Colunistas e comentaristas de veículos de longo alcance estão atribuindo aos “caranguejos” o malogro do projeto de revitalização do Cais Mauá. Caranguejos seriam aqueles que criticam o projeto desde o início e se organizaram para tornar públicas irregularidades que os ditos colunistas e comentaristas de largo alcance relevam, quando não omitem. Sim, é graças aos caranguejos que parcela da população sabe que o contrato de concessão vem sendo descumprido desde o início e que os investidores não tem dinheiro para cumprir o cronograma de obras. Não foram os caranguejos, porém, que levaram o projeto ao ponto de inviabilidade em que se encontra. Foram, antes de tudo, os desacertos entre os grupos que se associaram para formar o Consórcio Cais Mauá do Brasil e deveriam captar no mercado os recursos para o investimento. E, principalmente, a falta de transparência. Quando houve a licitação, os espanhóis que eram os “fiadores” do negócio, já estavam caindo fora. Ao que se sabe ficaram sem fôlego ante crise financeira que atingiu a matriz e tiveram que recolher as fichas. Desde, então, não houve mais estabilidade. Nos últimos meses a gestão foi entregue a uma a especializada em “fundos estressados”. Agora, em fevereiro, foi apresentada uma saída para a falta de dinheiro que impede o início das obras. Em vez de começar pela restauração dos armazéns, como prevê o contrato de concessão, o projeto começaria pelo arrendamento de um pedaço da área concedida para outros investidores. A área concedida tem 181 hectares. O terreno arrendado para a DC Set e outros corresponde a 2 hectares, uma ponta do porto junto à Usina do Gasômetro. Será, conforme o projeto amplamente divulgado e elogiado, o “Cais Embarcadero”, um “espaço de lazer”, com bares, restaurantes e um estacionamento. Junto à nova orla, que atrai multidões, será sem dúvida um bom negócio. Mas e o patrimônio público envolvido na concessão? Os armazéns em pouco tempo estarão irrecuperáveis…Quem sabe é isso mesmo que se quer? Ah, perguntas e ilações de caranguejo! 1g2c4