Tornou-se insustentável a posição de Carlos Lupi no Ministério da Previdência depois das informações divulgadas nos últimos dias pela advogada Tonia Galleti. 2u5z6n
Ex-conselheira do INSS, onde representava o Sindinapi, a advogada declarou ao Globo que já em fevereiro de 2023, nos primeiros dias do atual governo fez alertas ao ministro sobre as fraudes nos descontos de aposentados e pensionistas.
Mais: numa das primeiras reuniões do Conselho Nacional da Previdência, em junho de 2023, ela sugeriu que a questão dos descontos indevidos fosse incluída na reunião. Lupi alegou que a pauta já estava pronta e adiou o assunto.
Atas das reuniões adas à imprensa mostram que o ministro nada fez e só foi tomar as primeiras providências um ano depois.
Os descontos indevidos na folha de pagamento dos aposentados e pensionistas do INSS configuram uma das maiores fraudes já registradas no país.
Uma auditoria feita pela Controladoria Geral da União estima que mais de R$ 6 bilhões foram indevidamente reados a associações e entidades sindicais que tem Acordos de Cooperação Técnica com o INSS, que permitem descontar em folha mensalidades ou contribuições para essas entidades.
Os números ainda são parciais, mas estima-se que 7,7 milhões de aposentados e pensionistas foram lesados em todo o pais.
O INSS já garantiu que vai devolver todos os descontos feitos indevidamente e a Polícia Federal já fez cinco prisões e apreensões de bens e imóveis numa operação desencadeada na semana ada.
Segundo a auditoria da AGU, as fraudes começaram em 2019, no governo Bolsonaro, quando foram flexibilizadas as regras para os descontos na folha de pagamentos do INSS.
A Auditoria, iniciada em 2024 e concluída no início deste ano, envolveu 11 das 33 entidades que tem Acordos de Cooperação Técnica com o INSS e que respondem por 94% dos rees feitos até maio de 2024.
Das 11 associações auditadas, dez foram criadas entre 2019 e 2022, ano em que cinco entidades firmaram ACTs com o INSS. Só uma foi criada a partir de 2023, quando iniciou o atual governo . Os rees explodiram de R$ 640 milhões em 2019 para R$ 2,6 bilhões em 2024.
A leniência de Lupi em relação às fraudes ameaça jogar no colo do governo Lula um escândalo monumental que tem raízes no governo Bolsonaro e que só no atual começou a ser investigado.
Lupi, ex-presidente do PDT, é peça chave nas alianças do governo para as eleições de 2026 e as pressões para derrubá-lo crescem dos dois lados – da oposição a Lula, que vê em sua demissão por conta das fraudes um forte desgaste para o governo, e de aliados que são críticos da atuação de Lupi à frente do ministério.