Dois fatores subjetivos devem se incluídos entre os riscos embutidos na decisão que o governador Eduardo Leite anunciou nesta segunda feira, de concorrer à reeleição nas eleições de outubro.
A quebra do auto proclamado princípio contra a reeleição e a “maldição” que ronda os habitantes do Piratini, que não se reelegem ou fazem sucessor (sem contar os tempos de exceção, é claro) já vai para meio século.
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Desde o primeiro dia, vislumbrando vôos mais altos, Leite disse que não concorreria à reeleição, não por uma questão particular, mas por princípio. Ele é contra o princípio da reeleição em vigor na lei eleitoral brasileira, desde 1990.
Foi dito e escrito que se não fosse candidato à presidência, ficaria quatro anos em estudos fora completando sua formação, para voltar candidato.
As tentativas de ser candidato à presidência, dentro e fora de seu partido, o PSDB, fracassaram. Chegou a renunciar ao governo para tentar ser o nome de uma candidatura de terceira via, na disputa eleitoral polarizada entre Bolsonaro e Lula. Não deu certo.
O discurso, agora, é de que o governador foi convencido pelas forças que apoiam seu governo – um manifesto de grandes empresários chegou a circular – a desistir dos quatro anos de estudos no exterior, esquecer a promessa que fez aos eleitores e aliados, e lançar-se candidato para defender e levar adiante seu projeto.
Seu projeto é um programa de ajuste fiscal que culminou há poucas semanas com a aprovação do congelamento de investimentos públicos, deprimidos há décadas.
O equilíbrio que obteve nas contas é instável, mais contábil que real. Beneficia-se de conjuntura e receitas transitórias.
Os serviços públicos estão precarizado pelo corte prolongado das verbas de custeio. Os salários dos funcionários estão sem reajuste há sete anos. Há quase cinco anos o governo não paga as parcelas da sua dívida com a União, na expectativa de um acordo que tem pouca chance de ser cumprido.
Com a máquina a seu favor, o governador desponta como favorito na campanha que já tem sete candidatos no Rio Grande do Sul.
Em nome do realismo, porém, convém lembrar que outros favoritos à reeleição, alguns até com mais cabedal que Eduardo Leite, não conseguiram convencer o eleitor gaúcho que mereciam mais quatro anos para “completar sua obra”.
Eleições 2022: PSTU lança pré-candidatas com críticas ao PT e à “politica da conciliação” 6v6c2j
O PSTU e o Polo Socialista Revolucionário lançaram no sábado, 04, como pré-candidata ao governo do Rio Grande do Sul nas eleições de outubro, a educadora Rejane de Oliveira. Ativista sindical, negra, socialista e duas vezes presidente do ERS, ela é a única candidata feminina ao cargo no Rio Grande do Sul.
No evento, com a presença de Vera Lúcia, pré-candidata à Presidência da República pelo partido, foram lançadas também as candidaturas de Ana Rita à deputada estadual e Nikaia Vitor à deputada federal.
“Só um partido como o PSTU, profundamente enraízado com suas origens e práticas populares tem a coragem de lançar duas mulheres, negras e socialistas, a cargos de tal envergadura nas eleições de 2022 “, discursou Rejane de Oliveira.
As pré- candidatas fizeram críticas ao governo federal e ao estadual. “Os governos de direita e liberais no Brasil, praticam cada vez mais uma política de extermínio contra negros, pobres, populações indígenas, trabalhadores do campo e da cidade, além de de grupos minoritários. Eles decidiram que nós vamos morrer. Pois essas nossas pré-candidaturas através do PSTU e do Polo Socialista Revolucionário, é justamente para dizer isso; Nós decidimos que não vamos morrer. Vamos lutar por uma sociedade mais justa e na crença que um outro mundo é possível”, falou a pré- candidata ao governo gaúcho.
Críticas ao PT e ao PSOL
Rejane de Oliveira também criticou a política de conciliação do PT com partidos e nomes que contribuíram para a derrubada da ex-presidente Dilma Roussef da presidência da República em 2016, afirmando que o PT, “em nome da escolha do menos pior, se alia a golpistas”, referindo-se à presença do ex-governador Geraldo Alkmin, do PSDB, como vice na chapa de Lula.
No âmbito estadual a pré-candidata do PSTU criticou igualmente o PSOL,” em aceitar acordo com quem sempre divergiu. Nós do PSTU temos coerência e princípios que não mudam”.
A pré candidata à presidência da República, Vera Lúcia, destacou em sua fala que a primeira medida a ser tomada em governo do PSTU, é a taxação das grandes fortunas brasileiras. “Para resolver o problema da fome, da falta de moradia, da saúde, de saneamento e outros que afligem a população pobre do País, nós vamos tirar dos mais ricos. Começando pelos 315 bilionários brasileiros e das maiores empresas. Não vamos pagar a dívida pública. Só agora em 2022 está reservado para pagamento dessa dívida a grupos privados, a bagatela de um trilhão e 880 bilhões de reais. Com esse dinheiro daria para pagar um melhor salário mínimo aos trabalhadores, resolver problema das Educação e Saúde pública”, explicou Vera.
Júlio Flores, nome histórico do PSTU gaúcho compareceu ao evento e foi saudado pelos oradores. Cerca de 300 pessoas estiveram no local. Entre eles representações dos diretórios municipais do partido, que mandaram caravanas do interior e representantes de entidades e organizações dos trabalhadores.
Pelo Polo Socialista Revolucionário compareceram a CST (Corrente Socialista dos Trabalhadores), o MRT (Movimento Revolucionário dos Trabalhadores) e trabalhadores rurais vinculado ao Assentamento Madre Terra. Assim como o CEDS (Centro de Estudos e Debates Socialistas) e dirigentes da Tribuna Classista. Indígenas Mbyá- Guarani igualmente se fizeram representar.
Texto: Higino Barros
Fotos: Ramiro Furquim
Orçamento congelado por dez anos: aprovação antecipa campanha eleitoral no Rio Grande do Sul 5l4r3f
Por 32 votos a 13 votos, a Assembleia do Rio Grande do Sul aprovou nesta terça, 17, o Projeto de Lei Complementar 48, que o governo gaúcho apresentou em regime de urgência para atender à última exigência do Programa de Recuperação Fiscal e renegociar a dívida do Estado com a União.
Não houve surpresa no resultado.
A sessão, porém, foi histórica (pelo alcance das medidas aprovadas) e antecipou o tema central dos debates na campanha para as eleições de outubro.
Foi, a rigor, o primeiro ato da campanha para o governo do Estado em 2022, com discursos de pré-candidatos, cabos eleitorais no plenário e galerias cheias de manifestantes brandindo cartazes, atirando bolinhas de papel e cédulas com pingos de sangue na foto de Bolsonaro.
O Estado deve mais de 70 bilhões de reais ao Tesouro Federal, as parcelas já vencidas chegam a 17 bilhões.
Para renegociar essa dívida, impagável nas condições atuais, o governo estadual se submete a um arrocho financeiro sem precedentes na história do Estado, aceitando congelar seus gastos por dez anos, apenas repondo a inflação anualmente.
O PLC 48, agora aprovado a toque de caixa, foi mais uma volta no parafuso do ajuste fiscal: o teto de gastos, já imposto aos salários e ao custeio dos serviços públicos, foi estendido também aos investimentos.
Além das restrições financeiras, o governo do Estado se submete ao controle de uma Junta istrativa, para garantir o estrito cumprimento do contrato.
Esse ponto, ao implicar em perda da autonomia do Estado frente ao poder central, toca numa corda sensível do imaginário gaúcho.
Foi em reação ao centralismo que se articulou a Revolução Farroupilha, que manteve por oito anos uma república, à parte do Império brasileiro, e é um dos pilares do orgulho gaúcho, até hoje.
“Novas Façanhas”, o slogan do atual governo, inclusive, é uma referência ao hino da República Riograndense: “Sirvam nossas façanhas/ de modelo a toda a terra”.
Numa campanha eleitoral acirrada como vai ser a deste ano, a mistura desses elementos simbólicos com os efeitos concretos do arrocho salarial e do teto de gastos e investimentos pode ser fatal para o governo.
Programa de Recuperação Fiscal: um beco sem saída 413831
O acordo do governo do Rio Grande do Sul com a União, intitulado Programa de Recuperação Fiscal, vai jogar para a frente, por 30 anos, uma dívida que o Estado não tem como pagar hoje e nada indica que terá, lá adiante.
O Estado devia 9 bilhões de reais quando renegociou sua dívida com a União, pela última vez há 25 anos. Pagou mais de 30 bilhões e ainda deve mais de 60 bilhões.
Nas condições em que está renegociando, estima-se que essa bola de neve vai chegar aos 90 bilhões, apesar do imenso sacrifício exigido, além do que já vem exigindo há mais de duas décadas.
Para obter mais prazo do credor – o Governo Federal – o Estado terá que se submeter a um arrocho. sem precedentes no orçamento público.
O teto de gastos, uma das exigência do acordo, estrangula os serviços públicos por dez anos. O comprometimento da receita, para abater a dívida, jugula os investimentos.
O dinheiro das privatizações cai no sorvedouro do custeio. Ao vender empresas lucrativas como a Corsan e a Sulgás, o governo abre mão de receitas a longo pazo.
Nesse futuro de penúria, a única coisa que pode alterar a situação é um crescimento forte e continuado da receita, que depende de crescimento sustentado da economia regional.
Os ideólogos do neoliberalismo acreditam que os investimentos privados virão e vão fazer girar a roda, estagnada há quase uma década.
Não há antecedente que dê crédito a essa hipótese.
O histórico mostra que há crescimento quando há um projeto e há investimento público. E isso não há no horizonte. O que cresce no Estado é o agronegócio, que não paga impostos e dá pouco emprego.
Ter desenvolvimento com “Estado Mínimo” é uma hipótese, ou uma utopia, por enquanto, confinada aos manuais neoliberais.
O governo e seus aliados dizem que não há outro caminho.
Sim, esse foi o caminho construído ao longo de mais de duas décadas, Eduardo Leite apenas está dando o arremate.
Desde a primeira renegociação da dívida com a União, há 25 anos, apenas dois governadores, Olívio Dutra e Tarso Genro, contrariaram a lógica de tratar o problema com ênfase quase exclusiva no corte dos gastos públicos.
Entenderam que o déficit , fonte da calamidade financeira, decorre também da perda estrutural de receitas, com as desonerações, as mudanças na matriz econômica do Estado e na perda de poder político frente à União.
Olívio Dutra enfrentou a questão da Lei Kandir, de interesse da União, que isentou a soja e outros produtos de exportação. Obteve ressarcimento de pelo menos R$ 400 milhões, em valores da época.
Tarso questionou o indice que corrigia a dívida, o mais alto do mercado, e os juros bancários, num contrato entre dois entes federados. Provocou mudança no indexador e redução do juro. Conseguiu redução considerável do saldo.
Os demais governadores, desde Antonio Britto, atacaram o desequilíbrio estrutural das finanças públicas do Estado basicamente cortando custos e investimentos e vendendo empresas públicas.
Esse caminho se aprofundou quando o governador dvo Sartori, em 2017, não conseguiu mais pagar as parcelas mensais da dívida com a União.
E se tornou um beco sem saída em maio de 2022, quando a dívida vencida bate nos 16 bilhões de reais.
Lixo no lugar errado: multas chegam a mais de R$ 1 milhão por ano em Porto Alegre 86452
Em oito anos, de vigência do Código Municipal de Limpeza Urbana de Porto Alegre, aprovado em 2014, fiscais da prefeitura já aplicaram maisde R$ 9,6 milhões de multas, o que dá mais de R$ 1 milhão por ano, em média.
Desse total, apenas R$ 2,3 milhões foram pagos.
O restante, em atraso, está registrado como dívida ativa, que soma R$ 7, 2 milhões. Uma das razões é que muitas das multas são aplicadas a catadores de lixo, carrinheiros e até moradores de rua.
Os números foram divulgados pelo DMLU nesta quinta-feira, 7
Entre abril de 2014 e o mesmo mês deste ano, foram feitas 67.570 abordagens e orientações a pessoas flagradas cometendo algum tipo de irregularidade.
No mesmo período, foram aplicados 6.129 autos de infração.
As multas variam de R$ 444,26, para infração leve, até R$ 7.108,13 em caso de infração gravíssima (valores de 2022).
De acordo com o diretor-geral do Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), Paulo Marques, em contrapartida ao endurecimento das penalidades, além das coletas regulares, o Departamento oferece Unidades de Destino Certo, também conhecidas como Ecopontos que recebem, gratuitamente, materiais diversos e realiza o Bota-Fora que atende mais de 200 comunidades em vulnerabilidade social.
“Pedimos o apoio da população para fiscalização e denúncia de descartes irregulares de resíduos no sistema 156 e total adesão à separação dos materiais”, destaca Paulo Marques.
A falta da separação correta dos resíduos pela população, dividindo resíduos orgânicos e recicláveis, causa graves impactos ambientais e financeiros aos próprios moradores da Capital.
Todos os anos, quase R$ 9 milhões são gastos para aterrar resíduos com potencial de reciclagem.
“Resta saber com que humor os consumidores irão às urnas em outubro” 3m2x3a
O atual aperto monetário promovido pelo Banco Central (BC) de Roberto Campos Neto vai aceitar uma inflação mais elevada para evitar uma queda maior do Produto Interno Bruto (PIB) e o aumento do desemprego em 2022.
A projeção com os últimos aumentos dos juros, feita pelo BC, indica que a inflação este ano poderá ficar entre 6,4% e 7,1%, portanto, muito acima da meta, de 3,5% num intervalo que varia de 2,0% a 5,0%.
Na prática, os preços da economia continuarão elevados.
Resta saber com que humor os consumidores irão às urnas em outubro deste ano, quando o Brasil escolherá o presidente da República.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, o mesmo que, no Conselho Monetário Nacional, aprovou metas rígidas de inflação para o BC, adotou um conjunto de medidas para estimular o crescimento da economia e circulação da moeda, em posição aparentemente antagônica ao do seu colega Roberto Campos Neto.
Inflação, inflação, eleições à parte
O que fica evidente é que os dois acertaram os ponteiros com o intuito de usar os mecanismos de política econômica para ajudar o presidente Jair Bolsonaro a se reeleger.
Um dia após o BC fixar em 11,75% a taxa de juros e sinalizar que a mesma deve ir para 12,75% em maio, Paulo Guedes anunciou a injeção de recursos que podem chegar a R$ 150 bilhões em 2022, recursos que podem ter impacto significativo sobre o consumo, forçando a inflação para cima.
A maior parte dos recursos vem do setor privado, como a liberação de recursos do FGTS para o trabalhador, a antecipação do pagamento do décimo terceiro dos aposentados, a ampliação dos limites do crédito consignado, a linha de crédito para estimular as pequenas e médias empresas.
É um recurso que vai circular nas mãos dos trabalhadores e pessoas de baixa renda, segmento que tem muitos votos com potencial de definir quem será o próximo presidente da República.
Em tempos normais, o mercado financeiro teria uma reação de grande magnitude. Em um situação de pandemia mundial e sob reflexo da Guerra na Ucrânia, a maioria dos países adota soluções que lhes estão à mão.
É o caso dos Estados Unidos, que, diante de uma inflação de 7,5% ao ano devido a um robusto crescimento da economia no pós-Covid-19, subiu os juros para 0,5%, além de sinalizar novos aumentos na expectativa de que a inflação caia.
A diferença é que a inflação no Brasil, devido ao aumento dos preços dos combustíveis, energia elétrica e câmbio depreciado, se espalhou na economia em um ambiente de baixo crescimento. Com os novos aumentos nos juros, a inflação de 12 meses deve ceder com sacrifício do crescimento, o que significa estagnação da economia.
Com certeza haverá aumento de desemprego, depois de ter caído para 11,2% no último trimestre, o mais baixo desde 2016.
Para a Instituição Fiscal Independente do Senado Federal (IFI), a atual taxa de desemprego mais baixa esconde forte aumento da informalidade – empregos sem carteira assinada -, indicando que a trajetória pré-crise não foi retomada.
No horizonte de 2023, mais dívida
“Em 2022, a inflação deverá ficar acima da projetada atualmente pela IFI. A arrecadação de tributos pela União registrou forte elevação em janeiro na comparação com o mesmo mês de 2021. O crescimento foi de 17,8% em termos reais. Esse desempenho continua impulsionado pela inflação mais elevada e pelos preços das commodities em níveis relativamente mais altos. Também houve desempenho robusto nas receitas não istradas, que cresceram favorecidas por recolhimentos de royalties e participações de petróleo. Nos próximos meses, no entanto, o ritmo de expansão das receitas deverá arrefecer em razão do menor crescimento esperado para o PIB de 2022 em relação ao crescimento de 2021, assim como da inflação menor neste ano e das renúncias de receita adotadas pelo governo para aliviar a tributação sobre os combustíveis”, aponta a IFI, em nota técnica.
A Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) atingiu o nível de 79,6% do PIB em janeiro, menor do que os patamares apurados em dezembro e janeiro de 2021. De acordo com o Banco Central, esta redução é explicada pelo aumento do PIB nominal e por resgates líquidos de títulos realizados no primeiro mês de 2022.
Ainda segundo informações do Tesouro Nacional, o governo tem sido relativamente bem-sucedido na estratégia de alongar os prazos de vencimento dos títulos da dívida, ainda que isto esteja ocorrendo em um ambiente de aumento do custo médio do estoque e das novas emissões dos títulos da Dívida Pública Mobiliária Federal Interna. Com os novos aumentos das taxas de juros, os custos de rolagem da dívida devem subir significativamente, mas este será um problema a ser resolvido pelo próximo presidente da República que ocupará o Palácio do Planalto a partir de janeiro de 2023.
Aumento dos juros não controla inflação e tem impacto na renda e no emprego 5g39u
É duvidoso que o aumento das taxas de juros arbitrada na quarta, 16, pelo Banco Central, seja suficiente para controlar a inflação em 2022.
A dúvida está explicitada no comunicado do Copom (Comitê de Política Monetária), que aumentou em 1 p.p. a Taxa Selic.
A taxa, que ou de 10,75% para 11,75%, é a maior desde de abril de 2017, quando chegou a 12,25% – recorde que logo será superado, pois o Copom vai subir ainda mais a Selic.
O certo, no entanto, é que a economia, quase estagnada, terá uma queda acentuada, com perda de renda para os trabalhadores e aumento do desemprego.
O Banco Central anunciou um aumento de 1 p.p. de imediato na Taxa Selic e outro de mais 1 p.p. na próxima reunião em maio. O objetivo é tentar sinalizar ao mercado seu esforço de controlar os preços e buscar suavizar os impactos sobre a atividade econômica.
A taxa de juros anual a partir desta quinta, 17, a para 11,75% e, em maio, será de 12,75%, ou seja, 0,5 p.p. acima do que havia sinalizado ao mercado, que deverá ser mantida neste patamar durante 2022.
Só em 2023 é que os juros deverão cair gradualmente para 8,75%.
Quando a eleição chegar…
Os impactos destes dois aumentos de juros sobre a economia serão mais fortes nos meses das eleições presidenciais, no segundo semestre deste ano, quando o presidente Jair Bolsonaro tentará novo mandato presidencial para permanecer mais quatro anos.
Protestos contra a inflação, indicador de economia disfuncional e que atinge toda a população, sobretudo os mais pobres
A queda dos preços, o controle da inflação e a retomada do crescimento são bandeiras que seriam usadas pelo ministro da economia, Paulo Guedes, em busca de votos para seu chefe, Jair Bolsonaro.
As pesquisas eleitorais indicam que, para 43% dos eleitores, o comportamento da economia é decisivo na escolha do candidato. O tempo hoje corre contra o governo Bolsonaro.
Faltando apenas sete meses para as eleições, os efeitos monetários conseguiriam trazer os preços para baixo? A economia poderia voltar a crescer, gerando renda e empregos?
A eficácia tão necessária deste remédio amargo dos juros foi sendo minada ao longo dos últimos anos pela visão equivocada do próprio governo ao não levar a sério a questão fiscal, sem falar da instabilidade política que afugentou investidores e provocou desvalorização do real.
Hoje, faz falta ao BC um maior controle do gasto público e um câmbio equilibrado, responsabilidades do Executivo Federal. Se o comportamento destas duas âncoras fossem favoráveis, os efeitos saneadores dos aumentos das taxas de juros seriam mais rápidos para ajustar a economia.
E o FED jogando contra
O aumento da taxas de juros nos Estados Unidos anunciada na terça, 15, pelo Fed (Federal Reserve), o Banco Central dos EUA, de 0,25% para 0,50%, e com sinais de que lá os juros pedem chegar a 2,0% com os próximos aumentos, terá impacto sobre o fluxo de recursos ao Brasil.
Ao contrário de nosso País, os Estados Unidos estão com inflação de 7,5% devido a um forte crescimento da sua economia, refletindo aumento do consumo.
Federal Reserve (Fed) – Foto Reprodução/Internet
O Fed pretende retirar dólares da sua economia com emissão de títulos públicos. Os dois movimentos devem contribuir para valorização do dólar norte-americana diante de outras moedas, como o real. Isto deverá afetar os investimentos no Brasil, apesar das nossas taxas de juros nas alturas serem muito atrativas. Importante lembrar que com estes nossos juros na alturas o custo da rolagem da nossa dívida pública pelo Tesouro Nacional aumenta, assim como o estoque da dívida. O quadro agrava-se diante de um cenário fiscal deteriorado.
O que diz o BC
Veja a seguir os argumento do comunicado emitido pelo Copom no começo da noite desta quarta, 16:
A inflação ao consumidor seguiu surpreendendo negativamente. Essa surpresa ocorreu tanto nos componentes mais voláteis como nos itens associados à inflação subjacente;
As diversas medidas de inflação subjacente apresentam-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação;
As expectativas de inflação para 2022 e 2023 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 6,4% e 3,7%, respectivamente;
No cenário de referência, com trajetória para a taxa de juros extraída da pesquisa Focus e taxa de câmbio partindo de USD/BRL 5,05*, e evoluindo segundo a paridade do poder de compra (PPC), as projeções de inflação do Copom situam-se em 7,1% para 2022 e 3,4% para 2023. Esse cenário supõe trajetória de juros que se eleva para 12,75% em 2022 e reduz-se para 8,75% a.a. em 2023. Nesse cenário, as projeções para a inflação de preços istrados são de 9,5% para 2022 e 5,9% para 2023. Adota-se a hipótese de bandeira tarifária “amarela” em dezembro de 2022 e dezembro de 2023; e
Diante da volatilidade recente e do impacto sobre as projeções de inflação de sua hipótese usual para o preço do petróleo em USD**, o Comitê decidiu adotar também, neste momento, um cenário alternativo. Nesse cenário, considerado de maior probabilidade, adota-se a premissa na qual o preço do petróleo segue aproximadamente a curva futura de mercado até o fim de 2022, terminando o ano em US$100/barril e ando a aumentar dois por cento ao ano a partir de janeiro de 2023. Nesse cenário, as projeções de inflação do Copom situam-se em 6,3% para 2022 e 3,1% para 2023.
O Comitê ressalta que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Por um lado, uma possível reversão, ainda que parcial, do aumento nos preços das commodities internacionais em moeda local produziria trajetória de inflação abaixo dos seus cenários.
Por outro lado, políticas fiscais que impliquem impulso adicional da demanda agregada ou piorem a trajetória fiscal futura podem impactar negativamente preços de ativos importantes e elevar os prêmios de risco do país.
Apesar do desempenho mais positivo das contas públicas, o Comitê avalia que a incerteza em relação ao arcabouço fiscal mantém elevado o risco de desancoragem das expectativas de inflação, mas considera que esse risco está sendo parcialmente incorporado nas expectativas de inflação e preços de ativos utilizados em seus modelos. O Comitê segue considerando uma assimetria altista no balanço de riscos.
O Copom (Comitê de Política Monetária), que aumentou ontem mais uma vez a Taxa Selic, referência dos juros para todo o País, já antecipou novo aumento daqui a 45 dias – Foto: Beto Nociti / BC
Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu, por unanimidade, elevar a taxa básica de juros em 1,00 ponto percentual, para 11,75% a.a. O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a convergência da inflação para as metas ao longo do horizonte relevante, que inclui os anos-calendário de 2022 e, principalmente, o de 2023. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego.
O Copom considera que, diante de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista.
A atuação do Comitê visa combater os impactos secundários do atual choque de oferta em diversas commodities, que se manifestam de maneira defasada na inflação. As atuais projeções indicam que o ciclo de juros nos cenários avaliados é suficiente para a convergência da inflação para patamar em torno da meta ao longo do horizonte relevante. O Copom avalia que o momento exige serenidade para avaliação da extensão e duração dos atuais choques. Caso esses se provem mais persistentes ou maiores que o antecipado, o Comitê estará pronto para ajustar o tamanho do ciclo de aperto monetário. O Comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.
Para a próxima reunião, o Comitê antevê outro ajuste da mesma magnitude. O Copom enfatiza que os os futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar a convergência da inflação para suas metas, e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária.
Eleições 2022: voltar atrás é o menor desafio de Eduardo Leite 1i2m3c
O movimento dos empresários para convencer o governador Eduardo Leite a concorrer à reeleição tende a tornar-se irresistível.
O jantar desta quarta-feira que reuniu dirigentes das principais entidades de representação empresarial vai, certamente, desdobrar-se em outras manifestações e se expandir num efeito de pedra n’água.
Ficará fácil para o recuo da posição que Leite assumiu como irreversível, de não tentar um segundo mandato. Pesará nisso a delicada situação que o jovem governador se meteu por sua obstinada ambição de ser candidato à presidência da República já em 2022.
A obstinação não é recomendável em política, ainda mais se implica em se envolver numa aventura com Aécio Neves, Aloysio Nunes e outros tucanos de pouca pluma.
O PSDB está caindo aos pedaços exatamente por falta de uma liderança capaz de colocar o partido acima dos interesses particulares e eleitoreiros. Eduardo Leite pode tornar-se esta liderança. Mas o caminho é arriscado
A avaliação otimista que os empresários fazem de seu governo é questionável. Ele seguiu a risca o receituário neoliberal que o empresariado de um modo geral elevou à condição de panacéia, o remédio para todos os males. Por essa ótica, Leite avançou como nenhum outro.
No entanto, os efeitos colaterais são graves e o paciente, embora já consiga respirar sem aparelhos, ainda está na UTI. O equilíbrio das contas estaduais que ele conseguiu é instável, o sacrifício exigido do funcionalismo é enorme, grau de deterioração dos serviços públicos é gigantesco e a questão da dívida que garroteia o Estado, está longe de resolvida.
Entre outros agravantes, ainda depende do poder central, que está em mãos adversas. Neste cenário, há que levar em conta, também, a alternidade que o eleitor gaúcho estabeleceu como tradição e que já derrubou nove governadores, que tentaram a reeleição, alguns tão ou mais bem avaliados do que ele.
É um salto triplo, sem rede. Se conseguir, sua candidatura à presidência estará consagrada em 2026. Se for derrotado, terá que recomeçar do zero. O que, para quem tem 36 anos, não chega a ser uma tragédia.
Crédito foto: Gustavo Mansur/PP
Eleições 2022: Eduardo Leite e o tabu da reeleição no Rio Grande do Sul 6j3q1s
Os dez governadores que ocuparam o Palácio Piratini desde a volta das eleições diretas, há exatos 40 anos, tem algo em comum: nenhum deles fez o sucessor ou conseguiu se reeleger ao final dos quatro anos de mandato.
Mesmo aqueles que tiveram apoio incondicional dos meios de comunicação não aram no teste da urnas.
Um caso exemplar é o de Antonio Britto. Com a notoriedade que ganhou como porta-voz de Tancredo Neves, elegeu-se duas vezes deputado federal com votação consagradora e, em 1994, chegou ao Piratini cercado por uma aura de modernidade.
Sua prioridade era “governar o governo”, paralisado por uma pesada máquina pública e um déficit crônico em suas contas.
Fez cortes no funcionalismo, fechou estatais deficitárias, deu início às privatizações, renegociou a dívida pública, retomou investimentos e trouxe a primeira fábrica de automóveis para o Estado, antigo anseio dos gaúchos.
Sua reeleição era “líquida e certa” pela unanimidade dos cronistas políticos. Onze partidos apoiavam sua reeleição e seu favoritismo se confirmou no primeiro turno, em 3 de outubro de 1998.
No segundo turno, porém, os eleitores preferiram o petista Olívio Dutra, que venceu por 87 mil votos (1,52% de diferença).
Foi tal o choque que Antonio Britto não compareceu à posse de seu sucessor, alegando que continuava sendo agredido pelo adversário mesmo depois do pleito.
Esse retrospecto de quatro décadas deve estar nas ponderações do governador Eduardo Leite no momento em que ele cogita um segundo mandato. Jovem e desconhecido prefeito de Pelotas, ele se elegeu em 2018 ao arrepio da maré bolsonarista, derrotando o favorito Ivo Sartori, do MDB.
Desde o início, Leite garantiu que não será candidato à reeleição. Mas agora, no último ano de seu mandato, o governador está premido por circunstâncias que abalam sua decisão.
O plano que ele havia concebido, de apoiar o presidente da Assembleia, Gabriel de Souza, do MDB, para levar adiante seu programa de reformas está ameaçado e não há em suas hostes um nome capaz de garantir a continuidade.
Seus correligionários já fizeram chegar à imprensa a avaliação de que a única saída de Leite, para defender seu projeto é a candidatura à reeleição.
Nas mãos de um governador hostil, as tão elogiadas conquistas do seu primeiro mandato, basicamente medidas de ajuste fiscal, podem virar pó, abalando a imagem de habilidade e eficiência que ele construiu.
Por outro lado, se concorrer e perder, o que pode virar pó é o seu acalentado projeto de chegar à Presidência da República.
Governadores do RS: 40 anos sem reeleição
1982: Jair Soares /PDS
1986: Pedro Simon/MDB
1990: Alceu Collares/ PDT
1994: Antonio Britto/ MDB
1998: Olívio Dutra/ PT
2002: Germano Rigotto/ MDB
2006: Yeda Crusius /PSDB
2010: Tarso Genro/PT
2014: José Ivo Sartori / MDB
2018: Eduardo Leite/ PSDB
Dívida do Brasil cresce 12% em 2021 e chega a R$ 5,6 trilhões 615g5d
A Secretaria do Tesouro Nacional divulgou nesta quarta-feira (26) o total que a dívida pública federal atingiu em 31 de dezembro de 2021:
R$ 5,6 trilhões (Cinco trilhões e seiscentos bilhões de reais em números arredondados)
O valor inclui os endividamentos do governo no Brasil e no exterior, com bancos e fundos internacionais.
Em 31 de dezembro de 2020, o total da dívida era R$ 5 trilhões. Ou seja houve um aumento de 12%.
O crescimento no entanto é menor do que o registrado no ano anterior, 2020 em relação a 2019 ) quando o endividamento teve alta recorde de R$ 761 bilhões, impulsionado por gastos extraordinários relacionados à pandemia.
Em 2020, os gastos do governo com o combate à Covid chegaram a R$ 524 bilhões. Em 2021, esse valor caiu para R$ 109,3 bilhões.
O pagamento da dívida é o item que mais pesa no orçamento federal, representando cerca de 40% de todos os os gastos do governo, dez vezes mais do que é gasto com a saúde, como mostra o gráfico feito pela Auditoria Cidadã da Dívida.
Os gastos com educação por exemplo correspondem a 2,49% do orçamento, quase 20 vezes do que é reservado para pagar a dívida.
QUANTO PAGAMOS (JUROS E AMORTIZAÇÕES) – DÍVIDA PÚBLICA FEDERAL
EM 2019 – ATÉ 31/12
R$ 1,037 trilhões = 2,8 bilhões por DIA 13z2y
Em números exatos: 1 TRILHÃO, 37 BILHÕES, 563 MILHÕES, 709 MIL, 336 REAIS = 38,27% DOS GASTOS
EM 2020 – ATÉ 31/12
R$ 1,381 trilhões = 3,8 bilhões por DIA 2n292a
Em números exatos: 1 TRILHÃO, 381 BILHÕES, 535 MILHÕES, 271 MIL, 24 REAIS = 39,08% DOS GASTOS
QUANTO “DEVEMOS” 4bv4o
DÍVIDA INTERNA FEDERAL – DEZ/2020
R$ 6.691.938.784.495 6 TRILHÕES, 691 BILHÕES, 938 MILHÕES, 784 MIL E 495 REAIS