Uma tragédia anunciada 69g1u

João Alberto Wohlfart A cada dia que a as intenções de fundo do governo golpista e usurpador Michel Temer ficam mais claras e explícitas. O desmonte em curso do Brasil se evidencia em todos os campos, numa ação combinada e organizada para que tudo venha abaixo ao mesmo tempo e num prazo de tempo menor possível. E o que está sendo desmontado acontece com tal intensidade que não poderá ser recuperado depois. A nação brasileira em sua totalidade, nos aspectos da vida econômica, social, política, intelectual e ecológica está sendo demolida. Todas as ações do governo usurpador estão no caminho do desmonte de tudo o que foi conquistado a duras penas ao longo de anos, de décadas e de séculos. A mais evidente ofensiva é contra a Previdência Social, um sistema que proporciona desenvolvimento econômico e social e vida minimamente digna à população mais idosa do país. A alegação, legitimada por uma intensa propaganda veiculada pelos meios tradicionais, é de falência da Previdência, o que daria razão para que a mesma seja reformada. Mas, sabe-se a partir de fontes seguras que ela é superavitária e que nos últimos anos sobraram centenas de bilhões para serem repartidos entre as populações mais humildes. Mas a intenção de tal empreendimento é outra, a de canalizar os recursos para o sistema financeiro e concentrar a renda cada vez mais na mão de uma pequena elite dominante. Da reforma da Previdência, o peso da crise recai diretamente sobre a classe trabalhadora que mais uma vez terá que pagar os pecados em função da ganância dos mais ricos que cada vez concentram mais bens e recursos. A ideia de fundo é tirar da população e concentrar nas mãos dos bancos e dos mais poderosos. Estão em andamento projetos que retiram direitos dos trabalhadores, arrocham cada vez mais os seus salários, os submetem a um regime de semiescravidão e os rebaixam inexoravelmente à pobreza e à miséria. Estamos vendo um processo de precarização do trabalho humano análogo ao regime de escravidão, o que inviabilizará qualquer perspectiva de desenvolvimento econômico e social. Nesta lógica, o ser humano enquanto estrutura social está sendo rebaixado a uma coisidade geral a quem se destina apenas as migalhas para assegurar a força de trabalho social. A ofensiva do governo usurpador vai muito mais longe. Além de retirar da sociedade a base material necessária para uma vida material minimamente digna, está privando o povo do conhecimento. A reforma do Ensino Médio, o sucateamento das Universidades Federais, o projeto Escola sem Partido, estão aí para inviabilizar qualquer tentativa de construção do conhecimento e da crítica. Soma-se a isto o lixo da televisão brasileira, especialmente os veículos e empresas oficiais, com a função exclusiva de imbecilização e mediocrização do povo brasileiro diante do espetáculo do desmonte. No momento atual, apesar de alguns movimentos organizados, o povo assiste ivamente aos desmandos do governo golpista legitimado pela ignorância do povo. Isto tudo converge naquilo que muitos intelectuais apontam para o tempo atual caracterizado como a era pós-conhecimento e da pós-humanidade. Não temos mais conhecimento, apenas um intenso movimento de manipulação das massas. E a ofensiva se aprofunda com a eliminação da ciência brasileira, o que abre o panorama para a ação da inteligência norte-americana e da mídia brasileira no desmonte de um projeto de nação no Brasil. Se fosse apenas isto, ainda estaríamos num paraíso de maravilhas. Esta força ultraconservadora avança contra os direitos sociais, contra o Estado de Direito, contra a Democracia e contra a Constituição Federal. Estes fundamentos da sociabilidade e da liberdade já foram abolidos pelo poder usurpador de uma minoria capitalista que arbitrariamente impõe o seu projeto de dissolução da nação, numa velocidade e numa intensidade brutais de forma a inviabilizar qualquer reação por parte das bases organizadas. Nesta ótica, quem deveria ser guardião da Constituição Federal e da cidadania, o Supremo Tribunal Federal, transformou-se num partido de ultradireita, aliado do PSDB e de seus comparsas. Não se trata apenas da formalização do fim da Constituição Federal e das inúmeras conquistas de décadas e séculos, mas da diluição das relações sociais transformadas numa massa de manobra e numa coletividade sem inteligência. Mas a tragédia nacional tem outros capítulos ainda mais cabeludos. Trata-se de uma ofensiva dominadora sobre o nosso território, especialmente através da venda de terras aos estrangeiros. Grandes extensões de terras são leiloadas no melhor estilo da financeirização e da especulação imobiliária, destinando este patrimônio à lógica do agronegócio, da monocultura, da mecanização agrícola, da lógica bancária e da exportação básica de grãos. A tendência desta aventura é a formação de gigantescos cinturões de espaços privados iníveis ao povo brasileiro e aos agricultores de nosso país que gostariam de um pedaço de chão para produzir e para viver. Sepulta-se eternamente o sonho da Reforma Agrária nunca realizado no país e ferrenhamente combatido pelos defensores da monocultura e do latifúndio improdutivo. Um dos mais trágicos efeitos da ofensiva golpista é a ação destruidora em relação aos biomas brasileiros. Neste empreendimento, é atropelada a Legislação Ambiental, invadidas as reservas indígenas, abolidas Áreas de Preservação Permanente e destruídos os nossos ecossistemas. A grande vítima deste assalto a a ser o Bioma Amazônia, maior sistema de biodiversidade do Planeta, espaço geográfico ultracomplexo de maior concentração de água doce e fluxo de águas do mundo e maior santuário de riquezas naturais existente. A sua função e a sua ação no equilíbrio climático da biosfera e da atmosfera são fundamentais. Na contramão desta visão sistêmica de Ecologia, há ações devastadoras que aceleram cada vez mais a sua devastação com desmatamentos, mineração, monocultura, avanço da pecuária, privatizações e invasão por estrangeiros. Tudo indica que em função desta ofensiva teremos tragédias ambientais não apenas restritas ao espaço geográfico amazônico, mas com consequências trágicas para o equilíbrio ambiental e social de toda o Planeta. Em todas estas questões, fica explícita a dissolução do Estado como agente de socialização e de regulação da estrutura social. Atualmente o Brasil é governado por uma corja de bandidos políticos que reduz o Estado a um instrumento de defesa dos interesses da classe dominante. A lógica é extorquir do povo trabalhador os recursos mínimos indispensáveis para uma sobrevivência digna para concentrá-los nas mãos dos mais ricos. Os beneficiados desta dádiva divina são o grande empresariado nacional e internacional, os latifundiários, os banqueiros, os evangélicos, os rentistas, os empresários da telecomunicação etc. A reforma da Previdência Social e trabalhista visa tão somente a retirada do universo social os recursos para concentrá-los na pirâmide mais alta da sociedade. Há um mecanismo financeiro e especulativo sistêmico que tira os recursos da base social e da base produtiva, os concentra em poucas mãos e no sistema financeiro, como razão principal da crise atual. A grande tendência desta aventura é o capital internacional e a internacionalização da agricultura. O povo brasileiro fica excluído das políticas adotadas pelo governo golpista. Nesta lógica, a classe dominante por si só não vai assegurar o desenvolvimento econômico. Com a precarização da trabalho e com a não distribuição de renda, a economia do país vai recuar cada vez mais. A tendência atual é o desaparecimento das políticas públicas de justiça social e distribuição de renda, o que significa dizer que cada cidadão terá que se virar com as suas próprias forças. Uma pequena minoria dominante vai ter contas bancárias fartas para os melhores banquetes e manjares do mundo, enquanto uma grande maioria vai ter que se contentar com algumas migalhas que sobram das mesas dos ricaços. A tendência é a formação de uma massa social faminta a lutar desesperadamente pela sobrevivência. Estamos diante de uma tragédia sistêmica da nação brasileira. Ela foi simplesmente destruída pelo golpe parlamentar e pela operação lava jato. Não temos diante de nós outro destino do que uma tragédia social porque o povo não vai receber de volta as riquezas que produz com o seu trabalho. Vamos assistir ao espetáculo do desemprego, da fome, da criminalidade em escala elevada, porque o povo vai ser sangrado e castrado em seus salários e direitos. Vamos assistir à precariedade avassaladora da segurança pública e o povo vai ter que voltar a saquear supermercados para saciar a sua fome. Em função das agressões aos biomas brasileiros, especialmente à Amazônia e ao Cerrado, abre-se o panorama de tragédias ambientais em escala imprevisível e com incidência social avassaladora. Ainda não basta a recente tragédia no Rio Doce, com consequências ambientais e sociais ainda desconhecidas. Com o golpe, o Brasil já é uma diminuta nação de fundo de quintal, sem nenhuma expressão internacional e sem contribuição para o mundo atual. Uma vez dissolvido o conhecimento, a ciência e a tecnologia, se transforma numa colônia informe para atender aos interesses econômicos internacionais. O caos aqui apontado somente poderá ser evitado com intensas mobilizações sociais e com a destituição imediata do governo golpista. Se nada for feito a partir das bases adormecidas e silenciadas, o quadro da complexa biodiversidade brasileira se transforma em imensos desertos. A imensa sociodiversidade cultural brasileira tende a se transformar numa massa sem informação e sem conhecimento, e o território brasileiro será uma plataforma de fome e de miséria. Os abundantes solos agrícolas brasileiros, que poderiam receber uma Reforma Agrária capaz de alimentar a população mundial inteira, é objeto de especulação imobiliária, monocultura, internacionalização e intensa privatização. Nesta nova fase imperialista do capitalismo internacional, o povo brasileiro será cada vez mais alheio em seu próprio território. 6w4z35

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