Evandro Fióti fala sobre “AmarElo – É Tudo Pra Ontem”, no FADE TO BLACK Festival 2e5c22

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Luta, esperança, sensibilidade e poder coletivo. O documentário “AmarElo – É Tudo Pra Ontem”, disponível na Netflix, além de jogar luz na importância que a cultura negra teve (e tem) na história e na construção do Brasil, potencializou a presença da negritude no streaming. Pela primeira vez, Evandro Fióti, que assina a produção da obra, falará em um evento sobre o processo de elaboração do trabalho. O papo inédito será no dia 10 de abril, encerrando a programação do FADE TO BLACK Festival. As credenciais, com vagas limitadas, estão disponíveis em: www.fadetoblackfestival.com

Idealizado pela cineasta Gautier Lee, o FADE TO BLACK Festival ocorrerá de 06 a 10 de abril, no formato virtual, reunindo mais de 30 istas entre nacionais e internacionais que atuam na criação de narrativas negras do audiovisual no Brasil e também no cenário internacional. Entre alguns nomes estão confirmadas as presenças de:SUE-ELLEN CHITUNYA, uma das coordenadoras de pós-produção de filmes da Marvel Studios, STEFON BRISTOL, diretor do longa A Gente Se Vê Ontem (Netflix) e parceiro de Spike Lee, RAE BENJAMIN, roteirista da série de sucesso Bridgerton (Netflix), e a atriz e multiartista ZEZÉ MOTTAcomo convidada especial.

Para mais detalhes da programação completa e: www.fadetoblackfestival.com e as redes sociais do evento: Instagram @fadetoblack_festival, Facebook @fadetoblackfestival  e Twitter @fadetoblackfes1.

O FADE TO BLACK Festival é contemplado pela lei Aldir Blanc de incentivo às produções culturais (Lei federal nº 14.017/2020), idealizado pela produtora audiovisual Gautiverse, de Gautier Lee, e realizado em parceria com a Reina Produções. Além disso, o FADE TO BLACK Festival conta com parceiros internacionais: Organization of Black Screenwriters, Black Film Space, Black Film Allegiance, Black Femme Supremacy Film Fest e parceiros do mercado nacional: Macumba Lab, APAN, Revista Exibidor, Griottes Narrativas, Frapa, Rota, Roteiraria, Películas Negras/Saturnema Filmes, Cabíria, ABRA e Serie Lab.

 

Humor, grosso e gaúcho, de Bier em tempos de pandemia 72m56

 

O universo da cultura em geral e das artes visuais, em particular, foi duramente atingido pelas consequências da COVID 19.  O mundo das publicações impressas artísticas , como o de quadrinhos, cartuns, charges também pagaram o preço da pandemia e estiveram praticamente paralisados ao longo de 2020. Agora alguns de seus principais protagonistas retomam às atividades. Entre eles, o cartunista gaúcho Augusto Bier, cujo trabalho é focado na existência do gaúcho do campo, idealizado pelo imaginário construído no discurso dos Centro de Tradição Gaúcha. Bier  atualmente promove o relançamento de “Rio Grosso”, álbum de seus cartuns, que custa R$ 50,00, prefaciado por Santiago, e pode ser adquirido através do Facebook  do autor, que remete o exemplar pelo Correio.

Aqui, Bier faz uma apresentação do seu trabalho:

“Os cartunistas Santiago, Byrata (Brasil), Crist e Fontanarrosa (Argentina)
são os mitos fundadores dos meus desenhos de humor sobre gaúchos.
Ainda nos tempos de internato comprei o primeiro livro de Santiago,
“Humor Macanudo” (1976) e, dois anos depois, durante o serviço militar
obrigatório, consegui um exemplar de “Gauchíssima Trindade”, com
cartuns de Santiago, Crist e Fontanarrosa. A revista “Xirú Lautério”, do
Byrata, me chegou às mãos em 1980, em Santa Maria. Em 1982, já
cursando jornalismo na PUC, Airton Ortiz, da Editora Tchê!, convidou-me
para ilustrar o livro de causos “Rapa de Tacho, do Apparicio Silva Rillo
(campeão de vendas da feira daquele ano). Já contaminado pelos mestres,
aquilo marcou meu início como desenhista de humor na abordagem do
gaúcho tradicional.


Apesar da picardia e irreverência do material produzido nas várias
manifestações culturais, eu me perguntava por que aquela quase
escatologia não encontrava eco no desenho de humor. Afinal, as
narrativas e representações verbais muitas vezes avam dos limites
sem que a moralidade fosse evocada na defesa da boa família gaúcha.
Talvez houvesse uma linha imaginária acordada implicitamente entre o
que era humor e o que era desrespeito. E isso poderia ser um freio para a
produção editorial de algo mais picante.
Muito tempo depois, em 1999, na pesquisa para uma dissertação de
mestrado (UFRGS/Fabico) sobre Estudos Culturais, encontrei alento num
artigo do jornalista Ney Gastal (1987). Ali ele relata que, entre 1959 e
1960, durante um congresso tradicionalista em Cachoeira do Sul, o então
jovem Antonio Augusto (Nico) Fagundes, no intuito de combater o tédio
das palestras, começou a rabiscar os versos daquela que seria considerada
uma das maiores obras da chamada “Poesia Chula” do Rio Grande do Sul,
intitulada “Comendo Égua”. A obra foi finalizada em parceria com Jayme
Caetano Braun (Chimango), Apparicio Silva Rillo (Magro), Claudio Oirandi
Rodrigues (Tio Manduca), Telmo de Lima Freitas e Glaucus Saraiva.
Depois de verificar a obra, pensei: eu também posso brincar com esse tipo
de coisa – só que desenhando.”  Bier.

 

 

O BOM MOÇO E O SEU RIO GROSSO!- Prefácio de Santiago.

” Desde que o mundo é imundo o gaúcho cultiva a malícia, a sacanagem, a empulha, a bufonaria, a picardia (sem ou com trocadilho!), o obsceno, o
licencioso, o desbocado, a impudícia, o fescenino, a brejeirice, a indecência com pouca ciência, a bandalheira fuleira, o nome feio ás vezes com a mãe no meio, o baixo calão na língua do peão, a boca de latrina proibida pra menina. Enfim tudo isso que, em bom português e, melhor ainda, em gauchês, se chama a velha bagaceirice campeira!  Desde que a natureza ou o próprio homem mal intencionado e, com uma pá, inventou o desnível do terreno, que o gaúcho vive aos trancos e nos barrancos com a sua montaria, logicamente desmontado nesse momento de paixão telúrica! Claro que essa hora crucial, pouco cial e muito cru, de puro furor selvagem, ensejou milhares de gracejos, sem traquejos, sobejos em rusticidade e primarismo ancestral. No barranco, no flanco, de tamanco ou de lenço branco, vemos o nosso gentílico do sul em posição muito pouco gentil, até quase vil, mas em prazeres mil.  É farto o imaginário e o repertório visual das façanhas amorosas do nosso campeiro, em peripécias com a china, com a pecuária equina, muar, bovina e ovina, com recursos manuais e digitais, nos pensamentos encardidos ou até com o próprio colega de lides campeiras e de pelegos calientes!

Pois o nosso talentoso Bier, com seu precioso,preciso e atrevido traço, sem régua e sem como, nada mais fez que registrar tudo isso nesse gargalhejante e galhofeiro “Rio Grosso do Sul” (título que o nosso estado conservador e reacionário bem merece!). Saiam, portanto, de perto quando o Bier erige sua pena furibunda com muita fúria e pouca bunda, para emprenhar a folha em branco com a sua mordacidade e irreverência sem cerimônias. O rebento que arrebenta a boca do balaio é sempre a risada de galpão, sonora e desabrida, ordinária e lupanar, pois o nosso
indiscreto desenhista levanta a ponta do poncho e mostra que, embaixo dos pelegos, acontecem muitas façanhas que pouco servem
como o modelo à toda Terra!

Ainda cabe dizer o mais importante e agora a sério: o Bier é um dos grandes desenhistas de humor do Brasil. Aqui ele contrasta expressivamente os temas toscos com seu traço elegante, de estilo bastante pessoal e fluente – aliás, é um dos raros que muitas vezes desenha sem esboçar a lápis e caracteriza tipos humanos com enorme riqueza pitoresca”.  Santiago

BIER RESPONDE:

Pergunta: Para quem não conhece, quem é Bier?

RESPOSTA: Augusto Franke Bier, 61 anos, natural de Santa Maria da Boca do Monte (RS). Cartunista publicando desde os 15 anos. Jornalista formado pela PUC-RS, especialista em Educação pela UNIJUÍ e mestre em Comunicação e Informação pela UFRGS. Vários prêmios no Brasil e exterior. Além de ter publicado em diversas coletâneas, é autor de três livros solo: Alles Blau e Alemão Blau – personagem de tiras de humor – e Rio Grosso do Sul, com cartuns sobre o gaúcho “tradicional”. Foi diretor do Museu de Comunicação Hipólito da Costa e trabalhou na imprensa do
Sindbancários por quase 30 anos.

PERGUNTA: Humor de galpão quase não tem mulher. Claro, galpão é um universo masculino. Como é a representação feminina nesse universo.? Há espaço para humor feminino?

RESPOSTA: Culturalmente, o galpão é ambiente masculino, e isso é uma metáfora de todo o arcabouço do tradicionalismo. Talvez porque dois terços da história do RS tenham transcorrido em tempos de guerra, no qual homens e mulheres tinham funções bem distintas e definidas pelo patriarcado machista do latifúndio. No entanto, a mulher sempre esteve presente nesse ambiente – como objeto de discursos -, mas dificilmente ao vivo. Eram os discursos sobre a mulher ideal, a china cobiçada, a escrava… As condições sociais e econômicas da maioria dos homens eram tão precárias, que misturavam esses valores com a apologia da zoofilia, a alternativa que restava. Então, eu acho que a mulher começa a ganhar espaço quando a literatura, a arte e o humor am a representar a sua caminhada, e isso, bem ou mal, ganha impulso através da fundação do MTG, em 1949. A mitologia criada sobre o gaúcho gentílico, paradoxalmente, colocou luz sobre a figura da mulher, mesmo que de forma estereotipada. O riso obrigou o gaúcho a se olhar diante do espelho e descobrir que, de certa forma, ele podia rir de si mesmo. E que, sem a mulher, isso não seria possível.

PERGUNTA: A questão do comportamento é muito explícita nesse trabalho. Comportamento é a matéria prima de humor?

RESPOSTA: Humor é a representação do comportamento humano, e cada cartum, cada anedota, é uma interpretação. Herrera Flores afirma que, com o riso, que exige sempre pelo menos duas pessoas compartilhando, inseridas numa zona comum de entendimento, celebramos o triunfo da pulsão da vida (eros) sobre a pulsão da morte (tanatos). Isto é, mais do que um fenômeno psicológico e social, o riso também é um fenômeno cultural. Seu funcionamento é uma demonstração da inteligência em que o ser humano consegue entender o deslocamento de sentidosa ponto de cair numa armadilha. Essa armadilha narrativa termina com uma
surpresa, e o leitor (ou ouvinte) não tem outra saída a não ser rir. Eu acho que esta é a melhor parte de se viver em sociedade.

PERGUNTA: No teu trabalho há o gaúcho urbano, da cidade, com a picardia e o espalhamento que tem o gaúcho do campo?

RESPOSTA: Antes é preciso dizer o que eu entendo por “gaúcho”. É todo aquele que nasce no RS, seja ele de origem lusa, castelhana, alemã, italiana, judaica, palestina… Trata- se de uma inserção com a qual o MTG ainda lida precariamente. Já o tipo humano que abordo nos cartuns do livro Rio Grosso, por exemplo, está pousado justamente no que vejo de caricatural na mitologia gauchesca . É o humor jogado num cenário que se julga muito sério e superior, que é o do tradicionalismo. A figura representa o gaúcho bombachudo, falastrão, mulherengo, livre e valente idealizado pelo MTG. É um tipo humano que já desapareceu. Agora temos patrão e peão em dois ambientes: nas lides rurais, com empregadores e assalariados, e nos Centros de Tradição Gaúcha e piquetes, onde uma igualdade idealizada e irreal ainda é celebrada ritualmente. Como gaúcho da cidade, circulei muitas vezes no ambiente tradicionalista e as pesquisas me ajudaram a ter um olhar mais atento sobre o assunto.

PERGUNTA: Como é fazer humor em tempo de pandemia?

RESPOSTA: Fazer humor em tempos de pandemia é um desafio desgraçado, porque a concorrência da estupidez de algumas pessoas e das autoridade é concorrência desleal. Por outro lado, se não tivéssemos riso, seria ainda pior.

PERGUNTA: Teu trabalho atual é influenciado pelos momentos de crise que chegamos?

RESPOSTA: A charge tem como principal matéria prima o noticiário. Enquanto o cartum é uma piada desenhada sobre costumes, a charge é uma linguagem editorial e tem a vida muito mais curta, que pode morrer no dia seguinte. Nem sempre o jornalismo e a realidade se coadunam, então é recomendável que o espírito crítico e o
conhecimento do humorista estejam acima da média.

PERGUNTA: A questão das redes sociais para o teu trabalho. Como funciona?

RESPOSTA:  As redes sociais dão muito mais amplitude para o nosso trabalho, mas geralmente remuneram bem menos. O desparecimento dos es em papel, por exemplo, encolheram drasticamente esse mercado, culturalmente ligado ao porte físico do objeto. Muito do que publico é por necessidade vital de continuar produzindo intelectualmente, sem ganhos financeiros.

PERGUNTA: O que tu imagina para o humor pós pandemia?

RESPOSTA: Sobre a pandemia? Um dia nós NÃO vamos rir disso tudo!

Gravação inédita mundial de obra de Beethoven, no violão de Daniel Wolff 62311m

Higino Barros
A ilustração de gravação da obra de Ludwig van Beethoven pelo violinista gaúcho Daniel Wolff já dá uma pista da intimidade do músico com o compositor alemão.  Daniel toca seu instrumento, Ludwig van anota e os dois trocam informações musicais, saboreando um vinho tinto. O cenário é uma sala despojada com tapetes no chão, piano com partitura aberta e parede pintada em tom azul com enfeites iguais brancos.
Pois agora o classificado de “magnífico” Romance op. 40, de Ludwig van Beethoven, tem sua primeira gravação mundial, com arranjo do solista Daniel Wolff, acompanhado pela Orquestra do Instituto de Artes da UFRGS, com regência de Carlos Völker-Fecher.

Aqui o link para pre-save do Romance Op. 40, de Beethoven, que será lançado dia 10/03: https://tratore.ffm.to/romanceop40. 
Ele será disponibilizado nas plataformas de streaming no dia do evento.
O projeto foi idealizado e gravado durante a pandemia de Covid-19, “demonstrando que a força colaborativa dos artistas pode render belos frutos mesmo em condições adversas”, como ressalta o material de divulgação do trabalho.
Abaixo Daniel Wolff fala de seu encontro com a obra de Beethoven:
Pergunta: Beethoven em violão. Como começou isso para você?
Daniel Wolff: Eu, desde meus primórdios com o violão, me interessei em adaptar obras originalmente escritas para outros instrumentos, para que eu também pudesse tocá-las. Comecei adaptando obras mais fáceis de Bach e fui, pouco a pouco, evoluindo, aprendendo mais sobre como fazer isso. Anos mais tarde, este seria o tema de minha tese de doutorado.
Eu tinha arranjado, no final da década de 90, uma sonata de Beethoven para dois violões, que gravei em um disco lançado na Alemanha, em duo com Daniel Göritz:
Esse arranjo foi publicado pela editora alemã Margaux (https://www.amazon.co.uk/Sonata-Op31-No-2-Margaux/dp/3733304470). Contente com a boa receptividade e críticas favoráveis que esse arranjo obteve, comecei a fazer outros, durante quase 20 anos, que foram os que gravei em 2020 no disco Beethoven for Guitar.

Foto: Manuel Pose Varela / CCK/ Divulgação
Pergunta:  Quais são as dificuldades de execução e “facilidades”?
DW: Beethoven explorava muito bem as possibilidades idiomáticas de cada instrumento. A dificuldade é encontrar a melhor forma de reproduzir isto no violão, ou seja, adaptar para a técnica violonística uma escrita pensada para outro instrumento, sem descaracterizar o efeito sonoro original.
Pergunta:  É comum, raro ou existe já Beethoven em violão?
DW: Há vários arranjos da música dele para violão, a maioria dos quais soa como uma caricatura da obra original. Mas há também alguns muito bem escritos, inclusive feitos por compositores violonistas do século XIX, que viveram em um período próximo ao de Beethoven.
Pergunta:  Ele compôs para violão?
DW: Vou colar aqui um trecho de uma comunicação de pesquisa minha, publicada nos anais do congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Música (ANPPOM) de 2019, que responde a tua pergunta:

Beethoven nunca compôs para violão. Contudo, ele certamente estava familiarizado com o instrumento, pois conviveu com compositores violonistas, como Mauro Giuliani e Anton Diabelli. Um relato da soprano Antonie Adamberger (1790-1867), sobre fato ocorrido durante os ensaios de Egmont, em 1810, nos permite supor que o compositor chegou a fazer alusão à sonoridade do violão em ao menos uma de suas obras:

“Um dos senhores de mais idade expressou a opinião de que as canções que o mestre [Beethoven] escrevera para orquestra, buscando determinados efeitos, deveria ser acompanhada ao violão. Então ele [Beethoven] balançou a cabeça de maneira cômica e, com olhos flamejantes, disse, ‘Ele sabe!’” (FORBES, 1967, 485, tradução minha). Outra possível alusão ao violão ocorre na canção An die Geliebte, WoO 140, escrita em 1811-12 provavelmente para Antonie Brentano (cujo prenome, coincidentemente, é o mesmo da cantora de Egmont). Brentano era uma consumada violonista e, talvez por esta razão, a canção foi publicada “com acompanhamento de piano ou guitarra [i.e., violão]”, caso único na produção de canções de Beethoven (SOLOMON, 1987, 238).

Foto: J.L. Waxemberg/ Divulgação

Pandemia é tema de canção nos dez anos de parceria entre Raul Elwangger e Daniel Wolff x1b6g

Higino Barros

Há 40 anos, Raul Elwangger faz parte da geração de músicos que vem compondo a trilha sonora urbana e rural gaúcha. Desde “Pealo de Sangue” gravada por interpretes do quilate de Mercedes Sosa, Raul disse a que veio. Já Daniel Wolff, mais novo, integra o que há de melhor na tradição do violão brasileiro, que mistura popular com considerável conhecimento erudito,  Pois os dois se juntaram agora, em tempos de pandemia, e lançam o álbum “Na Rua da Margem”  que celebra dez anos de parceria da dupla.

O trabalho intercala canções inéditas com releituras de sucessos anteriores em arranjos focados principalmente no instrumento de ambos: o violão e tem participação especial de Fernanda Krüger. O álbum conta também com diversos convidados , como Ayres Potthoff, Nelson Coelho de Castro, Giovanni Berti, Cristina Capparelli, Rodrigo Alquati, Veco Marques, Elieser Fernandes e Viktoria Tatour. As músicas são todas de autoria de Daniel e/ou Raul, incluindo parcerias com Ferreira Gullar, Pery Souza e Fernanda Krüger.

Nas entrevistas abaixo, com perguntas em comum, os dois músicos falam de “Na Rua da Margem” e de outros temas.

Foto Elenice Zaltron/ Divulgação

ENTREVISTA COM RAUL ELWANGGER

Pergunta: Como se deu o encontro musical de vocês? Em que ano e
circunstâncias?
RE: Foi um caso de interesse reciproco espontâneo. Assisti a alguns
concertos do Daniel, em especial um que teve repertório muito
apreciado por mim (Joaquin Rodrigo com a OSPA) e fomos
travando amizade, até que Daniel me convidou a compor e
cantar em seus discos que tiveram um estilo ligado à musica
popular. A partir disso, confiamos em que poderíamos ter um
álbum realizado a 4 mãos, e criamos Na Rua da Margem, ao qual
somamos Fernanda Kruger.

Pergunta: O que há em comum (e diferente) no trabalho de vocês?
RE: A música erudita, sua criação, execução e docência, é a praia
artística do Daniel. No meu caso, é a música popular, com a
esperança de criar uma MPB com personalidade própria aqui do
sul. Sendo as praias diferentes, cremos que podem se inter-
estimular, alimentando com riquezas de uma praia as potencialidades da outra, como aliás fizeram Dvorak ou Gnatalli.
Nessa aventura nos jogamos, estamos nesse percurso, para mim
bastante prazenteiro pois fui estudante do Instituto de Belas
Artes quando criança e do Conservat[orio Manuel de Falla em
Buenos Aires quando adulto.

Pergunta: Música em tempos de pandemia. Como tem sido?
RE: Como atividade pública, social, de desfrute, de convívio, tem sido
péssimo, ou nem sequer “tem sido”. Como profissão e fonte de
renda, tem sido um desastre, aumentado pela irresponsabilidade
da maioria dos governantes e uma parcela da população que os
segue. Como compositor, já tenho o hábito do trabalho solitário
e individual, onde a ouriversaria atenta em cada nova criação-
arranjo-poesia, é fonte de riqueza interior e ajuda o decorrer
destes tempos sinistros.

Pergunta: Qual maior prejuízo? A ausência de público, a perda econômica,
e outras?
RE: Vivemos uma grande perda, em todos os sentidos; uma perda
cultural que afeta cada escaninho da vida. Perdemos: VIDA!

Pergunta: Algo mais ?
RE: Tem sido um privilegio trabalhar com a Fernanda e o Daniel.
Espero ter contribuído. Falamos de Porto Alegre, das pestes que
nos assolam, prestamos homenagens, resgatamos e relemos
canções (com Pery Souza e Ferreira Gullar), mesclamos técnicas
eruditas e populares, Daniel com seus solos outorgou um status
qualificado às canções, convocamos músicos populares e
eruditos para tocar. Para mim, que desde os tempos da Frente
Gaúcha da MPB ando em busca de uma música “nossa”, é um
importante novo o.

Foto; Tiago Becker/ Divulgação

ENTREVISTA COM DANIEL WOLFF

Pergunta: Como se deu o encontro musical de vocês? Em que ano e circunstâncias?
DW: Eu, desde adolescente, já era irador do trabalho musical do Raul. Em 2008,participei de um arranjo de um show dele com a Orquestra de Câmara da ULBRA. A partir daí, fomos nos aproximando e, em 2010, fizemos uma turnê juntos no Rio Grande do Sul, tocando músicas nossas em arranjos para dois violões (estes arranjos foram agora gravados no
disco Na Rua da Margem). A seguir, fizemos duas canções juntos, uma gravada no meu disco Canção do Porto (2014), outra no álbum Iberoamericano (2018), e o Raul participou dos shows de divulgação de ambos os discos. Eu toquei também em uma canção num disco dele.
Em 2020, decidimos compor novas canções juntos e gravá-las junto com as músicas que já tocávamos antes. O resultado é o disco Na Rua da Margem.

Pergunta: O que há em comum (e diferente) no trabalho de vocês?
DW: Eu tive uma formação formal mais completa (faculdade de música, mestrado, doutorado, pós-doutorado) enquanto o Raul teve um aprendizado mais instintivo. Isto aparece em nossos estilos, que se complementam lindamente. Ambos temos uma preocupação em lapidar bem o trabalho, revisar cada letra, cada nota, cada harmonia, várias vezes.

Pergunta: O que define o trabalho atual. Ele se caracteriza como?
DW: Diferente dos meus discos anteriores, nos quais algumas canções tinham acompanhamento de grupos maiores (banda, orquestra de cordas, big band), este é um disco mais intimista, com arranjos camerísticos, com poucos instrumentos.

Pergunta: Música em tempos de pandemia. Como tem sido?
DW: Em 2020, pela primeira vez em mais de 25 anos, não viajei ao exterior para tocar e dar cursos de música. Foi um ano bem diferente. Mas consegui participar em eventos internacionais por video conferência, o que me permitiu algumas coisas que antes eram impossíveis. Por exemplo, em um dia de julho, dei aula em Nova Iorque pela manhã, participei de uma mesa redonda na Argentina à tarde e toquei um concerto em Nova Iorque à noite.

Pergunta: Qual maior prejuízo? A ausência de público, a perda econômica, e outras?
DW: Certamente, a perda econômica e a ausência de público são os maiores prejuízos. Mas também sinto muita falta do contato pessoal, fazer música junto a outras pessoas. A tecnologia de videoconferência ainda não permite um ensaio de qualidade, em tempo real, feito à distância.

Foto: Elenice Zaltron/ Divulgação

FICHA TÉCNICA

Técnico de som: Tiago Becker

Mixagem: Daniel Wolff e Marcos Abreu

Masterização: Marcos Abreu

Capa: Luiz Jakka

Gravado em outubro e novembro de 2020 no estúdio Soma (Seiva do Peito e Cabana de Santa-fé utilizam material gravado no estúdio Ted áudio em 2013 e 2018, respectivamente).

LINKS PARA OUVIR O DISCO

YOUTUBE

https://www.youtube.com/playlist?list=OLAK5uy_kc22oguRuWTHq68DWxlQD3NLFmhlLNfzM

SPOTIFY:

https://open.spotify.com/album/5tS1DbMPDmvjD59Lchy7HE?si=lYB1oSFbTSWTBI10pd0Nbw

APPLE MUSIC:

https://music.apple.com/br/album/na-rua-da-margem/1553527852

TRATORE

https://www.tratore.com.br/um_cd.php?id=28947

Escadaria da Borges ganha galeria de fotografia a céu aberto, permanente c20u

Higino Barros

Num final de tarde ensolarada do início de 2018, o produtor cultural e fotógrafo Marcos Monteiro, 65 anos, estava sentado no bar Armazém, na parte alta da Escadaria da avenida Borges de Medeiros, quando lhe ocorreu a ideia: fazer na extensa parede do prédio à sua frente, do outro lado da avenida, uma exposição de fotografia à céu aberto. Assim nasceu e foi realizada naquele ano a primeira Street Expo Photo.  O evento deu certo, já ocorreu em três ocasiões e agora a partir de março, o local terá exposições durante todo o primeiro semestre de 2021 e que deve prosseguir no segundo semestre. A primeira será do fotógrafo Gilberto Perin e outras três estão agendadas. Todos os protocolos de segurança contra a Covid 19 são obedecidos.

Marcos Monteiro. Foto; Gilberto Perin/ Divulgação

Abaixo, o produtor Marcos Monteiro fala sobre o assunto.

Pergunta: Como surgiu a ideia da galeria a céu aberto na Escadaria da Borges?

Resposta: Desde a primeira da Street Expo Photo em 2018 pensei na possibilidade de tornar a escadaria numa galeria a céu aberto. Nesse meio tempo a ideia foi tomando forma e veio acontecer agora. A inspiração vem do grafite, que foi uma das primeiras expressões de Arte na Rua (Street Art) em Nova York. Essa cultura começou de forma subversiva e hoje ganhou relevância pelo significado e pelo questionamento a ambientes sociopolíticos. Hoje no Brasil existem poucas galerias de rua.

Pergunta:  Qual a programação para o primeiro semestre de 2021.

Resposta:  Em março na inauguração apresentaremos a exposição Gilberto Perin e em abril uma exposição com fotos minhas . Em junho teremos a exposição Pantanal com Douglas Fischer e Daisson Flach e em julho a exposição da fotógrafa portuguesa Fernanda Carvalho.  As datas posteriores estão em tratativas.

Pergunta: Como é a primeira exposição?

Resposta : A exposição de abertura da temporada é de Gilberto Perin, chama-se, Retratos. São fotos de conhecidos, amigos, atrizes, atores, artistas visuais, escritores . O artista afirma que “reeencontrar rostos sem máscaras foi um pequeno oásis nesses tempos difíceis.”

Pergunta: Como tem sido fazer e produzir cultura em tempos pandêmicos?

Resposta: Meus principais projetos em sua maioria sempre foram ao ar livre e com a chegada da pandemia ganharam maior relevância.

Pergunta: O projeto de interiorizar as exposições de rua. Em que pé está?

Resposta:  Ano ado fizemos uma parceria com a prefeitura de Canela/RS para realizar uma exposição de rua na cidade, porém com a pandemia reagendamos para o primeiro semestre deste ano.

Pergunta: Como reage o público diante das obras expostas na rua? Qual foi a experiência nos eventos que você promoveu?

Resposta: Nossos museus e galerias recebem menos de 1% da população da cidade, a arte sempre foi elitizada e eu quis quebrar esse paradigma. Em 2016 criei juntamente com o Gilberto Perin, a Mosaicografia no Largo Glênio Peres em frente ao Mercado Público, onde circulam cerca de 200 mil pessoas diariamente. Houve previsão de que os painéis não iriam durar dois dias e no final da exposição não houve um único incidente, nada foi danificado. A Street 2020/2021 não teve vigilância e durante os 30 dias também não ocorreram incidentes. Isso prova que o povo sabe irar  e respeitar arte.

Pergunta: E qual a expectativa para a galeria a céu aberto na Escadaria?Resposta: A Galeria veio para ocupar nosso tão machucado viaduto Otávio Rocha, onde acontecem outros eventos culturais que, aos poucos, vão dando vida ao nosso viaduto. Ele completou 88 anos de existência em dezembro de 2020. Merece ser mais valorizado.

 

Júlio Zanotta,dramaturgo e escritor. Foto Gilberto Perin/ Divulgação

O pequeno oásis do fotógrafo Gilberto Perin:

“Conhecidos, amigos, atrizes, atores, artistas visuais, músicos, escritores, desconhecidos, gente. Os retratados nos convidam, ternamente, a viajar nos sentimentos que podem despertar em nós. Para mim, essas imagens soam como um ato de libertação e resistência em novos tempos de convivência, esperança e saúde, reencontrar rostos sem máscaras foi um pequeno oásis nesses tempos difíceis.”

Morgana Kretmann, atriz e escritora. Foto: Gilberto Perin/ Divulgação

-Foi Uma grande alegria receber o convite de Marcos Monteiro para inaugurar o espaço no viaduto como uma galeria com programação constante e renovada. Uma galeria aberta para que o público possa ver os mais diferentes olhares artísticos”.

Vaneza Oliveira, atriz . Foto Gilberto Perin/ Divulgação

Quem é Gilberto Perin:

Fotógrafo, diretor de cena, roteirista. Exposições individuais recentes no MARGS (Porto Alegre), Lisboa (Portugal) e Genebra (Suíça). Tem dois livros de fotografia: “Camisa Brasileira” e “Fotografias para Imaginar. Possui obras em museus, entidades culturais e coleções particulares, no Brasil e Exterior; além de fotos publicadas em jornais e revistas brasileiras e estrangeiras; e também fotografias que ilustram capas de livros. Formado em Comunicação Social pela PUC-RS.

FICHA TÉCNICA:

RETRATOS – fotografias de Gilberto Perin

-De 1º a 31 de março de 2021 – aberta 24 hora por dia.

-Galeria da Escadaria, no Viaduto Otávio Rocha, centro histórico

de Porto Alegre, RS. São 32 dois retratados em 14 painéis de 2x1m.

Alguns dos retratados: Julio Zanotta Vieira, Xadalu, Mario Vargas Llosa, Edu K., Otto Guerra, Vagner Cunha, Fernando Baril, Leandro Machado, Vaneza Oliveira, Yang Liu e Morgana Kretzmann.

 

 

Júlio César, de Shakespeare: a atualidade de um texto escrito há quatro séculos 6u4a5v

 

A coleção de 20 volumes com obras de William Shakespeare apresentada pelo psicanalista, escritor e intelectual Luiz-Olyntho Telles da Silva. Hoje, o 14º volume.

JÚLIO CÉSAR

p/William Shakespeare

Tradução interlinear, introdução e notas de Elvio Funk

Porto Alegre, Editora Movimento, 2017, 192p.

Em coedição com a UDINISC, Santa Cruz do Sul, RS.

Júlio César, peça que Shakespeare escreveu há 417 anos, pode ser lida à luz da realidade política contemporânea.

Na verdade, é uma peça tão atual, que alguns diretores, desde 1930, a tem representado com as características de personagens de nossa época, como Hitler, Mussolini, De Gaulle, Fidel Castro, e mesmo Margareth Thatcher.

Toca, também, na sensível e sempre abordada questão da educação: Júlio César se queixa que Cássio é um homem perigoso, pois lê muito, pensa demais e vê com muita clareza as verdadeiras intenções por trás das ações dos homens.

Para César, o que o povo precisa para ser boa massa de manobra é estar bem gordo, ter circo e ler pouco ou nada.

Ato I, cena 2 – César:

[…] Se eu estivesse sujeito a ter medo,

não sei se o primeiro homem que eu evitaria

não seria aquele magrela, Cassio. Ele lê muito,

é um grande observador, e vê com muita clareza

as verdadeiras intenções por trás das ações dos homens.

A segunda edição do Cabíria Festival – Mulheres e Audiovisual, que acontece entre 18 e 29 de novembro, em formato online e gratuito, está com inscrições abertas até o dia 10 de novembro  para sua programação Encontros. As atividades, especialmente desenhadas para promover reflexões e intercâmbio de experiências, incluem, entre outras, oficinas, materclasses, painéis e debate. As inscrições podem ser feitas no site do festival www.cabiria.com.br
Roteirista Ana Abreu fala sobre narrativas cinematográficas. Foto; Divulgação
Realizadora Maristela Mattos. Foto; Divulgação

Crítica cinematográfica é o tema da oficina ministrada pela jornalista e documentarista Flavia Guerra. Já a roteirista Ana Abreu vai falar sobre Narrativas não ficcionais. A diretora e roteirista francófona Mounia Meddour, do longa Papicha, dará uma masterclass sobre o filme, indicado na categoria de melhor direção na Mostra Un certain regard (Cannes, 2019), e vencedor do Cesar 2020 nas categorias de melhor primeiro filme e atriz revelação para Lyna Khoudri. Em seu estudo de caso, a realizadora Maristela Mattos (Born to fashion) aborda como os realities shows podem ser disruptivos e contribuir com o pensamento social e uma visão de mundo. A produtora Raquel Leiko (Conspiração) dará uma materclass sobre Desafios criativos e de produção. Os painéis, com participação de nomes nacionais e internacionais, terão temas como Políticas & Iniciativas de ruptura e Porum audiovisual possível. E ainda está programado um debate especial em homenagem a cineasta Patrícia Ferreira Pará Yxapy sobre sua mostra. As inscrições devem ser feitas no site do festival www.cabiria.com.br até 10 de novembro e algumas atividades estão sujeitas à lotação.Em breve o site do Cabíria Festival – Mulheres e Audiovisual irá disponibilizar a programação completa.

Diretora e roteirista francófona Mounia Meddour/Divulgação
Produtora Raquel Leiko/ Divulgação
Cineasta Patricia Pará Yxapy/ Divulgação

O Cabíria Festival – Mulheres & Audiovisual

Em razão da pandemia de Covid-19, o Cabíria Festival – Mulheres & Audiovisual terá a sua segunda edição em ambiente online, de 18 a 29 de novembro. Com isso, o evento amplia seu alcance e estará disponível em todo o país. No mesmo formato virtual, acontece em seguida o Cabíria LAB de 30 de novembro a 5 de dezembro, ação voltada para as finalistas do Cabíria Prêmio de Roteiro, que reúne quatro categorias: Piloto de série documental; Longa-metragem de ficção; Argumento infantojuvenil de longa ficção; Piloto de série de ficção. Toda a programação será gratuita.

O evento é uma expansão do Cabíria Prêmio de Roteiro, que desde 2015 incentiva a valorização de roteiristas mulheres e protagonistas inspiradoras. Criado para somar ao debate e ações em prol à igualdade de gênero e diversidade na cadeia produtiva do audiovisual, em consonância com diversas iniciativas ao redor do mundo, sua primeira edição foi realizada em 2019, no Rio de Janeiro, com financiamento coletivo, parcerias e voluntariado. Desafiadora, a edição resultou em cinco dias de atividades gratuitas, com uma rede de 70 cineastas, 35 filmes, seminário com painéis, oficinas e masterclass, envolvendo 16 instituições/empresas do setor.

A linha curatorial do festival se orienta pela ampliação da representatividade em termos de gênero, cor, sexualidade e território, do ponto de vista do conjunto de obras e atividades, e da sua audiência, no intuito de estimular imaginários possíveis. Ao público será oferecida uma ampla programação de obras de cineastas com sessões de longas e curtas-metragens, debates com xs realizadorxs, além de painéis, oficinas e masterclasses, voltados ao estímulo da rede de cineastas, impulsionamento profissional e à provação de reflexões.

PARCERIAS

O festival conta com diversas parcerias, entre elas: Embaixada da França no Brasil, Goethe Institut, Spcine, Instituto Alana, Videocamp, Projeto Paradiso, Tertúlia Narrativa, Telecine, ETC Filmes, Selo ELAS, Hysteria, Cardume Curtas, Mubi, LATC,  Imprensa Mahon, Canal Curta!, Canal Brasil, entre outras.

e o site e siga nas redes www.cabiria.com.br

“Múltiplo Olhares” de volta em exposição presencial, no Espaço Cultural Correios Poa 424v31

Depois de quase oito meses fechado, o Espaço Cultural Correios Porto Alegre reabre para visitação do público, nessa terça-feira, dia 3 de novembro, com a exposição Múltiplos Olhares. Com a abertura autorizada, o local foi preparado para receber os visitantes com segurança, cumprindo todos os protocolos: limpeza contínua dos espaços, disponibilização de álcool em gel, limitação do número de visitantes e obrigatoriedade do uso de máscaras. Com entrada franca, a mostra pode ser conferida de terça a sexta- feira, das 10h às 17h e sábado de 10h às 16h, e fica em exibição até 12 de dezembro.

Cristina Molenda Carvalho, supervisora do Espaço Cultural Correios. Foto: Juliana Baratojo/ Divulgação

“Seguindo os protocolos de segurança, desejamos que a reabertura dos espaços culturais possa levar a arte, a emoção e a reflexão para o público nesses tempos difíceis que vivenciamos na pandemia”, observa Cristina Molenda Carvalho, supervisora do Espaço Cultural Correios.

Fotógrafa Iara Tonidandel. Foto; Juliana Baratojo/ Divulgação
Fotógrafo Aníbal Elias Carneiro. Foto: Juliana Baratojo/ Divulgação

A exposição Múltiplos Olhares, que havia sido recém inaugurada no início da pandemia, apresenta visões e fragmentos sobre Porto Alegre, sobre a natureza, sobre o concreto, sobre o mundo. Concebida pelo curador, arquiteto e artista visual Fábio André Rheinheimer, a exposição contempla 56 obras de 28 fotógrafos que possibilitam essa diversidade de interpretações e olhares. “Na pandemia, fomos conduzidos a tempos de incertezas e reflexões. A exposição Múltiplos Olhares retoma sua trajetória e amplia seu caráter de celebração, não mais à arte da fotografia, conforme proposta conceitual a orientar a curadoria. Porém, neste novo momento, e de modo mais abrangente, esta mostra também celebra o reencontro da comunidade com a arte”, destaca Rheinheimer.

Fotógrafa Andréa Seligman. Foto; Juliana Baratojo/ Divulgação
Fotógrafo Natan Carvalho. Foto: Juliana Baratojo/ Divulgação

O curador explica que a exposição foi concebida tendo como base interação entre elementos aparentemente desconexos do portfólio de 28 profissionais. “A partir dessas parcelas – imagens extraídas do contexto – organizam-se outras possibilidades do ver, novas ressignificações. Neste percurso, eis o espectador a delinear, segundo apropriação particular), a elaboração hipotética de outros (ou novos) relatos, tendo por objeto a livre inter-relação entre produções distintas”, descreve o curador.

Obra: Abstratos da natureza. Divulgação
Obra de Douglas Fischer./ Divulgação

Na mostra, estão registros de Ana Fernanda Tarrago, Andréa Barros, Andréa Seligman, Alexandre Eckert, Aníbal Elias Carneiro, Bia Donelli, Clara Koury, Douglas Fischer, Eduardo Grazia, Fábio Petry, Flávia Ferme, Flávio Wild, Helena Stainer, Iara Tonidandel, Ivana Werner, Laércio de Menezes, Leandro Facchini, Leonardo Kerkhoven, Manoel Petry, Marcelo Filimberti, Marcelo Leal, Nattan Carvalho, Paulo Mello, Rafael Karam,  Rogério Soares, Sílvia Dornelles, Tiago Jaques e Victor Ghiorzi.

 

Múltiplos Olhares: 28 fotógrafos

Curadoria Fábio André Rheinheimer

Visitação: de 3 de novembro a 12 de dezembro de 2020

De terça a sexta 10h às 17h
Sábado 10h às 16h

Espaço Cultural Correios Porto Alegre – prédio histórico dos Correios na Praça da Alfândega, com entrada pela lateral, na Av. Sepúlveda (Centro Histórico).

Obra de Flávia Ferme/ Divulgação
Obra de Fábio Petry/ Divulgação

O clássico Romeu e Julieta, um arquétipo do amor entre adolescentes 57723f

 

A coleção de 20 volumes com obras de William Shakespeare apresentada pelo psicanalista, escritor e intelectual Luiz-Olyntho Telles da Silva. Hoje, o nono volume.

A coleção Shakespeare da Editora Movimento – 9

ROMEU E JULIETA

p/William Shakespeare

Tradução interlinear, introdução e notas de Elvio Funck

Porto Alegre, Editora Movimento, 2013, 256p.

Em coedição com a UDINISC, Santa Cruz do Sul, RS.

Telefone da editora: (51) 3232-0071

“Romeu e Julieta, que já era uma das mais famosas peças de teatro na época de Shakespeare, ao lado de Hamlet, continua sendo encenada nos palcos do mundo inteiro. Hoje, a relação amorosa dos dois jovens é considerada um arquétipo do amor entre adolescentes.”

Ato I, Cena 1 – Romeu:

O amor é uma nuvem feita com o hálito dos suspiros:

correspondido, é uma luz que cintila nos olhos dos amantes;

contrariado, é um mar alimentado por lágrimas apaixonadas.

O que mais é ele? Uma loucura muito sábia,

um fel que engasga e uma doçura que preserva.

“Medida por medida”, uma das peças mais densas e estranhas de Shakespeare. 4u1d5y

 

 

A coleção Shakespeare da Editora Movimento – 7

MEDIDA POR MEDIDA

p/William Shakespeare

Tradução interlinear, introdução e notas de Elvio Funck

Porto Alegre, Editora Movimento, 2015, 224p.

Em coedição com EDUNISC, Santa Cruz do Sul.

Telefone da editora: (51) 3232-0071

“Considerada uma das peças mais densas e estranhas de Shakespeare, ‘Medida por medida’ tem o poder de levar-nos a uma leitura não apenas do século XVI, mas também dos já conturbados séculos XX e XXI.”

Ato II, Cena 4 – Ângelo:        […] Ó cargo, ó formalidade   

quantas vezes, com tua aparência e vestimentas,

deixas os tolos deslumbrados e prendes até os mais sábios

a tua falsa aparência!  Sangue, não as de sangue!

Mesmo que escrevamos Anjo Bom nos chifres do demônio, 

esta inscrição não deixa o demônio menos demônio.