Em suas primeiras declarações depois da eleição, Tarso Genro disse que os votos que elegeram Ivo Sartori correspondem a um “real desejo de mudança da população”. Deu a entender que Sartori venceu porque soube interpretar melhor o sentimento de mudança do eleitorado. “Se enquadrou melhor no atual cenário de expectativas políticas”, disse Tarso, num início de autocrítica de sua campanha. Na contramão de todas as avaliações, o governador minimizou o peso do antipetismo no resultado, dizendo que se isso fosse verdadeiro, ele não teria sido eleito em 2010. O pior cenário desenhou-se para Tarso Genro no Rio Grande do Sul quando se abriram as urnas do primeiro turno. Sua campanha parece ter esquecido experiências anteriores, em que a disputa se polarizou em dois candidatos e um terceiro concorrente, longe do embate entre os favoritos, correu por fora e ganhou a eleição. Foi exatamente isso que aconteceu em 2002, com Germano Rigotto. Foi mais ou menos o que ocorreu com Yeda Crusius na eleição seguinte. A candidatura de Ana Amélia (que se elegeu senadora com votação espetacular em sua primeira eleição, em 2010), apoiada pelas forças conservadoras, com a mídia à frente, pareceu imbatível em certo momento e o PT acreditou nisso. Concentrou-se nela, descuidando do “gringo” que, com sua imagem de bonachão, seu discurso quase simplório, foi fazendo a feira. Esse “mito” do “gringo da colônia”, homem simples, honesto, agregador, já causou grandes dissabores às forças de esquerda no Rio Grande do Sul. O exemplo histórico é o de Ildo Meneghetti, um apagado engenheiro que entrou na política aos 52 anos e derrotou as principais estrelas do trabalhismo na época – Alberto Pasqualini e Leonel Brizola. A eleição de Meneghetti, para governador do Rio Grande do Sul em 1962, abriu caminho para o golpe militar que derrubou Jango em 1964. A região colonial, que cobre a metade norte do Estado, é a mais industrializada e mais desenvolvida, em contraste com as áreas estagnadas da metade Sul. Eleitoralmente mais densa, ainda tem uma grande influência do clero conservador, medularmente anticomunista e, por decorrência, antipetista. As denúncias que a semanas do pleito atingiram a imagem de Ana Amélia, de moralidade e austeridade, abriram o caminho para Sartori. O antipetismo percebeu que a senadora seria uma adversária frágil no segundo turno e jogou suas fichas no “gringo” Sartori. Candidatura vacilante, de um partido dividido (seu slogan era “Meu partido é o Rio Grande”), ganhou força com o horário eleitoral gratuito e a partir daí começou a receber os votos que desembarcavam de Ana Amélia. Acabou chegando à frente no primeiro turno e não largou mais a dianteira. Quando iniciaram-se os debates, as fragilidades da candidatura Sartori ficaram evidentes e as pesquisas chegaram a registrar a reação de Tarso. Na última semana, Sartori, numa entrevista no portal Terra, fez uma piada de mau gosto com o “piso salarial”, bandeira permanente da categoria. Com o escorregão, bem explorado pelo PT. pareceu que haveria uma virada. O próprio candidato petista e sua equipe acreditaram nisso até o final. Em suas primeiras declarações depois da eleição, Tarso Genro disse que os votos que elegeram Sartori expressaram um “real desejo de mudança da população”. Deu a entender que Sartori venceu porque soube interpretar melhor o sentimento de mudança do eleitorado. “Se enquadrou melhor no atual cenário de expectativas políticas”, disse Tarso. Na contramão de todas as avaliações, o governador minimizou o peso do antipetismo no resultado final, que deu vantagem de 1,5 milhão de votos a José Sartori. RESULTADO FINAL DA ELEIÇÃO 2014 PARA GOVERnO DO RIO GRANDE DO SUL: José Ivo Sartori, PMDB: 61,21% (3,9 milhões de votos) Tarso Genro, PT: 38,79% (2,4 milhões de votos) 4q3c3e