Edição histórica do 40° Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo com recorde de inscrições o4x6f

Duas datas deram uma conotação especial ao Prêmio Direitos Humanos de Jornalismo de 2023: os 75 anos da Declaração Universal dos Direitos do Homem e os 40 anos do próprio prêmio, instituído pelo Movimento de Justiça e Direitos Humanos e a Ordem dos Advogados RS em 1984. É hoje um dos mais antigos certames jornalísticos nacionais e um dos mais concorridos. Foram 414 inscritos este ano. s5t19

Na entrega dos prêmios nesta sexta-feira, 09, o presidente da OAB/RS, Leonardo Lamacchia, e o presidente do MJDH, Jair Krischke, destacaram importância do jornalismo na luta permanente na defesa dos direitos humanos. “Se a imprensa não tem liberdade, os direitos humanos e a própria democracia estão em perigo”, disse Krischke. 3w3a2f

Liberdade era o tema geral do concurso deste ano e a vencedora foi a jornalista Luiza Villaméa, com o livro A Torre – O Cotidiano de Mulheres Encarceradas pela Ditadura. 8d2t

COMISSÃO JULGADORA ESTABELECEU CINCO CRITÉRIOS BÁSICOS: 2g1m2y

Qualidade do texto ou da imagem; Investigação original dos fatos; Profundidade no tratamento da informação; Abordagem de temas socialmente relevantes; Valores éticos profissionais refletidos no trabalho. Os referidos critérios não serão ponderados através de notas, sendo que os trabalhos vencedores deverão refletir de forma equilibrada os cinco valores jornalísticos estabelecidos. h648

INSCRIÇÕES RECEBIDAS 6x5v4r

CATEGORIA ÁUDIO: 40
CATEGORIA ACADÊMICO: 60
CATEGORIA TELEVISÃO: 49
CATEGORIA DOCUMENTÁRIO: 16
CATEGORIA REPORTAGEM: 96
CATEGORIA G. REPORTAGEM (LIVRO): 10
CATEGORIA FOTOGRAFIA: 30
CATEGORIA ONLINE: 107
CATEGORIA CRÔNICA: 6

HOMENAGEADOS l5m50

RECONHECIMENTO

IVONE CASSOL 3zw3w

5q145w

PRÊMIO ESPECIAL “LIBERDADE” 1c351q

1º Lugar
A TORRE – O COTIDIANO DE MULHERES ENCARCERADAS PELA DITADURA
Editora Companhia das Letras – São Paulo – SP

LUIZA VILLAMÉA

 

Menção Honrosa
A ORIGEM DO DIA NACIONAL DA LIBERDADE DE IMPRENSA
LabJ (Laboratório de Jornalismo da Famecos) – Porto Alegre – RS

FRANCISCO MASCOLO GEYER DE OLIVEIRA THEO FABRICIO GIACOBBE 636we

5q145w

CATEGORIA REPORTAGEM p4f2n

1º Lugar
MUTILADOS
Jornal O GLOBO e Jornal EXTRA – Rio de Janeiro – RJ

FELIPE GRINBERG RAFAEL GALDO 4n5r4n

2º Lugar
POLICIAIS CONFESSAM CRIMES IMPUNEMENTE EM PODCASTS E VIDEOCASTS
Ponte Jornalismo – Porto Alegre – RS

FÁBIO CANATTA 3v2p1

3º Lugar
MORRE DONA VITÓRIA, NASCE JOANA DA PAZ
Jornal EXTRA – Rio de Janeiro – RJ

FÁBIO GUSMÃO 296k70

Menção Honrosa
NARCOGARIMPO AVANÇA NA AMAZÔNIA POR DROGAS, OURO E CASSITERITA
Valor Econômico – Rio de Janeiro – RJ

MARINA LANG 6g4d6z

Menção Honrosa
DE COPÉRNICO A KAFKA. OU COMO O ESTADO PUNIU OS MÉDICOS QUE REVOLUCIONARAM A SAÚDE INDÍGENA NO BRASIL: A HISTÓRIA DA URIHI
Sumaúma – Altamira – PA

MALU DELGADO 52535

5q145w

CATEGORIA TELEVISÃO e5y3v

1º Lugar
O COIOTE
Record TV – São Paulo – SP

ROBERTO CABRINI ANGÉLICA BALBIN MICHEL CURY KEILA GASPARINI ELIAN MATTE RAPHAEL MENDONÇA JAYR DUTRA LÍVIA MAJOR JULIANA CAMARGO ANA MACHADO LETÍCIA FAGUNDES DANIEL VICENTE REINALDO DANTAS CLOVIS RABELO ANTONIO GUERREIRO 585k16

2º Lugar
BARRICADAS DO CRIME
TV Globo / Fantástico – Rio de Janeiro – RJ

LUCIANA OSÓRIO SABRINA OLIVEIRA PRISCILLA MONTEIRO MICHEL FARIAS ALEXANDRE RODRIGUES ANITA PRADO LESLIE LEITÃO PAULO ADOLPHSSON RICARDO GUIMARÃES DOUGLAS LIMA ALAN CAVALCANTI SOLANGE MELGES RODRIGO CARVALHO MARCOS AURÉLIO SILVA PEDRO MENEZES RICARDO MORAES 95ic

3º Lugar
O RESGATE – SÉRIE ESPECIAL
Jornal da Record – Record TV – São Paulo – SP

ARI PEIXOTO LEOPOLDO DE MORAES PEDRO VELOSO CAMILA MORAES ROSANA TEIXEIRA YOSHIO TANAKA CLAUDIO MONOZ GUILHERME GIMENES PATRÍCIA RODRIGUES THIAGO CONTREIRA ANTONIO GUERREIRO q6k4i

Menção Honrosa
NOVA CHANCE PARA PRESOS: APAC NA CAPITAL OPORTUNIZA RESSOCIALIZAÇÃO
Record TV – Porto Alegre – RS

GABRIELA MILANEZI HENRIQUE BARCELLOS NILTON PRATES VIVIAN LEAL JULIANO SOARES NEI EPIFÂNIO PEREIRA RICARDO AZEREDO JOSÉ FERRARO ROGÉRIO CENTRONE 3f6rf

Menção Honrosa
TRANSGARIMPEIRA – A ROTA DO OURO ILEGAL DA AMAZÔNIA
Record TV – São Paulo – SP

MARIANE SALERNO LARISSA WERREN GIL SILVA AGUIAR JUNIOR CAIO LARONGA GUSTAVO COSTA 2f1t4e

5q145w

CATEGORIA ÁUDIO 1k3h1y

1º Lugar
A INVENÇÃO DA PROPRIEDADE PRIVADA
O Joio e O Trigo – São Paulo – SP

TATIANA MERLINO JOÃO PERES MARCOS HERMANSON LUÍSA COELHO NATHÁLIA IWASAWA CLARA BORGES DENISE MATSUMOTO JOÃO AMBROSIO AMANDA FLORA 40394n

2º Lugar
CASO VINI JÚNIOR – UM MERGULHO NAS RAÍZES DO RACISMO
Rádio Gaúcha – Porto Alegre – RS

RODRIGO MARTINS DE OLIVEIRA 4q142d

2º Lugar
ZILDA, HEROÍNA DAS CRIANÇAS, DOS IDOSOS, DO BRASIL
Rádio Senado – Brasília – DF

RODRIGO RESENDE i2y2d

3º Lugar
BRIGADA MILITAR: ASSÉDIO E SUICÍDIO ENTRE POLICIAIS MILITARES NO RS
Grupo Radioweb – Porto Alegre – RS

LENO FALK u47x

Menção Honrosa
FORÇA NEGRA
Jornal NH – Novo Hamburgo – RS

EDUARDO AMARAL GABRIEL RENNER 4m3r2v

5q145w

CATEGORIA ONLINE 2w6t1i

1º Lugar
EMPRESAS CÚMPLICES DA DITADURA
Agência Pública de Jornalismo Investigativo – São Paulo  

THIAGO DOMENICI BRUNO FONSECA MARIAMA CORREIA DYEPESON MARTINS ANDRÉ BORGES VASCONCELO QUADROS MARCELO OLIVEIRA AMANDA MIRANDA 416j5m

2º Lugar
CAUBÓIS DO CARBONO LOTEIAM A AMAZÔNIA
Sumaúma – Altamira – PA

CLÁUDIA ANTUNES 5o5e4e

3º Lugar
O CONTO DO BIOMA INVISÍVEL
Vós – Porto Alegre – RS

GEÓRGIA PELISSARO DOS SANTOS 1t3e2g

Menção Honrosa
ATAQUES NEONAZISTAS SE DISSEMINAM EM ESCOLAS E UNIVERSIDADES. O QUE FAZER?
O Estado de S.Paulo – São Paulo – SP

LEON FERRARI r6t1g


Menção Honrosa
SP: REGIÃO METROPOLITANA REGISTROU MAIS DE 820 CHACINAS EM 40 ANOS
EBC (Empresa Brasil de Comunicação) – São Paulo – SP

ELAINE PATRICIA CRUZ GUILHERME JERONYMO GRAÇA ADJUTO 1j416v

Menção Honrosa
MEDICINA E ABUSADORES: A QUE PONTO CHEGAMOS NA SAÚDE?
Instituto Mulheres Jornalistas – São Leopoldo RS

LETÍCIA FAGUNDES JULIANA MONACO JULIANA TAHAMTANI ANALLI VENANCIO VINÍCIUS RODRIGUES 5d65r

5q145w

CATEGORIA DOCUMENTÁRIO 2l3m4a

1º Lugar
RELATOS DE UM CORRESPONDENTE DA GUERRA NA AMAZÔNIA
Repórter Brasil – São Paulo – SP

ANA ARANHA DANIEL CAMARGOS CARLOS JULIANO BARROS FERNANDO MARTINHO CAIO CASTOR PEDRO WATANABE RAFAEL VERÍSSIMO GUSTAVO CARVALHO FERNANDO IANNI RAFAEL JYO VINÍCIUS SILVESTRE CYNTHIA GANCEV BEATRIZ VITÓRIA JOYCE CARDOSO DELPHINE LACROIX DANIEL TANCREDI CADU SILVA JÚLIA DOLCE ANA MAGALHÃES MARIANA DELLA BARBA TAMYRES MATOS 1b2t5o


2º Lugar
DESAFIOS DA IGREJA – MÁRTIRES DA CAMINHADA
TV Aparecida – São Paulo – SP

CAMILA MORAIS DIEGO ROSA l5i4y


3º Lugar
BICENTENÁRIO DA INDEPENDÊNCIA: HERÓIS E HEROÍNAS DA LIBERDADE
TV Bahia – TV Globo – Salvador – BA

HENRIQUE MENDES RICARDO ISHMAEL ROGÉRIO ARAÚJO CLERISTON SANTANA JEFTÉ RODRIGUES FELIPE TELES LEONEL ALVES EDUARDO BARBOSA ANTÔNIO RAMOS CARLOS ALBERTO ELIAS BISPO TIAGO DO CARMO RAFAEL SOEIRO LUAN FAGUNDES PAULINO SILVA ANDERSON JESUS CAMILA PIMENTEL DAVID CARDOSO RAFAEL FREITAS GEORGE LOPES AMANDA TORRES BRUNO BASTOS DANIELE CORREIA JOÃO VICTOR PEREIRA JOSEANE ARÃO MARIA ALACOQUE 5o3k8


Menção Honrosa
UNIVERSO DOS PORQUÊS
Insígnia Filmes – Porto Alegre – RS

DOUGLAS ROEHRS JANAÍNA KALSING ROSSANA SILVA 3i6816

 

5q145w

CATEGORIA GRANDE REPORTAGEM (LIVRO) 57qy


1º Lugar
MILICIANOS: COMO AGENTES FORMADOS PARA COMBATER O CRIME ARAM A MATAR A SERVIÇO DELE
Editora Objetiva – Rio de Janeiro – RJ

RAFAEL SOARES 735m6z

2º Lugar
PEDOFILIA NA IGREJA – UM DOSSIÊ INÉDITO SOBRE CASOS DE ABUSOS ENVOLVENDO PADRES CATÓLICOS NO BRASIL
Editora Máquina de Livros – Rio de Janeiro – RJ

FÁBIO GUSMÃO GIAMPAOLO MORGADO BRAGA e8r

3º Lugar
CEM ANOS DA REVOLUÇÃO DE 1923: HISTÓRIA, MÍDIA E CULTURA
Editora Sulina – Porto Alegre – RS

JUREMIR MACHADO DA SILVA ÁLVARO NUNES LARANGEIRA LARISSA FRAGA PÂMELA BECKER TAÍLA QUADROS BEATRIZ DORNELLES 376b6b

Menção Honrosa
AS MÚLTIPLAS DIMENSÕES DA POBREZA NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA NO BRASIL
Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) – São Paulo – SP

ANDRÉIA PERES MARCELO BAUER CARMEN NASCIMENTO HELOISA BRENHA RIBEIRO LILIAN SABACK MAURI KÖNIG ÉRICO MELO LUCIANE GOMIDE VITOR MOREIRA CIRQUEIRA ROBERTA FABRUZZI GABRIELA PORTILHO SÉRGIO MORAES GABRIEL MARZINOTTO JOÃO MENEZES PIETRA BASTOS s2j5r

Menção Honrosa
NÓS NÃO CAMINHAMOS SÓS – HISTÓRIAS DE ISOLAMENTO NO ANTIGO LEPROSÁRIO ITAPUÃ
Editora Sulina – Porto Alegre – RS

ANA CAROLINA OLIVEIRA PINHEIRO 1kt2t

Menção Honrosa
PAREM DE NOS MATAR
Editora RD Comunicações – Goiânia – GO

RENATO DIAS u2d2l

5q145w

CATEGORIA CRÔNICA 6z5v69

1º Lugar
DE ONDE VEM SEU PRIVILÉGIO?
Matinal Jornalismo – Porto Alegre – RS

MARCELA DONINI 3n3w4l

2º Lugar
SAI DAÍ, TÁ CHOVENDO: MEMÓRIAS DE UM REPÓRTER MORADOR DE ÁREA DE RISCO
Agência Eco Nordeste – Recife – PE

VICTOR MOURA 36676s

3º Lugar
MEU RELATO DE ABORTO
Matinal Jornalismo – Porto Alegre – RS

TATIANA RECKZIEGEL RODRIGUES 1262c

5q145w

CATEGORIA ACADÊMICO 6s4g3f

1º Lugar
BUSCARITA: A CIÊNCIA ALIADA AOS DIREITOS HUMANOS
Universidade de São Paulo – USP / Folha de S.Paulo – São Paulo – SP

BEATRIZ GATTI DE CASTRO 3f1n34

2º Lugar
TRÁFICO DE PESSOAS, EXPLORAÇÃO SEXUAL E TRABALHO ESCRAVO: UMA CONEXÃO ALARMANTE NO BRASIL
Universidade de Brasília – UnB / Agência Senado – Brasília

JEOVANA DA SILVA CARVALHO (autora)
PAOLA LIMA
MOISÉS NAZÁRIO
PILLAR PEDREIRA
3º Lugar
RESQUÍCIOS DOS MANICÔMIOS NAS MÃOS DO ESTADO
Universidade Federal de Santa Maria – UFSM – Santa Maria – RS
PAULA COLPO APPOLINARIO THAIS EDUARDA IMMIG 303i1x

Menção Honrosa
O VAZIO DA SEPULTURA
Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS/ Revista-laboratório Sextante – Porto Alegre – RS

LUCAS DOS SANTOS VIEIRA 6v4v3o

5q145w

CATEGORIA FOTOGRAFIA – TROFÉU PAULO DIAS 38b3w

1º Lugar
MUTILADOS
Jornal O Globo – Rio de Janeiro – RJ

MÁRCIA FOLETTO 5w1p72

2º Lugar
EM NOME DE ALÁ: GRUPO ISLÂMICO DOUTRINA E LEVA INDÍGENAS DO AMAZONAS PARA A TURQUIA
Metrópoles – Brasília – DF

VINÍCIUS SCHMIDT SANTOS h154

3º Lugar
EMERGÊNCIA YANOMAMI
Agência Brasil – Rio de Janeiro – RJ

FERNANDO FRAZÃO 11v1f

Menção Honrosa
CHACINA NÃO GARANTE SEGURANÇA
Plataforma 9 – Rio de Janeiro – RJ

FABIO TEIXEIRA 4f4p4o

Lula entrega as primeiras moradias na retomada do Minha Casa Minha Vida 3y6923

O presidente Lula relançou nesta terça-feira (14) o programa de habitação popular Minha Casa, Minha Vida.

Criado em 2009, o programa deixou de existir em 2020, quando Jair Bolsonaro o substituiu pelo “Casa Verde e Amarela”, com o mesmo propósito de financiar moradias populares, sofrendo alterações em diversos critérios.

Para marcar o reinício do programa, Lula fez entrega de 684 moradias em Santo Amaro, na Bahia. Nesta terça, também foram entregues residências em Lauro de Freitas (BA), Contagem (MG), Aparecida de Goiânia (GO) e João Pessoa (PB).

Nesta retomada, o programa terá os seguintes focos:

  • 50% das unidades do programa para famílias com renda de até R$ 2.640 – a chamada “Faixa 1”, que havia sido excluída no programa habitacional de Bolsonaro.
  • também vai incluir pessoas em situação de rua na lista de possíveis beneficiários da iniciativa;
  • e ainda deve ampliar o número de unidades e rees para a locação social. A medida foi criada no Casa Verde e Amarela, de Bolsonaro, para subsidiar o aluguel de unidades habitacionais.

O Minha Casa, Minha Vida é voltado para moradores de áreas urbanas com renda bruta familiar mensal de até R$ 8 mil e famílias de áreas rurais com renda bruta anual de até R$ 96 mil. O valor não leva em conta benefícios temporários, assistenciais ou previdenciários, como auxílio-doença e o Bolsa Família.

A divisão de acordo com faixas de renda é feita da seguinte forma:

  • Faixa Urbano 1: renda bruta familiar mensal até R$ 2.640;
  • Faixa Urbano 2: renda bruta familiar mensal de R$ 2.640,01 a R$ 4,4 mil;
  • Faixa Urbano 3: renda bruta familiar mensal de R$ 4.400,01 a R$ 8 mil.
  • Faixa Rural 1: renda bruta familiar anual até R$ 31.680;
  • Faixa Rural 2: renda bruta familiar anual de R$ 31.680,01 até R$ 52,8 mil;
  • Faixa Rural 3: renda bruta familiar anual de R$ 52.800,01 até R$ 96 mil.

Há 20 anos ameaças fermentam na internet 2x836


Por Tiago Lobo
No fórum Dogolachan, localizado na primeira camada da Deep Web, uma parte da internet invisível aos motores de busca como o Google, adolescentes intitulados Incels (celibatários involuntários na sua linguagem), trocam informações e pedem dicas de forma anônima. Os assuntos variam desde a compra facilitada de armas, esquemas de bombas caseiras, tipos de ácidos para agredir pessoas, até troca de conteúdo pedófilo e dicas para planejar e cometer atentados terroristas.
Há um espaço, inclusive, que funciona como um confessionário. Um “padre” responde às confissões dos usuários. Um deles pede, por exemplo, ajuda após 9 dias de celibato para se livrar do vício pela masturbação que teria o tornado “impuro”…
O fórum é terreno fértil onde apologia ao crime é rotina. De lá que partiram incentivos para tragédias que mobilizam o país desde o final dos anos 90.
Até novembro de 1999, “tiroteios em massa” não eram uma realidade no Brasil. Isso era tido como um problema da terra do Tio Sam, nada Tupiniquim.
A partir de 20 de abril daquele ano o chamado “Massacre de Columbine” inundou a pauta na imprensa internacional: dois adolescentes mataram 12 alunos  e um professor, feriram outras 21 pessoas para depois se suicidarem em uma escola do Colorado, Estados Unidos. Desde 1996 os adolescentes alimentavam um site onde compartilhavam mapas e estratégias sobre o jogo de tiro “Doom”. No final de 97 já havia conteúdo sobre como construir bombas caseiras e postagens que descreviam o ódio que a dupla sentia da sociedade.
Na noite de 3 de novembro, pouco mais de 6 meses depois de Columbine, cerca de 30 pessoas assistiam ao filme O Clube da Luta na sala 5 do cinema do Shopping Morumbi, em São Paulo. Um estudante de medicina de 24 anos começou a atirar até esvaziar o pente de uma submetralhadora, matando três pessoas e ferindo outras quatro. Ele foi imobilizado quando ficou sem munição e logo em seguida foi detido pela polícia.
Advogados de defesa, na época, tentaram alegar insanidade, o que o tornaria ininputável: alguém que não tem discernimento sobre certo e errado, e possibilitaria o cumprimento da pena em um hospital psiquiátrico. Alegaram também que ele havia sofrido influência de um jogo de tiro, o clássico Duke Nukem: não colou e ele foi condenado a 120 anos e seis meses de prisão.
Um psiquiatra contratado pela família afirmou que o jovem sofria de Transtorno de Personalidade Esquizoide (TPE), caracterizado pelo distanciamento e desinteresse no convívio social e uma gama limitada de emoções em seus relacionamentos interpessoais.
Membro de família da classe média alta de Salvador, o “atirador do shopping” começou a apresentar indícios de depressão e ideação suicida aos 13 anos: queixava-se à mãe que não tinha amigos. Aos 15, durante um intercâmbio nos E.U.A, foi mandado de volta pela família que o acolheu no exterior por conta da sua agressividade e, ao retornar, ou a agredir fisicamente os próprios pais chegando a fraturar a costela de um deles.
Por recomendação médica, foi morar sozinho em São Paulo, para ter “uma vida social independente”. Na faculdade de medicina (seguindo os caminhos do pai), ingressou como aluno brilhante e foi decaindo. Introspectivo e com reações desproporcionais às brincadeiras dos colegas foi ficando sozinho. Um professor o definiria como uma pessoa “apática, diferente”. Nas primeiras férias da faculdade tentou suicídio, depois teve que sair da pensão onde morava por agredir um colega, na sequência ameaçou o porteiro de um apartamento que os pais lhe alugavam e ou a ter alucinações.
Cinco dias antes do crime, resolveu largar a medicação psiquiátrica por conta própria e fazia uso frequente de cocaína. A polícia encontraria 37 papelotes da droga no apartamento do estudante, que não pagava o condomínio havia dois meses.
Três anos depois do julgamento, a pena foi reduzida a 48 anos e nove meses de prisão por uma tecnicalidade da legislação. Hoje ele segue preso, institucionalizado no Hospital de Custódia e Tratamento de Salvador, destinado a doentes mentais.
Logo após ser detido, policiais do 96º DP perguntaram se havia alguma namorada ou amigos para avisá-los da situação do atirador. “Eu não gosto de ninguém”, ele respondeu.
A primeira escola
A cidade de Taiúva, a 363 km de São Paulo foi o palco para o primeiro tiroteio em massa dentro de uma escola que o Brasil registra. Às 14h40min do dia 27/01/2003, um jovem de 18 anos armado com um revólver calibre 38 e 105 projéteis invadiu o pátio da sua ex-escola e disparou quinze vezes contra alunos, professores e funcionários. Após ferir cinco estudantes, zelador e vice-diretora, se matou com um tiro na cabeça. Uma das vítimas ficou tetraplégica.
O colégio estadual Coronel Benedito Ortiz, cena do crime, foi frequentado pelo atirador durante toda sua vida escolar. À época a diretora da escola, Maria Luiza Gonçalves Oliveira disse para a imprensa que eram muito amigos e que “ele nunca deu problemas, era educado, sempre andou bem vestido”.
A polícia concluiu que o atirador teria cometido o crime motivado por revolta, devido ao bullying que sofria por ter “problemas com peso”. Em 1999, segundo a diretora Oliveira, o jovem conseguiu emagrecer quase 30 quilos.
Filho único de família simples, o pai trabalhava no campo e a mãe dona-de-casa, o atirador de Taiúva era tido como bom aluno, sem problemas com disciplina e sem inimigos. Saía pouco e não tinha namorada.
Luto nacional
O caso que teve maior repercussão na imprensa e comoção pública, levando a então presidente Dilma Roussef a decretar luto nacional, teve início na manhã de 7 de abril de 2011.
Um rapaz com 23 anos, ex-aluno da Escola Municipal Tasso da Silveira, no bairro de Realengo, na zona oeste do Rio de Janeiro, invadiu a instituição armado com dois revólveres calibres .32 e .38 e abriu fogo contra alunos deixando 12 crianças mortas (10 meninas e 2 meninos) e 17 feridas. Uma sobrevivente que foi entrevistada pela TV Record logo após o crime revelou que o assassino atirava nas meninas para matar e nos meninos para ferir.
Após ser baleado na perna por um policial, o atirador se matou.
Os investigadores apuraram que a motivação seria vingança por conta do bullying que sofria. O jovem já havia chamado de “irmão”  o atirador que matou 32 pessoas na Universidade Virginia Tech, nos E.U.A., em 2007. Este último venerava os autores de Columbine. O autor do massacre em Realengo também se identificava com o atirador de Taiúva.
Ele chegou a deixar um vídeo onde dizia ter sido vítima de “bullying”. “Muitas vezes, aconteceu comigo de ser agredido por um grupo e todos os que estavam por perto debochavam, se divertiam com as humilhações que eu sofria sem se importar com meus sentimentos”, declarou em a nota suicida. Nela também havia instruções de como deveriam ser feitas a retirada de seu corpo e o sepultamento. Nenhuma pessoa “impura” poderia tocar no cadáver. Análises do computador do jovem mostraram que ele constantemente fazia pesquisas sobre terrorismo e se identificava com Osama Bin Laden.
15 dias após o massacre nenhum familiar compareceu ao Instituto Médico Legal para liberar o corpo do atirador: ele foi enterrado como indigente.
Padrões se repetem
Mesmo com um intervalo de tempo, parece que o efeito de um atentado em massa se desdobra em cascata.
Em setembro de 2011, 5 meses após Realengo, uma criança de 10 anos atirou contra sua professora e, em seguida, cometeu suicídio na escola Professora Alcina Dantas Feijão, no município de São Caetano do Sul, do ABC paulista.  O crime ocorreu às 15h50min, após uma discussão em sala de aula. A arma foi um revólver calibre .38 que pertencia ao pai da criança, um guarda civil. Ambos foram socorridos com vida, mas após duas paradas cardíacas o menino foi declarado morto às 16h50. A professora sobreviveu. Os investigadores chegaram a afirmar que o menino era “manco”, que sofria gozações dos colegas e esta seria a motivação do crime, mas abandonaram a tese.
Em outubro de 2017 um adolescente de 14 anos matou dois colegas e feriu outros quatro ao disparar uma pistola .40 da mãe, que assim como o pai, era policial militar. O crime ocorreu no Colégio Goyases, em Goiânia (GO). Segundo os colegas, o jovem era constantemente chamado de “fedorento”.
Este ano, o ataque ocorrido na escola paulista Raul Brasil, em Suzano, no dia 13 de março, deixou 10 mortos e 11 feridos, por dois jovens encapuzados que abriram fogo nas dependências da instituição. Suspeita-se que os atiradores tenham sido frequentadores do Dogolachan, onde são celebrados como heróis.

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