Contam que foi uma festa da música o velório do violinista e maestro Zé Gomes, na noite de quinta-feira (05/06), em São Paulo. O velho amigo e parceiro Dércio Marques já entrou tocando a viola, cantando em alto e bom tom Roda, Roda Carreta, bem do jeito que Zé gostava: Rrrrroda, rrrrroda… 6z6y22
Daí não parou mais. Célia e Selma puxaram Rancho Fundo, que gravaram com Zé, alguém mais também tinha ali um violão, outro saiu pra buscar uma bebida, e foi neste clima, misto de despedida e de iração, que os músicos presentes lançaram a idéia de fazer um Memorial para Zé Gomes.
O artista plástico Enio Squeff, amigo de quase meio século, prometeu um busto e o que mais lhe encomendem.
Um Memorial Zé Gomes significa um memorial ao folclore, que ele pesquisou profundamente e do qual deixou valiosos registros. Quem o houve tocar viola de cocho e tirar daquelas quatro cordas de pano um som limpo e preciso, está diante de um virtuosismo medieval.
Começou ainda adolescente, no movimento tradicionalista gaúcho, ao lado de Paixão Cortes, outro pesquisador incansável. Foi a remotos rincões buscar instrumentos primitivos criados pelo homem. Seja na beira de um barranco no meio do Pantanal mato-grossense, seja entre partituras de música erudita, Zé não abria mão do perfeccionismo.
Como professor, ensinou a mais de 1.500 alunos. Tornou-se luthier, e perdeu a conta de quantos violinos e rabecas construiu. Arranjador solicitado, participou de mais de duzentas gravações. Visitar o Memorial Zé Gomes será um eio pela história da música.