Recado de Lula é claro: o vice é escolha do candidato e o nome dele é Geraldo Alckmin 2s6u6d

O fato político da semana foi a entrevista do ex-presidente Lula, na quarta-feira, 19, a oito jornalistas*  da mídia alternativa. 3g5s30

Por razões óbvias, teve pouca repercussão na mídia empresarial, embora o Valor tenha vinculado a queda do dólar e a alta na bolsa, naquele dia, ao tom moderado do discurso do líder nas pesquisas para a presidência.da República.

Lula começou dizendo que não seria “uma entrevista convencional” mas “uma conversa verdadeira” , com profissionais que defenderam sua inocência quando toda a imprensa se pautava-se pela Operação Lava Jato, que o levou à prisão.

Na verdade, foi um discurso programático, de duas horas, em que o pré-candidato petista traçou as linhas gerais do governo que pretende fazer se for eleito.

E deixou um recado bem claro: ele quer ser candidato, está imbuído da missão de reconstruir o Brasil, mas só vai em condições de vencer e governar.

As perguntas, quase todas longas e cheias de voltas, ele as usou como “escada” para encadear seu bem articulado discurso e o que se viu foi um líder de massas no melhor de sua forma, aos 76 anos.

A questão do vice, que divide opiniões no PT e na esquerda, foi levantada já na primeira pergunta, de Laura Capriglione, do “Jornalistas Livres”.

Ela enumerou as razões por que uma parcela do PT e da esquerda  rechaça o nome de Geraldo Alckmin como vice na chapa de Lula: “o massacre do Pinheirinho, a repressão a estudantes, perseguição a professores, as chacinas na periferia em 2016”. E perguntou: “É possível compor uma aliança com um cara desses?”

Lula respondeu paternal: “Sinto que você construiu uma série de defeitos para poder falar do Alckmin”.  E, em tom condescendente: “Deixa eu te dizer uma coisa:  todo o mundo fala dessa questão do vice, só não têm falado do assunto o Alckmin e eu, por uma razão muito simples: o Alckmin está sem partido, ainda não se definiu e eu ainda não defini se vou ser candidato”.

Em seguida mandou o recado aos dissidentes, que rejeitam Alckmin como vice.  Explicou que não vai ser “protagonista”. Se for candidato é para ganhar e para fazer mudanças, por isso está “construindo” parcerias, entre as quais está Geraldo Alckmin.

Relatou seu relacionamento com Alckmin,  como governador de São Paulo, nos quatro anos do seu primeiro mandato de presidente: “Não tivemos nenhuma divergência, nem ele, nem eu. Foi uma relação extraordinária”.

E emendou: “Não terei nenhum problema se tiver que fazer uma aliança com o Alckmin para ganhar, nenhum problema. Vamos trabalhar em cima de um programa voltado para os interesses do povo”.

Minimizou os fatos ados e disse que  Alckmin assumiu “oposição definitiva” ao governo Bolsonaro e ao “dorismo” (do governador João Dória, pré-candidato do PSDB) e que hoje representa o PSDB social-democrata de Mario Covas, José Serra, Fernando Henrique e Franco Montoro”.

“As pessoas podem evoluir”, sentenciou. E lembrou Teotônio Villela, o senador alagoano que se tornou um símbolo da luta pelas eleições diretas em 1984.

“O Teotônio tinha uma metralhadora  para atirar nos comunistas em Maceió na época do golpe de 64… depois foi um grande líder da campanha das (eleições) diretas”.

Disse que vai ganhar as eleições com um programa definido e claro, com o qual o vice-presidente e todos os aliados vão estar comprometidos:  “Só não posso dizer que vou fazer (a aliança com o Alckmin) porque ele ainda não tem partido e o meu partido precisa definir se vou realmente ser candidato”.

Rematou o recado contando “uma  história exemplar”: a maneira  como escolheu o empresário José Alencar para vice-presidente em 2002.

Alencar dono de um grupo que tinha 17 mil funcionários estava comemorando 50 anos de vida empresarial, Lula foi convidado. “Não estava a fim de ir. Esse cara é um burguesão lá de Minas, o que vou fazer lá?”.

Acabou indo e sentindo-se deslocado na festa, mas no fim o anfitrião fez um discurso, contou sua vida e ele gostou muito do que ouviu: “Eu disse ao Zé Dirceu: achei o meu vice”.  Não conhecia o Alencar.

Segundo Lula, José Alencar, escolha pessoal sua,  foi um vice dos sonhos “Duvido, que alguém tenha a sorte que tive de ter um vice como o Zé. O Alckmin terá que ser igual ou melhor que o Zé Alencar”.

  • Entrevistadores:

Laura Capriglione / Jornalistas Livres

Luiz Nassif / jornal GGN

Mauro Lopes/ Brasil 247

José Cassio / DCM

Ivan Longo / Revista Fórum

Eduardo Guimarães / Blog da Cidadania

Rodolfo Lucena / Tutameia

Paulo Donizetti / Rede Brasil Atual e Brasil de Fato

 

Leite faz primeiro movimento para aprovar o pacote em convocação extraordinária 2b6l45

Um dia depois do recuo do sindicato dos professores, o governador Eduardo Leite apresentou sua nova proposta para a carreira do magistério, incorporando os 12,84% de reajuste do piso nacional.
Na terça-feira à tarde, em Assembleia Geral, os professores da rede estadual decidiram encerrar a greve que já durava 57 dias, sem obter garantias do governo de que o corte do ponto dos grevistas será revisto.
Nesta quarta, 15, Leite convocou a imprensa para apresentar sua proposta, a ser votada em convocação extraordinária.
O projeto muda a remuneração dos professores, que am a receber subsídio, e altera o plano de carreira, introduzindo uma nova tabela de níveis (formação dos professores) e classes (progressão).
A mudança na carreira dos professores faz parte de uma reforma istrativa que alcança todos os servidores públicos estaduais, pondo fim às gratificações por tempo de serviço e outros benefícios que são considerados conquistas do funcionalismo.
Se o pacote for integralmente aprovado, os valores pagos em triênios, por exemplo, formarão uma “parcela autônoma” e os reajustes dos próximos anos incidirão apenas sobre a tabela de subsídios. Essa parcela autônoma vai sendo absorvida pelos futuros aumentos até ser extinta.
No caso dos professores, onde se concentra a maior resistência ao pacote, até pelo histórico de mobilizações do magistério, há um ganho nos anos iniciais mas ao longo do tempo, os professores avaliam que há perdas consideráveis.
“Além de acabar com as gratificações por tempo de serviço, a proposta achata os níveis de promoção e praticamente transforma  o piso do magistério em teto salarial, ao fim da carreira”, diz uma nota técnica do PT, principal partido de oposição ao pacote.
O governador, na apresentação que fez do projeto, disse que o governo está disposto a negociar no futuro eventuais prejuízos:
“É da natureza do subsídio que faça a absorção (quando houver reajuste) dessa parcela autônoma. O que estamos propondo? Se aprova esse projeto agora e as parcelas autônomas serão discutidas no momento dos futuros reajustes”, afirmou Leite.
O governador disse que sua proposta vai implicar num impacto de R$ 350 milhões “somente no ano de 2020”.
Em dez anos, porém, o governo estima cortar  R$ 25,4 bilhões em gastos com seus funcionários. Segundo declarou o governador, a reforma da previdência estadual, aprovada em dezembro, vai contribuir com uma economia de R$ 11 bilhões.
O restante terá que vir dos sete projetos do projeto que ainda restam e que começarão a ser votados pela Assembleia em convocação extraordinária a partir de 23 de janeiro.
Propostas para o magistério
(Segundo informações da Assessoria de Imprensa)
Os professores com graduação e em início de carreira que recebem R$ 2.557 (salário básico mais completivo para chegar ao piso) arão a ganhar R$ 3.030 – um aumento de 18%.
Aqueles que têm especialização e recebem atualmente o mesmo valor de um professor com graduação arão de R$ 2.557 para R$ 3.174 – incremento de 24% – e, no caso de doutorado, mudará para R$ 3.752 – aumento de 47%.
Mudanças em 2020
O governador explicou que o novo PL dispõe apenas sobre a carreira dos professores para o ano de 2020.
“Optamos por não avançar sobre os anos seguintes para que, diante das futuras alterações no piso, as negociações sobre como serão tratadas as parcelas autônomas ocorram conforme a realidade econômica do Estado, a cada ano”, ponderou Leite.
O governador citou vantagens que o conjunto de medidas batizado de Reforma RS trará ao magistério. O projeto de lei complementar (PLC 503) já aprovado pela Assembleia estabelece novas alíquotas previdenciárias, os professores ativos deixarão de contribuir com 14% para a aposentadoria e arão a pagar, em média, de 8% a 9%.
O PLC 505, que modifica o estatuto dos servidores civis e tramita na Assembleia, prevê aumento do abono família, que hoje é de R$ 44 por dependente, para R$ 120 para quem ganha até R$ 3 mil.
Para quem recebe acima desse valor, o governo pretende extinguir o pagamento. O PLC prevê também isenção do desconto do vale-alimentação para quem ganha líquido até R$ 2 mil.
“Milhares de professores ativos, somando as medidas propostas, terão aumento de 20% a 25% na remuneração em relação ao ano ado. Estamos muito seguros de que esse é o caminho correto, porque canaliza os esforços do Estado para investir em quem está em sala de aula. Melhorando a remuneração, temos convicção de que vamos melhorar a educação como um todo no Rio Grande do Sul”, disse Leite.
 

Falta de funcionários em escola: sobrecarga de trabalho, acúmulo de funções e adoecimento 4o4v1x

“Me sinto muito cansada, já teve dias em que chorei de dor. Mas não tenho como deixar de ajudar meus colegas a atender as crianças”, conta Neila Winck, funcionária da escola Vera Cruz, situada no bairro Glória, em Porto Alegre. Além do trabalho de limpeza da instituição, ela auxilia na cozinha, lavando a louça e servindo as refeições, e faz o trabalho que seria de um monitor, cuidando as crianças na hora do recreio e na entrada e saída de pessoas na escola.
O acúmulo de funções tem se tornado rotina entre os funcionários(as) de inúmeras escolas da rede estadual. As instituições carecem de profissionais em cargos essenciais como servente, merendeira, manutenção e monitor(a), reflexo da não realização de concurso público. O último foi realizado em 2014 e não contemplava os cargos de merendeira e servete. Para estes, o último certame foi realizado durante o governo Olívio Dutra.
Colega de Neila, a merendeira Noeli Ferreira conta que está há quatro meses sozinha no refeitório, contando com a ajuda dos demais profissionais para conseguir dar conta da demanda diária de trabalho. “Tenho que fazer a comida, servir, lavar a louça e deixar a cozinha em ordem. Muitas vezes não dá tempo nem de tomar um copo de água. No final do dia estou muito cansada”, afirma.
Vendo a sobrecarga de trabalho das funcionárias da escola em que estuda, a aluna Eduarda de Oliveira Rodrigues, de 13 anos, não pensa duas vezes em ajudar. “Vejo que ela está sozinha tendo que fazer a comida e limpar tudo, então eu ajudo, não custa nada”, diz enquanto limpa as mesas do refeitório.
A vice-diretora da instituição, Fernanda Groth, conta que a escola, que atende a 485 alunos, está com falta de uma merendeira, um monitor e um profissional para o setor financeiro, além da falta de supervisor(a), orientador(a) e professor(a) de matemática.

“Essa situação é muito ruim, porque acabamos deixando de lado outras demandas importantes. Por ajudarem em outros setores, nossos professores ficam, muitas vezes, sem um minuto de intervalo. Alguns pais procuraram a Seduc para exigir providências, mas eles só dizem que não tem pessoal para mandar no momento e que o processo é demorado”, expõe Fernanda.
Sobre a falta de professores(as), a saída encontrada foi a de revezar o atendimento aos alunos, liberar ou mandá-los para o pátio. “A diretora às vezes dá atividades, mas ela é professora de séries iniciais. Alguns professores de área dão aulas em duas turmas ao mesmo tempo também para suprir a falta”, detalha.
Desvio de função
Para Sônia Solange Viana, diretora do ERS e coordenadora do Departamento de Funcionários de Escola, profissionais que atuam em funções diferentes daquelas para as quais foram contratados colocam a saúde em risco para suprir falhas do Estado.
“Fornecer merenda de qualidade, manter a escola em boas condições de limpeza e manutenção são responsabilidades do Estado. Enquanto o atual governo desrespeita e invisibiliza funcionários, eles assumem o fardo de garantir que toda a comunidade seja bem atendida. É injusto e cruel”
Governo sinaliza concurso para professores(as), mas esquece dos funcionários(as)
Após as denúncias do ERS sobre a falta de professores(as) terem eco na mídia, o governo Eduardo Leite enviou para a Assembleia Legislativa um projeto para autorizar a contratação emergencial de 5 mil educares(as), além de sinalizar para a realização de concurso público a partir de 2020. Porém, em nenhum momento foi mencionada a gritante falta de funcionários de escola.
Dados preliminares do questionário lançado recentemente pelo ERS para mapear as necessidades das escolas já apontam para o tamanho da insuficiência de funcionários(as). Nas 204 escolas que responderam até a manhã de segunda (26), há carência de 429 profissionais.
No interior e na capital, o cenário é de desrespeito e exploração
“O trabalho está puxado. Tem dias que tem um monte de as pesadas para lavar e não tenho ajuda alguma. Além de fazer a merenda, limpo toda a cozinha, as salas de aula e os banheiros. Chego em casa com muita dor porque não tenho um minuto de descanso”, desabafa uma funcionária de escola do município de São João do Polesine, que pede para não ser identificada por receio de que a denúncia possa levar à perda do seu contrato.
Ela conta ainda que não são poucas as vezes em que os(as) alunos(as) acabam auxiliando na manutenção da limpeza da escola. “Eles ajudam varrendo a escola, por exemplo, enquanto eu vou recolhendo o lixo, limpando as classes e os quadros”, exemplifica.
Um levantamento feito pelo 6º Núcleo do ERS, sediado em Rio Grande, aponta que faltam 57 funcionários nas escolas de abrangência da região, sendo 26 serventes, 22 merendeiras, 6 monitores e 3 secretários. O núcleo também compreende os municípios de Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, São Jose do Norte e Chuí.
Levantamento feito pelo ERS está mapeando as necessidades das escolas
Além da carência expressiva de professores(as) e funcionários(as) de escola, o questionário elaborado pelo ERS também busca identificar problemas estruturais e istrativos, além de escolas ameaçadas de fechamento, turmas reduzidas ou com multisseriação e outras estratégias utilizadas pelo governo que prejudicam a qualidade da escola pública e o processo pedagógico.
Os dados serão compilados e utilizados para divulgar a real dimensão dos problemas da rede estadual de educação. O formulário permanece aberto para receber novas respostas e pode ser preenchido abaixo ou pelo link. 
(Com informações do ers)