Morreu Ariano Suassuna e foi uma justa comoção nacional. Menino órfão que venceu as cruezas do sertão, grande escritor, pensador, agitador, um gênio. Faltou dizer que enquanto vivo, o gênio e o espírito de Suassuna foram incômodos. Ele pregava contra a massificação, contra o lixo cultural que nos impingem os grandes esquemas midiáticos, questionava a globalização que avassala as identidades. Os meios massivos queriam sua obra de artista embebida na cultura popular, mas não queriam seu discurso de ativista defensor da diversidade e da identidade nacional. Tratado como adista, tinha pouco espaço na grande mídia. Um caso exemplar: Em 2008, a Camara Riograndense do Livro escolheu Pernambuco como o Estado a ser homenageado na tradicional Feira do Livro de Porto Alegre. Suassuna era secretário de cultura do governo pernambucano, compareceu à Feira, acompanhado de 22 editores e escritores pernambucanos. Não mereceram a mínima atenção da mídia local. Na noite do dia 1 de novembro, ele deu uma magistral aula-espetáculo no cais do Porto. Confessou sua iração pelo Rio Grande do Sul, sua dívida para com Simões Lopes Neto, contou causos, apresentou grupos de dança e música. Foi aplaudido entusiasticamente por mais de mil pessoas. Cobertura mínima, para registrar o fato. Como retribuição, Suassuna escolheu o Rio Grande do Sul como Estado homenageado na feira do livro do Recife, no ano seguinte. O governo do Estado embromou até a última hora, quando disse que não mandaria ninguém por falta de verbas. Foram três representantes da Câmara do Livro livrar a cara dos gaúchos… Viva Suassuna! (E.B.) 5y2k5