GERALDO HASSE/ A imprensa e a medalha Alberto André 4q1e2n

Assisti de casa, on line, à cerimônia de entrega da  medalha Alberto André, da Associação Riograndense de Imprensa (ARI) a  onze jornalistas gaúchos*. 1l3t6b

Foi no final da tarde da segunda-feira, 7 de abril, no Palácio da Justiça em Porto Alegre. Eu deveria escrever um artiguete impessoal, conforme a velha regra da imprensa, que só aos cronistas permitia textos na primeira pessoa, mas deixei-me levar por uma reflexão talvez impertinente sobre as similitudes entre as atividades de jornalistas, juízes e policiais, três categorias que dependem de audiências, escutas, investigações, oitivas e da busca de provas para o sim e o não das coisas, dos fatos e das versões.

Sim, objetividade, impessoalidade e imparcialidade são as regras principais a serem observadas na prática do jornalismo, no exercício da magistratura e também nos mistéres da polícia.

Então, que este artigo se transmute em crônica e, como tal, prime pela leveza e deixe cair apenas um ou dois relhaços no lombo de quem se bandeou para “o outro lado” do balcão.

Numa solenidade como esta que envolveu a ARI e o Judiciário gaúcho, aceita-se como normal certo exagero na forma como se apresentam as pessoas agraciadas em nome de Alberto André, o jornalista que deu nome à medalha.

Enaltecidas em seu fazer profissional, as figuras escolhidas se põem nervosas e acabam não dizendo o que pensam ou esquecem o que pretendiam dizer.

Na sucessão de falas ocorrida no evento do Dia do Jornalista, o saldo foi bastante positivo: após duas horas de escuta, até um veterano no metiê pode se sentir estimulado a continuar nessa luta rica em perdas e danos para a maioria dos praticantes do jornalismo. Foi como se declarou Elmar Bones, 81 anos: e ele bem que poderia ter aproveitado o cenário para se queixar de ter sido vítima de decisões judiciais negativas em relação a reportagens impecáveis do jornal JÁ (caso Rigotto e caso Sanfelice, para citar os mais clamorosos).

Seriam queixas justas, ou até caberia um desabafo (“O quê estou a fazer neste palácio que ignora a imparcialidade com que trabalho?!”), pois um vez foi preso durante a ditadura por divulgar fatos históricos como editor do Coojornal, o mensário que marcou época pela combatividade ao lado da imprensa nanica.

No contexto de crescente atordoamento dos jornalistas e de degradação da imprensa perdida no nevoeiro imposto pela mídia eletrônica, parece que só se consideram vitoriosos e gratificados os que se desviaram da trilha principal e aderiram a práticas viciosas, esquecendo que o objetivo maior do jornalismo e dos meios de comunicação social é servir ao interesse público. Fora daí, não podemos esquecer que tudo o mais é falsificação, merchantagem, enganação, panaceia. “Sem anistia”, como encerrou sua fala o octogenário Antonio de Oliveira, com a medalha da ARI no peito. (GH)

*Foram homenageados: ;Alisson Coelho, Analice Bolzan, Ana Amélia Lemos, Antonio Oliveira, Elmar Bones, Fernando Zanuzo, Gabriela Mendonça, Mary Silva, Romar Beling, Tania Moreira e Ricardo Chaves (in memorian)