Grupo de empresários do ramo do entretenimento se une a fim de apresentar plano de retomada gradual do setor. Iniciativa conta com a participação de Grupo TE2 (Business For Fun e Provocateur), Grupo Austral, Opinião, Combo Agência, representantes de casas como Coolture, Complex, Club 688, NY72, Bar1Bar2 e URB Stage e visa trazer alternativas à área que movimentou em 2019 mais de R$ 1 bilhão em eventos realizados no Rio Grande do Sul. 3z473x
O contexto criado pelas medidas de distanciamento social tiveram impacto em todas as camadas econômicas. Entre elas, uma das que mais sentiu foi o setor de entretenimento. Responsável por movimentar mais de R$ 1 bilhão no ano de 2019 com eventos realizados no Rio Grande do Sul, um grupo de empresários gaúchos se reuniu para pensar os caminhos que podem ser trilhados para a retomada da área. A ideia é levar à Prefeitura de Porto Alegre e ao Governo do Estado na próxima semana um estudo com possibilidades e sugestões de reabertura gradual dos locais de entretenimento, tanto na capital gaúcha, quanto na Serra e no Litoral Norte, já de olho no verão.
Fizeram parte do encontro nomes ligados ao Grupo TE2 (Business For Fun e Provocateur), Grupo Austral, Opinião, Combo Agência, Coolture, Complex, Club 688, NY72, Bar1Bar2 e URB Stage. Segundo Tiago Escher, um dos nomes à frente do Grupo TE2, a importância da área para a economia gaúcha é um dos pilares dessa movimentação. “Geramos mais de 50 mil empregos diretos e indiretos anualmente e o faturamento do setor no estado chega à casa dos R$ 20 bilhões, cerca de 5% do PIB do Rio Grande do Sul. Compreendemos o cenário, mas ressaltamos que precisamos caminhar para uma volta ao normal”, avalia.
Eduardo Corte, responsável pelo Grupo Austral, destaca a necessidade de protocolos e um honesto diálogo com o setor. Afinal, o público já parece estar no limite do comportamento e começa a dar sinais mais claros de desobediência civil. “No feriado de 7 de setembro observamos o alto número de eventos clandestinos aqui no Sul. Estimamos que mais de 35 mil pessoas foram às ruas nestes ambientes de lazer noturno e as forças de segurança não conseguiram impedir as aglomerações. Por que, então, não iniciar a retomada gradual do setor? Num ambiente controlado, com credibilidade e responsabilidade, seria muito mais fácil adotar medidas de segurança”, explica.
O grupo de empresários que desenvolve esse projeto — que, por sinal, está aberto e disposto a receber novos participantes — tem o auxílio de médicos infectologistas que tem atuado diretamente no contexto de crise vivido neste período. Todos compreendem que a reabertura é algo possível de ser feito, desde que respeitadas as medidas de segurança previamente apontadas por um corpo técnico do poder público. Por isso, proposições que buscam indicar um modelo interessante de reabertura gradual e quais medidas as casas precisam estar atentas são centrais neste plano que será apresentado.
Já Roberto Huwwari, do Club 688, ressalta que neste contexto de eventos ilegais e saturação das medidas de restrição, é fundamental o envolvimento e engajamento da iniciativa privada para encontrar soluções que atendam todas as necessidades dos diversos personagens da sociedade. “No último final de semana presenciamos novamente cenas de aglomeração na Rua Padre Chagas. Estamos no limite quanto sociedade. É inegável a atmosfera de transgressão civil que parece ganhar força entre parte significativa da população. Por isso, temos que abraçar esse compromisso e encontrar soluções”, pondera o empresário, que vai além:
“A manutenção da paralisação do setor significa desemprego e famílias com menos recursos, impostos que deixam de ser arrecadados e alternativas mais seguras para a saúde emocional e psicológica das pessoas. Afinal, caminhamos para um limite quanto dinâmica de distanciamento. Com tantos anos de atuação na área, confiamos que a participação da iniciativa privada ao lado do poder público pode, sim, promover essa reabertura gradual de forma segura”, conclui Huwwari.
Eliane Tonello lança “Layla e a uva”, em formato impresso e virtual, e quatro idiomas. dd2h
A escritora Eliane Tonello lançou no início de setembro o livro “Layla e a uva”, dirigida ao público infanto juvenil. Aqui ela responde sobre a obra e como tem sido fazer literatura em tempos de pandemia.
Higino Barros
Pergunta: Pelos anos 1980 decretaram a morte do livro impresso. Em 2020, você faz parte da geração que ainda acredita no livro impresso. Livro tem textura, cheiro e outros atrativos que o virtual não tem. Fale dessa opção pelo livro impresso, que já foi visto como um anacronismo.
Resposta: Sobre a ideia da morte anunciada do livro impresso em 1980, acredito que se perdeu no caminho. Percebo uma grande mudança no cenário atual, visto que há um respeito pela particularidade de cada leitor. Em 2020, a pandemia chegou e nos desafiou. Foi então que ei a fazer parte da geração que acredita no livro impresso e no livro virtual e publiquei nos dois formatos, a obra quadrilingue em um só livro
“Layla e a Uva”. O livro em formato e-book possibilitou um alcance maior, o leitor poderá ar a loja da Amazon em diferentes partes do mundo, enquanto o impresso pode ser adquirido com a autora que o envia através da tele-entrega e pelo correio para todo o Brasil. Também aceita pedidos de empresas e instituições.
Pergunta: Voltada para o público infantil/juvenil, a obra pega todas as idades. Intenção era essa?
Resposta: A publicação da obra quadrilíngue em um só livro “Layla e a Uva” está encantando leitores do Brasil e exterior de todas as idades. Como a publicação ocorreu durante a pandemia, a intenção foi aproximar e reaproximar os membros da família de uma forma amorosa. Sem o contato com o mundo externo a personagem Layla nos encanta, utiliza a sua criatividade e apresenta o seu sonho em quatro idiomas. E você
leitor, tens algum sonho? Qual é? A personagem vive em diferentes cenários e cria uma espécie de ponte que possibilita aguçar memórias olfativas, sensoriais, auditivas e gustativas no leitor. Um resgate cultural e afetivo com experiências e percepções significativas que envolvem vínculos afetivos. Mais uma vez, a arte e a criatividade se apresentam como grandes aliados frente à saúde mental. A literatura nos prepara para
a vida e nos salva.
Pergunta: A opção pelos quatros idiomas e o italiano empregado, da serra gaúcha. Como chegou a esse solução?
Resposta: Sou filha da cidade de Rondinha, norte da Serra Gaúcha. Tataraneta de descendentes Italianos vindos da Região de Vêneto – Província de Belluno e Trentino Alto Ágide- Província de Trento. Cresci no campo embaixo dos parreirais escutando o dialeto regional. E publicar a obra “Layla e a Uva” foi uma forma de dar continuidade às
gerações futuras e de mostrar ao mundo a cultura da Serra Gaúcha regada de afeto, sonhos e esperanças. Sem deixar de mencionar o bom suco e o excelente vinho.
Pergunta: O papel da ilustração na concepção da obra. Como foi a escolha do artista e por quê ele?
Resposta: O encantamento com o trabalho do artista Emerson Falkenberg, após conhecer as ilustrações da obra de uma amiga, foi imprescindível para contatá-lo para este projeto. Emerson decifrou meus rabiscos e conseguiu condensar de forma precisa através das ilustrações o cenário que a personagem vivencia com tanta alegria junto com
familiares. A obra é um convite ao leitor para experienciar momentos repletos de afetos, sensações e cheiros. A impressão é que Emerson, ao mesmo tempo em que criava, vivia intensamente cada cena da obra.
Pergunta: Literatura em tempo de pandemia. Como tem sido a experiência para a obra chegar ao leitor.
Resposta: A literatura em tempos de pandemia conquistou um espaço significativo em minha vida. Houve uma aproximação calorosa e significativa com o leitor. Essa vivência eu não tive como leitora infanto-juvenil, quando a figura do escritor era de alguém distante.
A experiência de fazer a obra chegar ao leitor teve algumas particularidades, visto que o contato ocorre exclusivamente através das redes sociais. Isso permite um alcance maior e um contato mais íntimo. Houve reaproximações de amigos da infância e da juventude que permitiram relembrar de forma carinhosa e engraçada de situações
vividas, além de possibilitar novas amizades, sempre com uma boa conversa e infinitas trocas. Enfim, uma experiência afetuosa indescritível com o leitor que jamais teríamos se os livros fossem vendidos nas livrarias, salvo, o momento mágico que ocorre nas sessões de autógrafos. Essa experiencia virtual é nova na minha vida e acho interessante, pois tem
possibilidade de atingir um público maior. Seguimos nessa aposta!
Seleção de obras de arte da Pinacoteca Ruben Berta à disposição, nas redes sociais 5h1j51
A Secretaria Municipal da Cultura (SMC) irá disponibilizar, a partir desta terça-feira, 30, uma seleção de obras de arte da Pinacoteca Ruben Berta nas redes sociais.
Pinturas, gravuras e desenhos produzidos por artistas brasileiros e estrangeiros entre 1943 e 1966 integram a ação denominada Acervo Dialogado, que pode ser conferida na página da Coordenação de Artes Plásticas no Facebook (@artesplasticaspoa), no perfil do Instagram @artesplasticaspoa) e pelo site www.pinacotecaspoa.com.
CARYBÉ “Os caciques” – 1965 óleo sobre tela – 73,0 x 100,0 cm acervo Pinacoteca Ruben Berta / foto F.Zago-StudioZ
Desafio artístico – Os trabalhos serão acompanhados por provocações poéticas e audiodescrições, visando a estimular releituras. A ideia de promover uma conversa criativa surgiu durante o fechamento temporário do museu em função do isolamento social para conter a disseminação do novo coronavírus.
A partir deste projeto, os espectadores virtuais serão desafiados a criar novos trabalhos inspirados nas obras pertencentes ao acervo.
DI CAVALCANTI “Mãe” – sem data guache sobre papel – 58,5 x 49,5 cm acervo Pinacoteca Ruben Berta / foto F.Zago-StudioZ
Todos os tipos de técnicas ou linguagens para criar novas obras são aceitas. Fotografia, colagem, gravura, pintura, poesia, vídeo, áudio, linguagem brasileira de sinais ou qualquer outro meio expressivo, por exemplo. A intenção é expandir as possibilidades de releituras do acervo e fomentar a manifestação das subjetividades no contexto da pandemia.
As obras produzidas pelo público podem ser enviadas pelo e-mail [email protected] ou postadas nas publicações nos perfis do Instagram e do Facebook da CAP.
Todas estas criações serão imediatamente divulgadas nas redes sociais, com a finalidade de criar um meio comunicativo entre a comunidade e o acervo, aproximando a população com a equipe de ação educativa da Pinacoteca através de atividades lúdicas e artísticas.
ANGELO GUIDO “Ribeirinha” – 1948 óleo sobre tela – 40,0 x 50,0 cm acervo Pinacoteca Ruben Berta / foto F.Zago-StudioZ
Artistas Participantes
Alice Soares (Uruguaiana, 1917 – Porto Alegre, 2005)
Angelo Guido (Itália, 1893 – Pelotas, 1969)
Carlos Bastos (Salvador, 1925 – 2004)
Carybé (Argentina, 1911 – Salvador, 1997)
RUBENS MARTINS ALBUQUERQUE “Floresta pré-histórica” – sem data óleo sobre papel – 98,5 x 198,0 acervo Pinacoteca Ruben Berta / foto F.Zago-StudioZ
Di Cavalcanti (Rio De Janeiro, 1897 – 1976)
Lasar Segall (Lituânia, 1889 – São Paulo, 1957)
Mário Gruber (São Paulo, 1927 – Cotia/Sp, 2011)
Rubens Martins Albuquerque (Fortaleza, 1951)
MÁRIO GRUBER “Ouro Preto” – 1966 óleo sobre tela – 46,5 x 55,0 cm acervo Pinacoteca Ruben Berta / foto F.Zago-StudioZ
Exposição “Clara Pechansky y Sus Amigas”, em grande estilo na Gravura Galeria de Arte 85k5x
Higino Barros
Acontece em grande estilo, na próxima semana, a “Exposição Clara Pechansky y Sus Amigas”, que estreou em fevereiro no México. A inauguração será no dia 17 de junho, quarta-feira, com lançamento virtual também nas redes sociais da Gravura Galeria de Arte. A visitação, com o limitado, vai até 17 de julho. Depois, a exposição segue para Gramado, onde estreia em setembro.
Confira quem são as 34 artistas participantes:
Anico Herskovits, Arlete Santarosa, Beatriz Balen Susin, Bebete Luz, Bernardete Conte (Estados Unidos), Claudia Sperb, Clara Pechansky, Cleusa Rossetto, Débora Lora, Eliane Santos Rocha, Ena Lautert, Ermínia Marasca Soccol, Esther Bianco, Fernanda Soares, Flávia de Albuquerque, Graça Craidy, Helena Schwalbe, Liana Timm, Lilia Manfroi, Linda de Sousa (Espanha), Mabel Fontana, Mara Galvani,Marise Zimmermann (Estados Unidos), Marta Loguercio, Miriam Tolpolar, Nara B. Sirotsky, Ondina Pozoco, Rita Gil, Silvia Marsson, Susane Kochhann, Suzel Neubarth, Thalma Rodrigues, Vera Reichert e Zoravia Bettiol.
Clara Pechansky. Foto Lisa Roos/Divulgação
Entrevista com Clara Pechansky, expositora e curadora da mostra
Pergunta: O que caracteriza essa exposição ?
Resposta: É uma exposição a convite da Universidade Autónoma de Sinaloa (UAS), que fica em Culiacán, México. Em 2015 eu fiz uma individual na Galeria Frida Kahlo, da UAS, e em 2018 fui convidada pelo Coordenador de Artes Visuais, Prof. Jorge Luis Hurtado Reyes, a voltar a expor individualmente. Em vez disso, decidi convidar mais pessoas a expor comigo. ei o ano de 2019 organizando essa exposição, que se chama CLARA PECHANSKY Y SUS AMIGAS, e que inaugurei pessoalmente em 3 de fevereiro de 2020, antecedida de duas conferências, uma para alunos de Artes Visuais e outra para colegas artistas. Os eventos e nossa hospedagem, minha e de meu marido, foram patrocinados pela UAS, e presididos pelas autoridades universitárias.
Obra de Clara Pechansky. Quixote com violino e três nus. Foto: Lisa Roos/ Divulgação
Qual foi o critério de escolha das artistas ?
– Decidi convidar somente artistas que trabalham sobre papel, por uma questão de praticidade na remessa das obras. Cada artista enviou 2 obras, uma foi para o México e outra ficou aqui no Brasil.
Porque só mulher? E não incluir amigos.?
– Eu decidi que seria assim. Quando se organiza uma coletiva é necessário ter critérios muito definidos. Foram somente mulheres, de várias gerações e com vários tipos de currículos, mas todas elas com obra de qualidade sobre o e papel. No final, a lista ficou com 33 nomes.
ada a pandemia, esse tipo de exposição, virtual, permanece ou perde importância diante da exposição presencial?
– EM PRIMEIRO LUGAR: NÃO SE TRATA DE UMA EXPOSIÇÃO VIRTUAL. A exposição mexicana permanece aberta em Culiacán, desde 3 de fevereiro de 2020. São 33 obras sobre papel das convidadas, mais 11 obras minhas. Todas as 44 obras foram enviadas ao México e emolduradas pela equipe da Universidade. Quanto à exposição brasileira, será exposta de 17 de junho a 17 de julho na Gravura, com 7 obras minhas e 33 obras das convidadas, num total de 40, todas emolduradas.
A INAUGURAÇÃO SERÁ VIRTUAL, mas a exposição ficará aberta ao público de segunda a sexta das 10 às 18h00. Esta mesma versão brasileira será exposta no Centro Municipal de Cultura de Gramado, entre 5 e 30 de setembro de 2020. A Secretaria da Cultura de Gramado patrocinou o catálogo, que mostra 80 obras, foi levado por mim e distribuído no México e produzido pela artista Liana Timm.
Obra de Clara Pechansky. Mágico sentado.Foto: Lisa Roos/ Divulgação
Quanto à sua pergunta sobre a exposição perder importância se fosse virtual, minha resposta é a seguinte: uma exposição com essas características torna-se histórica. Mesmo que fosse virtual, jamais perderia a importância.
Primeiro, porque tem o respaldo de uma universidade que existe há 147 anos, dedicando-se primordialmente às Artes; segundo, porque foi escolhida para ser a principal atração do XXV Festival Internacional de Cultura de la UAS, entre 6 e 11 de maio (este, sim, foi um Festival Virtual); terceiro, porque infelizmente aqui no Brasil a Cultura está tão desvalorizada que não há qualquer compreensão em relação ao trabalho que dá para organizar, durante um ano, 3 exposições desse porte, que incluem artistas residentes no Brasil e no estrangeiro; e o fato de reunir em um único espaço 34 mulheres de diferentes formações, trajetórias e gerações; por fim , as obras expostas serem um panorama de técnicas sobre papel, desde fotografia, desenho, pintura, xilografia, gravura em metal, colagem e litografia;
O registro destas 3 mostras será um testemunho de uma época, talvez a derradeira possibilidade de reunir num mesmo espaço tantos talentos juntos….
Obra de Graça Craidy. África no Brasil.
Obra de Ena Laudert. Aquarela.Obra de Anico Herskovits. E aprendeu a notar coisas a que não dava atenção.Obra de Zoravia Bettiol/ Lúcifer se diverte- o esforço dos anjos
Bíbi Jazz Band apresenta “Parla piu piano” na paisagem idílica de O Butiá. 553q2z
No próximo domingo , dia 15, Bibi Jazz Band apresenta o show “Parla Piu Piano”, em referência à clássica trilha sonora do filme O Poderoso Chefão (1972). No repertório clássicos italianos da década de 60 e 70, como Via Con Me, do pianista cantor e compositor de jazz, Paolo Conte, considerado um dos artistas mais importantes e inovadores de sua geração. Acompanham a artista André Viegas (guitarra), Rodrigo Arnold (baixo) e Mateus Mussatto (bateria). Bíbi é considerada pela crítica gaúcha a melhor cantora de jazz do Estado.
O show ocorre às 18h, tendo como cenário o pôr do sol do Guaíba. Os ingressos custam R$ 30,00 e é necessário fazer reserva pelo sitewww.obutia.com. O público poderá desfrutar da privacidade de uma praia particular e de mais de dois hectares de jardins com vistas inesquecíveis do entorno, bem como de diversas trilhas nos mais de 80 hectares de mata nativa. A localização da fazenda e como chegar são informadas por e-mail, apenas depois da reserva.
Fotos: Divulgação
SERVIÇO
Jazz na Beira com Bíbi Jazz Band
Quando: 15 de março | Domingo | 18h Ingresso: R$ 30 | Crianças até 10 anos não pagam | Consumação mínima: R$ 30
Reservas somente pelo site www.obutia.com
Cão são bem-vindos, desde que em suas guias
Foto HenriqueTheo Möller/ Divulgação
Bíbi Blue em seis perguntas:
Higino Barros
Pergunta: Como você veio morar na capital gaúcha, depois de morar em outros lugares do Brasil, sendo uruguaia?
Bíbi: Não tenho um motivo exato, ou pontual, uma linha traçada diretamente. Simplesmente teve uma identificação, uma estranha raiz que criou um vínculo, sem nunca ter vivido na cidade. Deve ser a famosa “estética do frio”, que fala o Vitor Ramil, na canção Ramilonga. Senti essa singularidade e diferenças marcantes sendo e estando no sul. Porto Alegre não somente me traz essa sensação, mas o sul em geral, os sul –riograndenses são primeiros gaúchos, depois brasileiros. Semelhante na cultura uruguaia e argentina, um povo de pampa, de serra, de indígenas, nativos, imigrantes, rural e urbano. Todas as formas artísticas, o clima e esse contingente sócio cultural me trouxeram para cá.
Pergunta: Como a música apareceu na sua vida?
Bíbi: Aconteceu de uma maneira indireta. Primeiro eu queria ser advogada. Depois quis ser atriz. Não vou dar a resposta clássica, clichê, de que eu quis sempre cantar, quis sempre ser cantora, que eu brincava com música. Não. Isso aconteceu comigo bem mais velha, já era mãe e tinha outros planos, outros projetos e a vida vem e te dá uma lambada.
Eu tinha amigos músicos que frequentavam minha casa e eles me diziam que eu era afinada, quando a gente fazia cantorias domésticas. Daí fui para São Paulo, trabalhava na Folha de São e o Coral da USP estava selecionando cantores. Fiz o teste e ei. Foi um grande aprendizado. Acho que os coros são grandes domadores de egos, uma coisa comum no meio. Porque você aprende a trabalhar em grupo. Hoje em dia dou aula em um coro em Caxias do Sul e costumo dizer isso para seus integrantes. Os coros são uma grande escola. Você não aprende só a parte técnica, de trabalhar em naipes, da afinação, e do conhecimento rico que o coro pode trazer, mas também a questão de aprender a trabalhar em conjunto. Que é o mais importante.
Acho que a música veio ao meu encontro e não eu vou ao encontro dela. Foi um encontro mútuo, afinal. Porque eu não sonhava trabalhar com isso, não era uma coisa que eu queria. Não foi uma coisa que aconteceu quando eu tinha 16 anos, que é a idade onde maioria começa. Eu comecei a cantar com 26 anos e só me decidi com 28. Ou seja, são só 12 anos de profissional. Foi um encontro, mais do que uma procura.
Pergunta: Porque a opção por cantar jazz?
Bíbi: Por paixão. E paixão não se explica. Ela não tem um motivo direto. Sou movida a paixão e tudo que levanta meus pelinhos do braço eu me entrego. Cantei outros estilos. ei por canto lírico, participei de montagens de óperas quando morei em Florianópolis. Depois fui cantar rock, o que me deu uma base para cantar na noite. Mas nunca que deixei de escutar jazz. Minha mãe tinha muitos discos, incluindo clássicos, blues, rock’in’roll, música tradicional uruguaia. A música uruguaia flerta muito com o jazz, o candombe, que é música afro uruguaia, tem uma levada assim. Exemplo disso é a produção dos irmãos Faturoso que fizeram isso muito bem.
Pergunta: Como vê a cena de jazz no sul. Como vê a predominância masculina nela?
Bíbi: Tenho essa banda há quatro anos e uns meses, tendo ela iniciado em Caxias do Sul. E apesar de reconhecer mesmo a predominância masculina quero ser enfática, mas não quero ser a chata. Mas é inegável essa predominância e uma certa postura de que quem faz música instrumental é melhor do que vocalista. Há uma postura um pouco superior. Quem canta acaba sendo menos reconhecido. E predomina a presença masculina. Tanto que não lembro de banda de jazz feminina aqui. Mas vejo que há muitas produtoras aqui em Porto Alegre; só que elas não têm voz no mercado. Sei que existem bandas femininas aqui, mas elas não aparecem, não são chamadas para festivais, não ganham visibilidade e coisas assim. Isso incomoda um pouco. Falo diretamente de uma coisa que me afeta. Os produtores dos festivais de jazz são homens. E produtores homens assistem somente bandas instrumentais masculinas. Há bandas de jazz femininas muito boas tanto na parte instrumental como na parte de canção. Porque elas não aparecem? Elas acabam indo para outros lugares do Brasil.
Pergunta: Qual a história da Bíbi Jazz Band?
Bíbi: Nos conhecemos em Caxias do Sul e o grupo existe há quatro anos e já participou de festivais internacionais e alguns nacionais. Temos quatro vídeos lançados e vamos lançar alguns em espanhol, para ampliar nosso circuito de apresentação. É formado por André Viegas, guitarra; Rodrigo Arnold, contrabaixo acústico, Mateus Mussato, bateria e Bíbi Blue, voz.
Pergunta: O que o público que for ao Butá vai ver no “Parla Piu Piano”?
Bíbi: É um espetáculo que traz o cancioneiro da música italiana para o universo do jazz. Tem Paolo Conte, Pepino de Capri, além de outros clássicos de uma fase mais romântica que o público brasileiro se acostumou a ouvir no ado. Em abril vamos nos apresentar em Caxias do Sul com nosso repertório tradicional.
28 fotógrafos mostram múltiplos olhares, visões e fragmentos sobre Porto Alegre 4m1b6v
Imagens que traduzem diferentes visões e fragmentos sobre Porto Alegre, sobre a natureza, sobre o concreto, sobre o mundo. Assim é a exposição “Múltiplos Olhares: 28 fotógrafos” que nasceu da iniciativa do curador, arquiteto e artista visual Fábio André Rheinheimer. Ele desafiou profissionais da fotografia a mostrarem suas diferentes interpretações e olhares em imagens que estarão na mostra, que será inaugurada no dia 3 de março, das 17h30 às 20h no Espaço Cultural Correios (Av. Sete de Setembro, 1020, no Centro Histórico). A exposição fica em cartaz até o dia 29 de março, com entrada franca.
Foto: Fábio Petry/ Divulgação
Cada fotógrafo contribuiu com 2 obras para essa exposição composta por 56 imagens. Parte desse material foi produzido durantes duas saídas de campo, realizadas em janeiro, pelo Centro Histórico. A ideia era homenagear Porto Alegre, em seu mês de aniversário, e também mostrar os múltiplos olhares dos fotógrafos – a maioria residente na capital gaúcha – sobre o mundo.
Foto: Tiago Jaques/Divulgação
Na mostra, estão registros de Ana Fernanda Tarrago, Andréa Barros, Andréa Seligman, Alexandre Eckert, Aníbal Elias Carneiro, Bia Donelli, Clara Koury, Douglas Fischer, Eduardo Grazia, Fábio Petry, Flávia Ferme, Flávio Wild, Helena Stainer, Iara Tonidandel, Ivana Werner, Laércio de Menezes, Leandro Facchini, Leonardo Kerkhoven, Manoel Petry, Marcelo Filimberti, Marcelo Leal, Nattan Carvalho, Paulo Mello, Rafael Karam, Rogério Soares, Sílvia Dornelles, Tiago Jaques e Victor Ghiorzi.
Foto: Rafael Karam /Divulgação
Fábio André Rheinheimer explica que a exposição foi concebida a partir da interação entre elementos aparentemente desconexos, elementos do portfólio de 28 profissionais. “A partir destas parcelas – imagens extraídas do contexto – organizam-se outras possibilidades do ver, novas ressignificações. Neste percurso, eis o espectador a delinear, segundo apropriação particular), a elaboração hipotética de outros (ou novos) relatos, tendo por objeto a livre inter-relação entre produções distintas”, descreve.
Foto: Manoel Petry / Divulgação
Dessa forma, a partir da visão dos expectadores sobre os múltiplos olhares dos fotógrafos surgem novas imagens e olhares. “É a elaboração de um diálogo plural (segundo fragmentos de produções distintas, sem jamais o pretender definitivo ou absoluto), de domínio exclusivo do espectador, autor de releituras e narrativas poéticas a partir de imagens que, mesmo condenadas à estagnação de um momento, eclodem numa profusão de novas apropriações simbólicas”, finaliza no material de divulgação da mostra, Rheinheimer.
Foto: Leonardo Kerkhoven/ Divulgação
Múltiplos Olhares: 28 fotógrafos
Curadoria Fábio André Rheinheimer
Abertura: 3 de março, coquetel das 17h30 às 20h.
Visitação: de 4 a 29 de março de 2020 – terça a sábado, das 10h às 18h; domingo, das 13h às 17h.
Espaço Cultural Correios, Av. Sete de Setembro, Nº1020, Centro Histórico, Porto Alegre RS.
Foto: Leandro Facchini /Divulgação
ENTREVISTA COM O CURADOR FÁBIO ANDRÉ RHENHEIMER
Higino Barros
Pergunta: A mostra traz o trabalho de 16 homens e dez mulheres. é significativa a presença feminina. O que caracteriza a foto delas? e a dos homens?
Resposta: De forma bem resumida, pode-se dizer que o processo de curadoria envolve vários elementos: o espaço expositivo, o conceito (tema) abordado, as referências teóricas, o número de participantes, as dimensões das obras dentre outros condicionantes, que associados determinam a “construção” de uma exposição. Neste processo, a quantificação quanto ao gênero, nunca me pareceu relevante e, também, nunca o fiz. Na verdade, antes destes números aqui apresentados, eu não havia quantificado a participação masculina e feminina nesta mostra. O meu interesse é superior a isto, apenas a obra do profissional. Minha posição é tratamento igualitário sempre; e não vejo distinção quanto à qualidade final dos trabalhos, que é o que me interessa. Ou não há disso na hora de fotografar? Na minha concepção, existem os profissionais e suas percepções de mundo, pontos de vista distintos quanto à arte da fotografia, bem como interesses muito particulares no que se refere aos elementos que podem (ou não) contribuir no desenvolvimento de seus processos de trabalho. Portanto, minha parte é selecionar e avaliar as obras, em sintonia com o conceito proposto (e demais elementos), ora a partir dos portfólios, ora “sobencomenda“. Neste caso, usualmente organizo saídas a campo, quando assim parece ser interessante. Segmentar os profissionais da fotografia entre homens e mulheres me parece não só inadequado, mas também profundamente arcaico. Esta etapa, felizmente, espero que já tenhamos superado. Não falo de escolher e sim do ato de fazer arte, digamos. Parte delas exerce outra profissão, sendo a fotografia uma atividade diletante. Como analisa isso? Os meus 33 anos de experiência profissional nas artes visuais, me fazem acreditar que toda e qualquer atividade “extra” pode contribuir de forma a agregar valor ao trabalho dos artistas, em todas as técnicas indistintamente, e na fotografia não penso que seja diferente. Veja minha situação: uso de meu conhecimento enquanto arquiteto e urbanista no meu trabalho artístico, o que me facilita e muito. Por exemplo, o exercício tridimensional de concepção de um espaço qualquer, ou edificação, também emprego quando proponho objetos de arte, ou esculturas. Acredito que toda e qualquer qualificação profissional é sempre bem-vinda, e pode sim fazer diferença na concepção e desenvolvimento das obras. Enfim, a amplitude de horizontes pode estimular e consolidar outras possibilidades do fazer artístico no âmbito particular, mas isto só ocorre a partir de um processo criativo continuado, e, portanto, exige muito trabalho… ou não frutifica.
Foto: Laércio de Menezes/Divulgação
Pergunta: Qual a avaliação que você faz sobre a cena fotográfica de Porto Alegre?
Resposta: Na minha percepção, existe uma fixação, por parte de muitos fotógrafos que, restringindo o foco a questões técnicas, inviabilizam outras formas de pensar e criar na área da fotografia. Esta postura não impede a continuidade da produção destes profissionais, porém é certo que outras formas do fazer artístico poderiam ocorrer, por exemplo, se usassem como referência a história da arte, a direcionar um processo permanente e continuado do exercício da fotografia. Outro aspecto que observo é a recorrente discussão se a fotografia realizada com telefone celular é melhor (ou pior) da feita com câmera tradicional. Este tipo de enfrentamento me parece tolo, pois o resultado final é que validade do processo. Enquanto profissional das artes visuais, penso que as questões técnicas são relevantes, porém jamais devem ser limitadoras da criatividade. Por exemplo, o artista usa a técnica e quando for lhe parecer interessante a subverte, sem problema algum de consciência. Nas artes, não acredito em progresso sem que haja ruptura, ou seja, sair da zona de conforto é arriscado, é preciso acima de tudo coragem, mas pode valer a pena.
Foto: Ivana Werner/ Divulgação
Pergunta: Como é a situação de espaços para exposições na aldeia? É satisfatório o número, há falta ou sobra?
Resposta: Vivemos, como bem disseste, numa aldeia. Nossa pequena Porto Alegre tem bons espaços, muito embora, é recorrente a falta de investimentos na qualificação destes. Por exemplo, a questão da iluminação, elemento fundamental para uma exposição, nem sempre é satisfatória em ambos aspectos quantitativo e qualitativo.
Foto: Helena Stainer /Divulgação
Pergunta: Como analisa o mundo da arte em tempos tão conturbados politicamente como o de hoje? Basta lembrar que o fechamento da exposição Queer, aconteceu aqui no Santander Cultural.
Resposta: O mundo se apresenta complexo em vários aspectos e a inexistência do distanciamento histórico, imprescindível para compreender, elucidar este momento, não facilita este processo. É indiscutível que a arte, esta necessidade de expressão intrínseca ao humano, sobreviverá a tudo e a todos. A história da humanidade nos elucida, com fatos concretos, que ideias radicais não orientam o melhor caminho a seguir. Entretanto, posturas diametralmente opostas entre si, proporcionam maior espaço para o diálogo. Isto sim. Atuar nesta direção exige comprometimento e disposição de todos para que se realize. Neste momento, é como se o planeta precisasse de novas respostas, a questões antigas e ainda não elaboradas, porém o melhor caminho (sempre) é buscar o entendimento. Quanto à mostra ‘Queer’, não vi, portanto não irei, tampouco posso, emitir opinião.
André Damasceno, um dos grandes nomes da comédia brasileira, faz estreia nacional do seu novo show “Não Me Faz Te Pegar Nojo!” no dia 24 de janeiro, às 21h, no Teatro da AMRIGS (Av. Ipiranga 5311), dentro do Porto Verão Alegre. No palco, o humorista conta os 35 anos do Magro do Bonfa, reúne seus melhores textos e relembra os personagens mais queridos do público. O espetáculo terá participações especiais dos humoristas Maikinho Pereira e Índio Behn.
André trabalhou na Escolinha do Professor Raimundo, do Chico Anysio, na Rede Globo, e atuou ao lado de grandes nomes do humor como Agildo Ribeiro, Lúcio Mauro, Brandão Filho, Walter D´Ávila, Costinha, entre outros. Também na emissora carioca, esteve de 2003 a 2015, no Zorra Total, atuando ao lado dos novos nomes do humor como Fábio Porchat, Marcus Melhem, Leandro Hassum, Fabiana Karla, Heloísa Périssé, Katiuscia Canoro e Marcos Veras. “O público vai conhecer a história do Magro do Bonfa e histórias hilariantes da minha carreira e do convívio que tive com a velha e nova geração do humor”, afirma Damasceno.
André Damasceno iniciou no humor em 1985. De lá para cá, já realizou mais de 3 mil espetáculos e já foi assistido por mais de dois milhões de pessoas.
CINCO PERGUNTAS AO HUMORISTA: Higino Barros Pergunta: O que caracteriza esse espetáculo? Ele tem uma linha de condução? André Damasceno: O espetáculo é comemorativo dos 35 anos do personagem o Magro do Bonfa, criado quando eu dava aula de Matemática no curso Pré Vestibular Universitário. Ele era um aluno do bairro Bom Fim e daí surge o nome, Magro do Bonfa, malando do Bonfa. O espetáculo também leva os textos mais queridos do público. Que eles sempre pedem, assim como os personagens mais queridos dos meus 35 anos de história. Pergunta: Quem o influenciou como artista? AD: Recebi muita influência do Juca Chaves. Inclusive tomei a decisão de ser humorista, aos 22 anos, quando estudava Engenharia Civil na PUC, depois de assistir o Juca Chaves no antigo teatro da Ospa, na Independência. Me formei em Engenharia e fui dar aula da Matemática. Dava aula de manhã e de tarde e de noite fazia stand up. Em 1984 fiz meu primeiro show, no bar Opinião. Fiquei dando aula de 1984 até 1990.
Resolvi me dedicar à carreira de humorista e em 1993 levo a fita para a Globo. A fita cai na mão do Chico Anísio e ele me convida para fazer a Escolinha do Professor Raimundo, com o personagem o Magro do Bonfa. Pergunta: Você faz o tipo de humor gaudério, usando expressões típicas da aldeia? Isso é um limitador ou uma vantagem, em termos de alcance de público? AD: Eu nunca fiz humor com expressão gaudéria nem gaúcha porque eu sempre quis que meu texto fosse nacional e universal. Eu sei que o show que faço em Porto Alegre pode ser feito em Maceió, no Rio de Janeiro, no Piauí e em São Paulo.
Eu sempre tive a preocupação de não regionalizar meu texto. Se fizesse isso ficaria preso ao humor do Rio Grande do Sul. E não ia conseguir levar o humor gaúcho para o Brasil. Essa foi a estratégia. Não usar termos gaudérios. Mesmo porque se eu for usar esse linguajar fora do Rio do Grande do Sul ninguém iria entender Pergunta: O que gostaria de não fazer em palco? AD: O que eu gostaria não de fazer. O que nunca fiz. Fazer humor escatológico, brincando com religião, e com opções sexuais e tais. Isso nunca fiz. Pergunta: Como vê os tempos de hoje para humor? AD: Mudou um pouco a escala de valores das pessoas e existe o politicamente correto. Mas como nunca fui politicamente incorreto para mim não está tendo problema nenhum. Eu sempre posso brincar com tudo sem ferir suscetibilidades.
Serviço
O que:show Não Me Faz Te Pegar Nojo!, com André Damasceno
Quando: 24 de janeiro de 2020
Horário: 21h
Onde: Teatro da AMRIGS (Av. Ipiranga, 5311)
Ingressos: R$ 40,00 (na hora), R$ 32,00 (antecipado promocional) e R$ 20,00 (estudantes e idosos)
"A Tempestade" na celebração de Fábio André Rheinheimer 3mi4r
Um dos mais ativos agente cultural e curador de artes plásticas de Porto Alegre, o artista visual e arquiteto Fábio André Rheinheimer celebra 33 anos de sua primeira exposição individual com “A Tempestade”. Agora ele deixa o papel de pedra para se tornar vitrine. O cenário de cultura e artes no Estado na década de 2010/2019 foi cheio de percalços, avanços, recuos e conquistas já que, como disse a ex- presidenta Dilma Roussef, “não está fácil pra ninguém”. No meio desse emaranhado da cultura da aldeia emergiram artistas fazendo o que eles mais gostam e sabem fazer, mostrar seus trabalhos, ao lado de gerações anteriores que nunca deixaram o facho de luz da civilização e da arte local se apagar. Assim, toda vez que a roda da cultura se move, através de seus artistas tarefeiros, de instituições oficiais e privadas, público e outros agentes, Porto Alegre se justifica no verão ( e no resto do ano) exercendo sua condição de esquina do mundo. Que isso se repita muitas e muitas vezes nessa década que iniciou agora em 1920, são os votos da redação do JÁ Porto Alegre. Higino Barros André Rheinheimer celebra 33 anos de sua primeira exposição individual. Fotos: Juliana Baratojo/ Divulgação
O texto abaixo é da jornalista Tatiana Csordas
“A exposição “A Tempestade” tem vernissage na quinta-feira, dia 9, das 17h30 às 20h, no Espaço Cultural Correios (Av. Sete de Setembro, 1020 – Praça da Alfândega – o pela Avenida Sepúlveda). A mostra fica em cartaz até o dia 9 de fevereiro de 2020. Entrada franca.
“Ao longo dos 33 anos de atuação nas artes, Rheinheimer participou de diversas exposições coletivas, individuais e salões de arte, apresentando obras como artista e como curador. “A Tempestade” é fruto de um projeto de pesquisa estabelecido a partir do exercício pictórico, em que o resultado são fotografias, registros desse processo.
Durante a pesquisa, que levou às obras da exposição, o artista alterou as pinturas continuamente, sobrepondo umas às outras compondo assim novas imagens, que surgiam e se extinguiam sucessivamente, em um processo de constante transformação. O resultado são paisagens marítimas, sob efeito de intensa agitação atmosférica, em obras com densa carga dramática. “É um projeto que representa pontualmente uma parcela das possibilidades desenvolvidas até o momento e que ainda pode ganhar novas formas”, revela o artista.
“Esse projeto tem por referência dois elementos fundamentais, que se relacionam: a produção dos artistas impressionistas e o estilo ukiyo-e, um gênero de xilogravura e pintura japonesa”, explica o artista. Entre importantes nomes que se dedicaram ao estilo ukiyo-e destaca-se a produção de Katsushika Hokusai, que tem em A Grande Onda de Kanagawa sua obra mais célebre, que acabou servindo como um dos principais elementos de referência teórica para Rheinheimer.
As imagens selecionadas para esta mostra são os registros de uma contínua investigação pictórica. “A Tempestade” é composta por 16 obras impressas em tecidos diversos com grandes dimensões e em adesivo sobre PVC. Entre esses materiais estão tecidos utilizados normalmente na decoração e na moda, como Linarte, Linho Madrid, em uma parceria com a Casa Rima, e neoprene. As fibras apresentadas em grandes dimensões, de 1,40 m por 2,30 m, dão novas cores e características às obras pela estrutura de seus fios, compondo quase que uma nova criação a partir das pinturas originais.”
Exposição “A Tempestade” de Fábio André Rheinheimer Local: Espaço Cultural Correios Endereço: Av. Sete de Setembro, 1020 – Praça da Alfândega – o pela Avenida Sepúlveda Vernissage: 9 de janeiro, das 17h30 às 20h Período: Até 9 de fevereiro de 2020 Visitações: de terça a sábado, das 10h às 18h, e aos domingos, das 13 às 17
IEL promove mesa-redonda e lança fascículo digital em homenagem a Aldyr Garcia Schlee im60
Dentro da programação do Instituto Estadual do Livro (IEL) na Feira do Livro de Porto Alegre está uma mesa em homenagem ao escritor Aldyr Garcia Schlee (1934-1918) e o lançamento do fascículo biobliográfico “Escritores Gaúchos – Série Digital: Aldyr Garcia Schlee”. O evento será realizado no próximo sábado, dia 2 de novembro, às 14h, na Sala O Retrato do Centro Cultural CEEE Erico Verissimo (Andradas, 1223), com entrada franca.
Editado pelo IEL, instituição da Secretaria de Estado da Cultura do RS, o volume será disponibilizado gratuitamente na internet, através do endereço eletrônico ielrs.blogspot.com e conta com relatos, imagens e trechos da obra que resgatam a trajetória do autor homenageado, bem como sua última entrevista. Participam da atividade Alfredo Aquino, Luiz-Olyntho Telles da Silva e Maria Eunice Moreira.
"Os Donos do Inverno", novo livro de Altair Martins: uma viagem ao Sul profundo 6u4o4e
Altair Martins autografa na Feira do Livro, no dia 17/11, às 17 horas. Foto de Santiago Martins/ Divulgação
Geraldo Hasse
Dois irmãos separados por brigas familiares se reencontram depois de 20 anos e empreendem uma viagem de carro de Porto Alegre a Buenos Aires. Esse é o resumo do livro Os Donos do Inverno (255 páginas, Dublinense, 2019), recém-lançado por Altair Martins, “um dos mais surpreendentes escritores de sua geração”, segundo o crítico José Castello. Martins tem 45 anos, é professor de literatura na PUCRS e já ganhou alguns prêmios com suas ficções marcadas pela dor de ser humano.
O caso deste livro é assim mesmo: os irmãos adolescentes tiveram uma briga de socos no dia do enterro do irmão mais velho, após o que cada um sai para seu lado e nunca mais se vêem até combinar a viagem ao Sul. Uma viagem maluca cujo objetivo é: levar os ossos do irmão falecido ao Hipódromo de Palermo, na capital argentina, onde ele exerceria sua profissão (jóquei) caso não tivesse a carreira interrompida pelo acidente. Os ossos vão num saco plástico dentro de uma caixa de isopor. Para evitar problemas na BR-116, descem por São José do Norte.
No terceiro dia, a grande aventura termina na corrida noturna de segunda-feira em Palermo. É uma ficção bem posta na pista pois contém elementos da realidade: o pai de Altair Martins era jóquei e empresta seu nome profissional (C. Martins) à personagem representada pelos ossos dentro da caixa de isopor. O irmão chamado Elias é professor de biologia e tem o dom de conversar com os cavalos. O outro, Fernando, é o motorista que trabalha com um táxi e costuma concordar com tudo o que dizem seus ageiros.
Viajando por um mil e tantos quilômetros ao longo da paisagem do litoral, os dois irmãos, mais o falecido, ream a época em que viveram, os três, no mesmo quarto, dividindo um beliche e uma cama, na cidade de Guaíba, hoje com 100 mil habitantes, mas na década de 70 pouco mais do que um bairro separado da capital por um mundaréu de água que alguns dizem ser rio e outros, lago. Na realidade, Guaíba pode ser uma figuração da Palermo de Porto Alegre, assim como Palermo poderia ser o Cristal de Buenos Aires.
Para compreender certas metáforas, não é preciso conversar com cavalos. O fato é que o autor desta resenha não se lembra de ter lido qualquer ficção que tenha cavalos de corrida como personagens. Por isso, se cogita até de realizar uma sessão de autógrafos no Hipódromo do Cristal, onde se encontram pessoas que conviveram com o C. Martins de verdade e talvez se disponham a apostar R$ 44,90 no livro de um escritor que ite fazer “ficção a partir de alguma realidade”. É o que fazem muitos escritores, embora não itam a mescla do vivido com o inventado.
Sem dúvida, não é preciso ser turfista, basta ser gaúcho para aceitar que um dos irmãos viajantes tenha o dom de entender-se com os cavalos. Sem nunca perder a mão, o autor esmera-se numa “tocada” capaz de restabelecer o clima da literatura conhecida, nos anos 1970, como o realismo mágico ou fantástico.
Segurando bem as rédeas de sua história, Altair Martins faz uma rica viagem ao Sul profundo, esse sul mítico que liga Porto Alegre às duas capitais do Prata. Uma viagem de resgate, de busca de identidades extraviadas. Sem dúvida, uma bela história que registra a travessia São José do Norte-Rio Grande, a agem por Santa Vitória do Palmar e Punta del Este.
Em Montevidéu, os irmãos reconciliados encontram um veterano que afirma ter trabalhado em Porto Alegre com Rubén Paz, quando este jogou no Internacional. O sujeito mora na Calle de La India Muerta, nos confins da cidade. A narrativa mistura fatos naturais a aspectos lendários. Em Colonia do Sacramento, um encontro mítico com a História com H.
Em Buenos Aires, por fim, parece perfeitamente natural que os cavalos falem com os hermanos visitantes e estes os compreendam, servindo tais façanhas como incentivo à reconciliação das sociedades latino-americanas separadas por pequenas barreiras e unidas por línguas parecidas. Por coincidência, no livro, os cavalos do Brasil, do Uruguai e da Argentina falam a mesma língua. Para ellos, no hay problemas.