Mostra de Graça Craidy no Memorial Ucraniano promove encontro de Clarice Lispector com suas origens 1ng2q

Depois de mais de 103 anos de seu nascimento, em 10 de dezembro de 1920, e 46 de sua morte, em 9 de dezembro de 1977, a escritora Clarice Lispector finalmente encontra, ainda que simbolicamente, o povo e as tradições da terra onde nasceu, a Ucrânia. 4r2w19

Por meio da arte, desde sexta-feira (5/7), a autora está abrigada no Memorial Ucraniano, no Parque Tingüi, em Curitiba, que sedia a exposição “Clarices”, da artista visual gaúcha Graça Craidy. Reunindo 20 pinturas, nas quais a escritora é retratada em diversas facetas de sua vida, a mostra permanecerá aberta à visitação até o final do ano.

A artista no Memorial Ucraniano/ Divulgação

A exposição foi destacada no site do Congresso Mundial Ucraniano, entidade fundada em 1967, que representa os interesses de mais de 20 milhões de ucranianos na diáspora, unindo comunidades e organizações ucranianas em mais de 60 países, por “uma Ucrânia europeia, democrática e próspera”.

Vitorio Sorotiuk, artista Graça Craidy e cônsul Mariano Czaikowski, da esq p. dir./ DEivulgação

O cônsul honorário da Ucrânia, Mariano Czaikowski, presente ao vernissage, destacou ser importante valorizar a memória e a obra de Clarice, em especial no difícil momento vivido pela Ucrânia, em guerra com a Rússia desde que foi invadida e atacada em 24 de fevereiro de 2022.

A exposição, sob a coordenação da Fundação Cultural de Curitiba, também foi saudada pelo presidente da Representação Central Ucraniano-Brasileira (RCUB), Vitorio Sorotiuk, citado na notícia, em inglês, do site da entidade internacional. O Paraná é o estado brasileiro que abriga o maior número de imigrantes e descendentes de ucranianos.

Clarice nasceu em Tchechelnik, na Ucrânia, então pertencente à Rússia, quando sua mãe, Mania, o pai, Pinkhas, e suas irmãs, Elisa e Tania, fugiam da perseguição e ataques aos judeus. A família, com a recém-nascida nos braços da mãe, alcançou a Romênia e a Alemanha, onde embarcou em navio para o Brasil.

Clarice nunca mais voltou à terra que a viu nascer e em cujo solo nunca pisou, embora tenha vivido na Europa depois de casada. Ela naturalizou-se brasileira em 1943, no Rio de Janeiro, onde morreu de câncer, aos 57 anos.

O Paraná é o estado brasileiro que mais abriga ucranianos – entre 500 mil e 600 mil imigrantes e descendentes -, dos quais cerca de 70 mil radicados na sua capital. O Memorial Ucraniano foi inaugurado em 1995 em homenagem ao centenário da chegada dos primeiros imigrantes ao território paranaense.

 Contexto especial

Por esse contexto, essa montagem de “Clarices” é especial, na avaliação da artista Graça Craidy. “É como se a nossa querida e magistral escritora estivesse voltando para o lugar onde nasceu, pois o memorial é uma espécie de ‘embaixada’ cultural da Ucrânia”, diz a pintora, empenhada em difundir a obra clariciana entre os jovens. Na mostra, alguns livros da autora estão à disposição dos visitantes.

Na mostra, que já foi vista em Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Niterói, Brasília e Florianópolis, Graça apresenta Clarice em diferentes papéis: a escritora trabalhando em casa com a máquina de escrever no colo e o cigarro nos lábios; como esposa de diplomata que vivia no exterior dividida entre a vida conjugal e o desejo de autonomia; a mãe de dois filhos; a tutora do cão Ulisses, por exemplo.

Memorial Ucraniano, em Curitiba, abriga exposição Clarices, de Graça Craidy/ Divulgação

Em 25 de agosto (domingo), o Memorial Ucraniano promoverá festividades alusivas à data da independência da Ucrânia, como a leitura de textos de Clarices, considerada a maior escritora modernista brasileira, no espaço da exposição.

 

  SERVIÇO

 Exposição “Clarices”, da artista visual Graça Craidy

Local: Memorial Ucraniano, em Curitiba, no Parque Tingüi

Endereço: Rua Dr. Mbá de Ferrante s/nº, Pilarzinho, Curitiba

Período: de 5 de julho até o final de 2024

Visitação: de terça a domingo, das 10h às 13h e das 14h às 18h

Entrada gratuita