Um Memorial para Zé Gomes 5317o

Contam que foi uma festa da música o velório do violinista e maestro Zé Gomes, na noite de quinta-feira (05/06), em São Paulo. O velho amigo e parceiro Dércio Marques já entrou tocando a viola, cantando em alto e bom tom Roda, Roda Carreta, bem do jeito que Zé gostava: Rrrrroda, rrrrroda… 6z6y22

 

Daí não parou mais. Célia e Selma puxaram Rancho Fundo, que gravaram com Zé, alguém mais também tinha ali um violão, outro saiu pra buscar uma bebida, e foi neste clima, misto de despedida e de iração, que os músicos presentes lançaram a idéia de fazer um Memorial para Zé Gomes.

 

O artista plástico Enio Squeff, amigo de quase meio século, prometeu um busto e o que mais lhe encomendem.

 

Um Memorial Zé Gomes significa um memorial ao folclore, que ele pesquisou profundamente e do qual deixou valiosos registros. Quem o houve tocar viola de cocho e tirar daquelas quatro cordas de pano um som limpo e preciso, está diante de um virtuosismo medieval.

 

Começou ainda adolescente, no movimento tradicionalista gaúcho, ao lado de Paixão Cortes, outro pesquisador incansável. Foi a remotos rincões buscar instrumentos primitivos criados pelo homem. Seja na beira de um barranco no meio do Pantanal mato-grossense, seja entre partituras de música erudita, Zé não abria mão do perfeccionismo.

 

Como professor, ensinou a mais de 1.500 alunos. Tornou-se luthier, e perdeu a conta de quantos violinos e rabecas construiu. Arranjador solicitado, participou de mais de duzentas gravações. Visitar o Memorial Zé Gomes será um eio pela história da música.

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  1. O Zé meu grande companheiro dos anos oitenta, o tempo em que vivi em São Paulo. aprendendo a fazer música.O Zé Foi o mestre de todos nós, no pensamento filosófico, no sentido prático da vida, o Zé foi nosso irmão em todos os momentos em que estivemos juntos, O zé nos deixa muita saudade, muita música bonita e brasileira autêntica para gente ouvir e aprender.Um grnade abraço aos seus três filhos e contem comigo pra tudo que fôr nreciso. Um grande abraço!

  2. O Zé interrompeu o concerto, ainda em pleno vigor. Com muitos projetos na cabeça, CDs inéditos, um Quarteto de Cordas sobre o tema da região das Missões, o método para rabeca, que sempre quis editar e não logrou patrocínio.. Sua rabeca, seu violino, seu violão, sua viola de cocho se calam, mas sua obra ainda tem muito a dar, a descobrir.

  3. Que Saudades ! Vou sentir de meu amigo Ze Gomes, grande mestre da musica brasileira, com seu primeiro CD que tive a honra de acompanhar e produzir conjuntamente com Renato Teixeira, Palavras Querem Dizer – Ele foi longe mundo afora, lembro de cada musica de cada acorde de cada instante, muitas palavras ficaram para sempre na memoria dos grandes e maiores artistas da musica brasileira … sentiremos a sua Falta Ze ! Saudades ….

  4. As perdas nos remetem incondicionalmente à perplexidade, e por Deus, nos leva a caminhos solidamente construídos; coisas que a musica perpetua… “No dia em que eu be m te vi” Obrigado Zé Gomes!

  5. O Zé, para mim, mais do que um amizade cultivada desde meados dos anos 60, era um irmão. Trata-se de uma perda irreparável para a minha vida e para a cultura musical brasileira. O Zé era um patrimônio telúrico universal, um grande estuário para onde confluiam todos os rios, riachos e as mais longínquas nascentes e fontes da música de todos os tempos e lugares. Era ele pegar o violão,o violino, a rabeca, o violoncelo, a viola de cocho e improvisar umas poucas notas e ouvíamos alí uma síntese criativa de uma cultura músical requintada, inspirada e sem igual. E as nossas conversas, sempre filosofando em torno da música… É difícil para mim falar do Zé, tamanha a grandeza da sua arte, da sua personalidade e da nossa amizade de irmãos. Tenho recordado constantemente nosso último encontro, quando me hospedei na casa dele em São Paulo, nossas últimas conversas e um pressentimento que tive depois da nosso último telefonema. Tenho muitas razões para achar difícil falar do Zé. Sobretudo porque a música dispensa as palavras, música a gente escuta e não fala… e o Zé era música, era tudo o que existe de mais musical e de mais profundo na alma brasileira. O Zé era um sertão musical, era um pampa, um pantanal, uma amazônia musical. O Zé era tão maravilhoso e tão grande como músico e como ser humano, sinto tanto a sua morte que. como a única expressão que encontro na minha condição de ateu é dizer “que Deus o tenha”.

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