para fevereiro de 2011. As primeiras torres e alguns equipamentos chegam ao município ainda neste mês de janeiro.
O transporte dos equipamentos está demandando um planejamento de logística apurado, pois os equipamentos virão da Alemanha, de Sorocaba (SP) e Gravataí.

A Revolução Eólica (7): PROJETOS TIVERAM APOIO DO BNDES 626z4o

A região Nordeste foi a grande vencedora do primeiro leilão de energia eólica realizado no Brasil, com 66 projetos aprovados. Entre as vantagens dos projetos concorrentes dos estados nordestinos é que a maioria conta com financiamentos do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
O Rio Grande do Norte foi o primeiro colocado, com 23 novos empreendimentos eólicos, num total estimado de 657MW de potência instalada. Os empreendedores vencedores no RN foram Petrobras, Dobrevê Energia (Grupo Mawee), Consórcio Brasil dos Ventos (Furnas, Eletronorte, Bioenergy e JMalucceli), FL (Santa Clara) e Gestamp (na Serra de Santana).
O Ceará aparece em segundo lugar com 542,7MW, a Bahia possui 390MW e Sergipe tem outros 30MW. No Sul, somente o Rio Grande do Sul venceu, com 186MW.
O leilão negociou 753 MW médios de 71 empreendimentos, ao preço médio de R$ 148,39/MWh.. Esses projetos representam uma capacidade instalada de 1.805,7 MW (ou 783 MW médios de garantia física), localizados entre os estados da Bahia, Rio Grande do Norte, Ceará, Rio Grande do Sul e Sergipe.
Esse volume é o triplo do montante de energia eólica em operação no País hoje, que soma 602 MW de potência. Entre as empresas que venderam energia estão a Petrobras, a FL Energia (com sete usinas), a Renova Energia. A estimativa do governo é de que os investimentos nos projetos somam R$ 9,4 bilhões.
Uma alternativa para compensar a baixa competitividade das empresas de energia eólica do RS seria realizar leilões regionalizados. Outra, seria melhorar as condições de financiamento dos projetos já aprovadas, da empresa Ventos do Sul e da Eletrosul.

Estado Projetos(nº) Potência Quant comprada Pr(MWmédio) Invest(R$)  
RN 23 657 286 150,96 3087,900
CE 21 542,7 218 150,40 2550,690
BA 18 390 171 145,19 1833,000
RS 8 186 68 141,87 874,200
SE 1 30 10 152,50 141,000

 

A Revolução Eólica (6): ENERGIA LIMPA A R$131 1jk2c

No primeiro leilão de energia eólica do País, que aconteceu via internet no dia 14 de dezembro de 2009, a Eletrosul e sua sócia, a Wobben, venderam a energia que será produzida pelos três parques eólicos do Cerro Chato, em Santana do Livramento, por R$ 131,00 por megawatts/hora, representando um deságio de 31,7% em relação ao teto estabelecido que era de R$ 189,00 – vencia quem oferecesse o menor preço. A previsão anual de receita é de R$ 1.928.520,00.
O sucesso da Eletrosul no leilão de eólica foi comemorado pelo presidente da empresa, Eurides Mescolotto. “Quase oito horas e depois de 75 lances conseguimos marcar definitivamente a entrada da Eletrosul e do Sistema Eletrobrás na área de energia eólica, o que para nós representa um grande sucesso. E num momento em que o mundo está discutindo novas alternativas de energia limpa, a energia eólica é um dos mais promissores segmentos no setor de geração de energia na região Sul”, disse o executivo.
Foram contratados 753 MW médios de energia em 71 empreendimentos no país. O prazo para entrada em operação comercial da usinas é julho de 2012 e os contratos serão válidos por 20 anos. O leilão representou um acréscimo de 1.805,7 megawatts (MW) de potência ao Sistema Interligado Nacional.
Para o diretor de Engenharia da Eletrosul, Ronaldo Custódio, os ventos da região Nordeste são considerados os melhores, mas os da região Sul são mais constantes. “Outro fator positivo no Sul é que existem mais os de conexões à rede de energia elétrica, o que nos garantiu vantagem competitiva na formulação do preço”.
Ronaldo lembra ainda, que o número expressivo de projetos participantes garantiu uma disputa acirrada entre os proponentes. “Com a concorrência, a sociedade é quem sai ganhando, porque teremos tarifas mais adequadas para os consumidores”.

A Revolução Eólica (5): MEDIÇÃO DOS VENTOS COMEÇOU HÁ DEZ ANOS 1d351z

Desde 2002 a Eletrosul realiza medições sistemáticas dos ventos no Rio Grande do Sul. A partir de 2005, a estatal elaborou dois projetos eólicos para Santana do Livramento: Cerro Chato e Coxilha Negra.
Este último aguarda definição do governo para disputar novo leilão. Caso o Coxilha Negra se concretize, com a instalação de 200 aerogeradores capazes de produzir 400 MW, essa região do pampa, a meio caminho de Quaraí, vai se tornar uma dos maiores pólos de geração de energia renovável produzida pelos ventos.
O projeto da Usina Cerro Chato foi contemplado no primeiro leilão de energia eólica, promovido em dezembro de 2009 pela Empresa Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). Considerado um sucesso por especialistas e pelo Governo, o leilão confirmou as expectativas do Ministério de Minas e Energia quanto aos preços praticados e quantidade de energia contratada.
O lance ofertado para a energia produzida no Cerro Chato foi de R$ 131,00 por megawatts/hora e representou um deságio de 31,7% – vencia quem oferecesse o menor preço.
O valor alto do megawatt/hora era um dos grandes empecilhos para que projetos de energia eólica particiem dos leilões do governo, que envolviam várias fontes de energia. Para se ter uma ideia, o preço do MWh de energia hídrica no Brasil é de R$ 70, em média, enquanto o MW/h da eólica custava R$ 250,oo.
Mas esse valor pode ser mais baixo, uma vez que o potencial e a intensidade de ventos no Brasil são maiores que na Alemanha, por exemplo. Lá, se produz energia elétrica a partir de ventos de 5 a 6 metros por segundo, enquanto aqui são considerados de 6 a 9 m/s.
O expressivo número de projetos habilitados – 339 no total – sinaliza a abrangência que o setor deve conquistar nos próximos anos, principalmente com a entrada em operação de 71 novas usinas eólicas, que devem gerar juntas, pouco mais de 1.800MW ao Sistema Interligado Nacional (SIN).
Para o diretor de Engenharia da Eletrosul e especialista em energia eólica, Ronaldo Custódio, o preço de venda da energia oferecido pela estatal pode ser creditado a dois fatores: os investimentos que a Eletrosul vem realizando ao longo dos últimos quatro anos no estudo e desenvolvimento de projetos eólicos e a engenharia econômico-financeira da proposta comercial, “que vão resultar numa rentabilidade adequada e que contribuíram para tornar a nossa participação no certame mais atrativa”, explica o diretor.
Outro fator de diferenciação está na composição das torres que sustentarão os aerogeradores. “Ao contrário do usual, vamos utilizar concreto, produzido na região. Isso permitiu uma redução dos custos”. Segundo o diretor, esta tecnologia já vem sendo utilizada pela Enercon com sucesso em outros empreendimentos.
Ronaldo lembra ainda, que o número expressivo de projetos participantes garantiu uma disputa acirrada entre os proponentes. “Com a concorrência, a sociedade brasileira foi a grande vencedora, pois o leilão produziu tarifas mais adequadas para os consumidores”.
Com um litoral com mais de nove mil quilômetros de extensão, o Brasil apresenta condições ideais para aumentar a participação desta fonte renovável de energia na matriz energética brasileira.
Para o diretor, os ventos da região Nordeste são considerados os melhores, mas os da região Sul são mais constantes. “Outro fator positivo é que no Sul existem mais os de conexões à rede de energia elétrica, o que nos garantiu vantagem competitiva na formulação do preço”, completa o dirigente.