Uma embolia pulmonar matou Voltaire Schilling, aos 77 anos, no domingo dois de janeiro, em Porto Alegre, onde nasceu. “Notável professor”, resume Sérgius Gonzaga, escritor e professor de literatura, que foi seu aluno no Colégio Israelita, em 1972, e amigo a vida inteira. 3s6y1u
Leitor insaciável, Schilling começou a dar aulas antes de se formar em História e se tornou lendário pela abrangência de seus conhecimentos e pela capacidade de transmití-los com humor e clareza. “Uma aula dele sobre a Grécia era um espetáculo: ele trazia música, as artes, os costumes, a política, os filosofos, os poetas…encantava”, lembra Sérgius Gonzaga.
Fora das aulas de história, Voltaire Schilling escrevia para esclarecer sobre questões incômodas e, talvez por isso, não teve o espaço que merecia nos meios locais e mesmo nacionais.
Ele mesmo há muito se queixava a amigos que não o chamavam, “nem para entrevistas”.
Em 1985, foi um dos fundadores do jornal JÁ e colaborador assíduo nos primeiros números. No primeiro número escreveu “O lodo e a solidão”, denso artigo sobre as semelhanças da ditadura argentina com o nazismo.
Seguiram-se “A tortura na História”, “50 anos de um malogro”, sobre a intentona comunista e “A Praga de Kafka”.
Os títulos de seus livros ( 16 livros, segundo a secretaria de cultura) são eloquentes: “A revolução chinesa: colonialismo, maoísmo, revisionismo” (1984), “O nazismo: breve história ilustrada” (1988), “Momentos da história: a função da história na conjuntura social” (1988) e “O conflito das idéias” (1999).