Foram minimizadas, inclusive pela imprensa, as declarações de Eduardo Bolsonaro no vídeo em que ele diz que para fechar o STF “basta um cabo e um soldado”. O principal argumento para relativizar a explícita ameaça é de que se trata de uma palestra feita há quatro meses, em outro contexto, fora do período eleitoral. Foi manifestação de “alguém que precisa consultar um psiquiatra”, segundo o candidato Jair Bolsonaro. “Foi um arroubo juvenil”, amenizou o candidato a vice, general Hamiltou Mourão. Os ministros do STF foram se manifestar dois dias depois. Na verdade, a fala de Eduardo Bolsonaro é perfeitamente coerente com as declarações recentes do pai candidato, de que não aceitará outro resultado que não seja a sua vitória. Além disso, o vídeo, gravado em julho, foi divulgado no exato momento em que o Tribunal Superior Eleitoral convocou uma coletiva de imprensa para falar das providências que está tomando para conter a maré de fake news na eleição. A principal expectativa na entrevista era a ação que pede a impugnação da candidatura de Bolsonaro. A ação tem base na reportagem da Folha de São Paulo, que revelou o plano de empresários para financiar disparos em massa de fake news nas redes sociais para favorecer Bolsonaro na reta final da eleição. Quem teve o cuidado de divulgar o vídeo ameaçador no exato momento em que transcorria a entrevista coletiva no STF onde seria discutida uma investigação que pode impugnar a eleição? No noticiário fica subentendido que foram os adversários interessados em atacar Bolsonaro que distribuiram o vídeo. Se o vídeo estivesse na posse de adversários de Bolsonaro, não teria já sido divulgado? O ministro Raul Jungmann disse na entrevista que a Polícia Federal tem condições de identificar qualquer pessoa que faça uma postagem criminosa nas redes sociais. Seria o caso de investigar a postagem desse vídeo de Eduardo Bolsonaro. A identifcação de onde partiu o disparo poderia revelar a real intenção de quem divulgou o vídeo: se partidários de Haddad para desgastar Bolsonaro, ou partidários de Bolsonaro para lançar uma ameaça indireta ao TSE, no momento em que julga uma ação que pode atingir a sua candidatura. g5920