Tarso diz a empresários que vai democratizar incentivos 2i72a

Na blitz pelas quatro maiores cidades do litoral norte do Rio Grande do Sul, ao longo da sexta-feira, o pré-candidato do PT, Tarso Genro, prometeu implantar o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social para tomar decisões equilibradas e duradouras. “A concertação política é um método para compartilhar decisões e seus efeitos”, disse o ex-ministro da Justiça a 60 empresários de Osório no início da noite de sexta, dia 23. Viajando ao longo da sexta-feira por Torres, Capão da Canoa, Tramandaí e Osório, Tarso ouviu demandas de empresários e escutou queixas de políticos. As dez questões apresentadas pelo Centro Empresarial de Osório sintetizam os temores e dúvidas dos homens de negócios do litoral norte. Tarso desanuviou o ambiente ao afirmar que vai governar com incentivos fiscais, políticas de desoneração e medidas anticíclicas (como fez o governo federal diante da crise financeira mundial de 2008), sempre a partir de consensos construídos via CDES, Orçamento Participativo, Coredes e consultas por internet. “O governador não pode decidir a partir do consenso de um grupo de técnicos ou depois de uma conversa com meia dúzia de empresários representativos de setores muito específicos”, disse ele. Tarso disse que, para atrair investimentos, o Rio Grande precisa priorizar a melhoria da malha viária, qualificar as empresas tecnologicamente e adequar a mão-de-obra via investimentos em educação. Ele prometeu investir no conceito de tecnópole, no qual apostou quando prefeito de Porto Alegre. Ninguém lhe perguntou se aceitaria o investimento de uma indústria de carros (como a Ford, recusada por Olívio Dutra no único governo petista do Rio Grande do Sul no período 1999-2002), mas o candidato petista deu a volta por cima: “Ainda estamos na Revolução Industrial, mas temos de investir na indústria do futuro, ou seja, em chips”. Abaixo, os principais temas levantados pelos empresários do litoral norte e as respostas de Tarso Genro, que vai para a terceira disputa pelo governo do estado. Em 1990, quando era vice-prefeito de Porto Alegre, ele saiu candidato contra Nelson Marchesan, José Fogaça e Alceu Collares, vitorioso no segundo turno; em 2002, foi derrotado por Germano Rigotto, do PMDB. Gestão ambiental – a Fepam será reequipada para acelerar os licenciamentos ambientais. É preciso aumentar a capacidade de análise e de liberação de projetos. Para sanear áreas problemáticas ou encaminhar pendências históricas, será implantado no RS o modelo de concertação aplicado no Lago de Furnas, em Minas Gerais. O trabalho de recuperação ambiental só começou ali depois de uma ampla consulta popular em busca de um consenso. Invasões de terras – Além de cumprir as determinações da Justiça, o governo pretende se antecipar aos acontecimentos, “negociando antes”, para evitar prejuízos à sociedade. Tarso citou como exemplo os negociadores da Polícia Federal que entram nas zonas de conflito e trabalham em favor de um consenso político. É preciso evitar as “brigas de pobres”, ou seja, os confrontos entre sem-terras e brigadianos. Desenvolvimento empresarial – Além de usar incentivos fiscais para propiciar a implantação de projetos de interesse para o Estado, o candidato pretende colocar o Banrisul a financiar pequenas e médias empresas. Para ele, “o Banrisul está sendo subutilizado” nesse aspecto. “Não tenho preconceito contra grandes empresas”, disse ele, lembrando que diante de grandes projetos é preciso calcular os ônus e os benefícios. Relação com o governo federal – “Acho que a Dilma ganha, mas vou governar com ela ou com Serra”. Tarso gabou-se de ter boa relação com os tucanos, inclusive com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, com quem almoçou em São Paulo há três meses, durante evento sobre a descriminalização do uso das drogas. “Nós temos pontos de vista comuns quanto a isso”. Segurança – Tarso ficou impressionado com os pronunciamentos da delegada Eliana de Capão da Canoa e do delegado Ferri de Osório. Ambos disseram que os investimentos federais em segurança estão criando uma situação assim: vão sobrar viaturas e faltar pessoas para dirigi-las. O atual efetivo da Polícia Civil do Rio Grande do Sul é inferior ao de 1980, quando a criminalidade era menor e menos violenta. “Quando terminar meu governo , espero ter livrado a Polícia Civil gaúcha da fama de ser uma das mais corruptas do Brasil”. Esporte e turismo – No litoral norte, cuja economia é marcada pela sazonalidade do turismo de verão, é preciso pensar no turismo ecológico e no turismo de negócios. Mais do que isso, porém, é preciso desenvolver “uma nova cultura regional”, para livrar os municípios da região da velha óptica excessivamente centrada na temporada de verão. O candidato prometeu atentar para a sugestão de um ativista esportivo segundo o qual a cada real investido no esporte, corresponde uma economia de sete reais em saúde/segurança. Atendendo ao questionamento de um cidadão que o chamou de “ministro” e “futuro governador”, Tarso Genro encerrou sua manifestação em Osório explicando o caso de Cesare Battisti, o italiano que se tornou pivô de um conflito entre o Brasil e a Itália. Condenado por quatro homicídios políticos em seu país de origem, Battisti permanece no Brasil, favorecido pela isenção do Supremo Tribunal Federal e por um despacho de Tarso como ministro da Justiça. Segundo Tarso, que estudou o caso minuciosamente para escrever seu parecer de 35 páginas, não há uma única prova de que Battisti tenha cometido os assassinatos de que é acusado. Além disso, o processo realizado na Itália está marcado de ponta a ponta pela disputa política típica da época do confronto entre terrorismo de direita e de esquerda. Condenado a dois anos de prisão por entrar clandestinamente no Brasil, Battisti aguarda a decisão do presidente Lula sobre seu direito de ficar ou não no Brasil como refugiado político. Segundo Tarso, o caso Battisti tomou tal envergadura por dois motivos: 1) o Supremo Tribunal Federal mudou de posição, abrindo mão do direito de decidir sobre o destino do cidadão italiano; 2) a mídia brasileira se aproveitou do tema para fazer “uma grande manipulação”. Para Tarso, independente de quem estiver governando, é preciso preservar o estatuto do refúgio político. “Sei disso porque fui refugiado político no Uruguai”. 3a3o

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